Colunista – Erica Castelo é CEO da The Soul Factor, empresa de Executive Search sediada nos EUA e especializada em encontrar talentos para organizações multinacionais, digitais ou em transformação digital. Ela possui especialização em Design Thinking pela Stanford University Graduate School of Business, MBA em Marketing pela ESPM e formação em Administração pela FGV.
Novos contextos no ambiente de trabalho, prioridades do negócio, novas tecnologias a serem adotadas em caráter de urgência, recrutamento e onboarding remotos revolucionaram a maneira como a empresa percebe os talentos. Antes ainda da COVID-19 ter se tornado uma pandemia, o World Economic Forum já apontava uma necessidade de revolução na requalificação das pessoas.
Dentro dessa transformação gigantesca do mercado de trabalho, o fator aprendizado ganhou nova importância e roupagem. Agora, mais do que apenas entender os diferentes “estilos de aprendizagem”, (como por exemplo o visual, versus aditivo etc.) as organizações precisam entender o que as pessoas fazem para aprender continuamente.
A competência do “lifelong learning” (aprendizado ao longo da vida) será a real vantagem competitiva para as pessoas e consequentemente para os negócios. Candidatos e colaboradores que consideram continuamente atualizar e desenvolver seus skills serão os motores da alta performance, principalmente a longo prazo. Qual empresa não quer essa sustentabilidade?
Para isso, esqueça a antiga visão de que o aprendizado só existe via escolas tradicionais. Cada indivíduo pode ter seu “como” no aprendizado, uma combinação de fontes que compõem um sistema de atualização, desenvolvimento e compartilhamento de conhecimentos e habilidades.
Seguramente estamos falando de uma das competências mais vitais a serem investigadas em um momento de entrevista, por uma questão bastante lógica: a capacidade de aprender dirige a performance futura. Enquanto as entrevistas tradicionais apenas se focam nas conquistas e qualificações do passado, é preciso manter o olho na performance futura. Ou seja, é necessário observar se o candidato consegue construir seu próprio sistema de aprendizado de maneira sistemática e intencional. Esse é o grande ponto.
Para trazer essa reflexão toda de maneira pragmática, seguem questões a serem aplicadas dos dois lados da moeda: para quem emprega e para quem é candidato.
Começando sob a ótica do empregador, vale lembrar que respostas convincentes a essas perguntas indicarão os níveis de curiosidades, organização e metodologia para aprender (e o apetite de cada candidato a isso).
Perguntas a serem feitas pelo entrevistador:
– “De que forma você aprende?”?
Seja inclusivo e aberto em relação ao que conta como aprendizado. Isso se relaciona a uma apreciação que pode ser cultural, social ou diferenças pessoais. Além disso, precisamos reconhecer que o universo de conteúdo por meio dos quais podemos aprender hoje se ampliou imensamente: cursos on-line, podcasts, livros, músicas, filmes, conversas, reflexões, memórias, interações com pessoas e tantas outras frentes. Como o candidato faz uso de tudo isso sem se sobrecarregar? Como identificar o que é relevante, divide e digere de maneira a aprimorar seu contínuo desenvolvimento e performance ao longo do tempo?
– Pergunte ao candidato sobre algo que ele aprendeu recentemente e como poderia aplicar esse conhecimento na função para a qual você o está considerando.
Se você é um candidato:
Pergunte sobre a cultura de aprendizagem e as facilidades para aprender na empresa. Isso ajudará a entender mais sobre o ambiente em que você pode estar entrando e ajudará a demonstrar seu interesse em aprender ao seu empregador em potencial.
Não espere ser questionado sobre como você aprende. Ofereça sua resposta convincente no momento certo da conversa.
Reflita e esteja preparado para responder a todas e quaisquer perguntas acima no momento da sua entrevista.
O mundo e o trabalho estão mudando numa velocidade nunca imaginada. As habilidades necessárias para que se possa navegar com sucesso nesse novo ambiente também se movem com a mesma rapidez, por isso, precisamos focá-las de maneira mais inteligente e nítida. Saber buscar o que precisamos de forma proativa, persistente e metódica. Uma maneira de faz\er isso é perguntando a nós mesmos e aos outros: de que forma você aprende?