Segundo Wanderley Cintra Jr, psicólogo especializado em comportamento no trabalho, o sucesso de um líder está no brilho de seus colaboradores
O líder é responsável por unir os talentos de seus colaboradores, direcionando-os para o melhor resultado. Entretanto, esta posição jamais pode ser confundida com protagonismo, como explica Wanderley Cintra Jr, psicólogo especializado em comportamento do trabalho.
Segundo ele, a função do líder é predominantemente de suporte, ou seja, de impulsionar a equipe, muitas vezes em detrimento de seus resultados individuais.
“Uma liderança narcisista, que só pensa em si, não tem como dar certo. O gestor precisa, acima de tudo, priorizar os objetivos da empresa e do seu grupo”, afirma.
Para ilustrar, Cintra utiliza uma fala do Papa Francisco: “Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos; o sol não brilha para si mesmo”. “Ou seja, o sucesso de um líder está no brilho dos seus colaboradores, e não em si próprio”, explica.
O psicólogo ainda acrescenta que, na posição de gestor, é importante que o profissional se mostre como parte integrante do grupo, que trabalha com e para todos: “Às vezes, identificamos esse comportamento egocêntrico inclusive na forma com que a pessoa fala. ‘Eu fiz’ ou ‘a minha ideia’, sempre colocando o ‘eu’ a frente do ‘outro”.
Como lidar
De acordo com estudo da consultoria global Gartnet, 78% dos profissionais não conversam com seus líderes ou não se sentem encorajados a opinar no ambiente de trabalho. Isso ocorre pois, como ocupam um cargo de autoridade, muitos gestores priorizam seus desejos, impossibilitando qualquer canal de diálogo entre a equipe.
Para Cintra, o primeiro passo do deve, antes de tudo, saber lidar com seus colaboradores, promovendo o entrosamento entre todos e, dessa forma, criando um ambiente confortável e saudável.
“O diálogo é vital. Por isso, é preciso aplicar uma cultura de feedback dentro da empresa, que possa ser feito de forma franca entre o líder e seus liderados e vice-versa, onde todos possam corrigir seus erros e potencializar os resultados da equipe”, diz.
Sendo assim, é importante que o gestor construa uma relação horizontalizada com seu grupo, em que ele também se coloque como passível ao erro. “Um líder vulnerável também escuta mais, dá atenção aos seus liderados e se arrisca com maior frequência. Sem riscos, não há evolução”, afirma.
Isso não significa que não deva haver cobranças, mas a cultura de resultados não pode ser imposta com demasiada pressão. “A cobrança dos gestores precisa ser sutil para não desestimular seus liderados. Também é importante a presença de feedbacks positivos, que invistam na valorização pessoal daquele profissional”, finaliza.