Estratégias essenciais para superar o esgotamento e revitalizar a liderança corporativa com uma abordagem humanizada e focada no desenvolvimento de equipes.
Iane Parente – especialista em gestão de pessoas, diretora pedagógica e de conteúdo do CIS Assessment.
Vivemos uma crise: de um lado, profissionais cada vez mais desinteressados em assumir posições de liderança; do outro, líderes cansados e à beira do burnout, que já atinge cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros, de acordo com a ISMA-BR (International Stress Management Association). O caminho para resolver essa crise de liderança passa por uma gestão humanizada, tanto para os liderados quanto para os próprios líderes. A seguir, compartilho cinco princípios que irão ajudá-lo a engajar seus colaboradores, de forma que eles possam dividir o peso que hoje sobrecarrega as lideranças.
- Conheça seus liderados. Pense nos cinco colaboradores com quem você mais interage. Você saberia dizer quais são as ambições de cada um? E suas maiores habilidades? Muitos líderes estão sobrecarregados simplesmente por não terem clareza real do potencial e das ambições de cada colaborador — informações que hoje podem ser facilmente mapeadas por meio de análise de perfil comportamental. Ou, pior, desestimulam a ambição do funcionário, especialmente se ela está fora da empresa. É cada vez mais raro encontrar colaboradores que permanecem 20 anos no mesmo negócio. Se não aprendermos a encorajar os sonhos dos liderados, mesmo aqueles que teriam potencial para construir uma carreira na empresa não se sentirão motivados a permanecer nela.
- Mantenha um diálogo constante com seu time. Na Febracis, praticamos o conceito de “liderança pupila”, criado por Paulo Vieira. O líder precisa estar próximo ao liderado a ponto de enxergar a pupila de seus olhos — independentemente de esse acompanhamento ser presencial ou remoto. Liderança pupila é definir as prioridades da semana com o colaborador; é dar segurança emocional para que ele possa relatar quando errar; é identificar quando ele está sobrecarregado e redistribuir as demandas; é enxergar o ser humano do outro lado, que pode ter passado a noite em claro com um filho doente. Se você quer um colaborador com quem a empresa possa contar, ele precisa sentir que pode contar com a empresa também. E para ele, você é a empresa.
- Saiba distinguir o que é realmente essencial. Sabe aquela sensação de que você passou o dia inteiro ocupado, mas não avançou em nada? Ela vem da falta de clareza nas prioridades. Boas ideias surgem a todo momento, e se você não desenvolver a capacidade de diferenciar o que é realmente importante para o resultado do negócio do que é apenas mais uma tarefa, vai passar o dia inteiro ocupado apagando incêndios. Greg McKeown dedicou um livro inteiro para explicar essa premissa, no best-seller “Essencialismo”. A dica aqui é se perguntar: de todas essas ações, qual é a mais importante para atingirmos o resultado? É uma pergunta simples, que fará você e sua equipe produzirem muito mais com menos esforço.
- Treine seu colaborador para que ele seja melhor do que você. Muitos líderes estão estagnados profissionalmente por serem incapazes de abrir mão de fazer as tarefas à sua maneira. Preferem se sobrecarregar com atividades operacionais quando deveriam treinar seus colaboradores para executá-las. Geralmente, isso é reflexo de um líder inseguro, que não entendeu que seu papel é treinar o time para que faça melhor que ele. A falta de treinamento impede, inclusive, a formação de novas lideranças, prejudicando toda a cadeia, desde o CEO até a operação. Sem sucessores treinados, promover você será um risco para o negócio.
- Tenha uma vida sistêmica. Talvez o que falte para você produzir mais como líder seja cuidar mais de si mesmo, não só pelo seu próprio bem, mas também pelo exemplo dado aos colaboradores. Um dos maiores motivos da crise de liderança que vivemos é que o preço de liderar parece alto demais. O que o colaborador vê é um líder cansado, sem tempo para a família, para lazer e até para cuidar da própria saúde — muitas vezes, vivendo à base de remédios. Se houve uma época em que ser workaholic tinha certo sex appeal, hoje os profissionais se atraem muito mais por palavras como home office ou benefícios flexíveis. Cada vez mais as pessoas querem “trabalhar para viver” e não “viver para trabalhar”. Se o colaborador olha para você e sente pena, ele nunca vai querer ocupar a sua cadeira. Isso é um grande limitador para o seu crescimento e para o da empresa também. Que tal começar a respeitar seu próprio tempo de descanso?