Como experiências fora da sala de aula estão moldando profissionais mais adaptáveis, criativos e preparados para os desafios do futuro do trabalho.
Por Ana Paula B. Lehmkuhl – Chief Human Resources Officer
Aprender deixou de ser algo restrito à sala de aula ou a treinamentos formais. O conhecimento se espalha, se conecta e se transforma nos mais variados contextos – dentro e fora do trabalho.
Nesse cenário, o conceito de Lifewide Learning vem ganhando força no mundo da educação corporativa.
Trata-se de uma nova lente sobre o desenvolvimento humano. O Lifewide Learning reconhece todas as experiências da vida – formais e informais, profissionais e pessoais – como oportunidades legítimas de aprendizado.
Liderar um projeto voluntário, aprender um novo idioma por hobby ou até gerenciar a rotina familiar: tudo isso ensina, transforma e potencializa competências.
Lifewide x Lifelong: o que muda?
Enquanto o Lifelong Learning foca na dimensão do tempo – aprender durante toda a vida –, o Lifewide Learning enfatiza a amplitude: aprender em todos os espaços e papéis que desempenhamos. São abordagens complementares, que juntas formam uma visão holística e contínua do desenvolvimento humano.
Como define o professor Norman Jackson, um dos principais estudiosos do tema, o Lifewide Learning é a aplicação prática do aprendizado contínuo.
Ele amplia o alcance da aprendizagem, permitindo que talentos floresçam em qualquer ambiente – seja na empresa, em casa, na comunidade ou em projetos paralelos.
Por que o Lifewide Learning importa?
Num mundo onde carreiras são menos lineares, habilidades se tornam obsoletas rapidamente e a adaptabilidade virou competência-chave, as empresas precisam promover culturas de aprendizado vivo. É nesse contexto que o Lifewide Learning se torna um diferencial.
Segundo estimativas do mercado, cerca de 20% do conhecimento técnico se deprecia por ano sem atualização.
Isso significa que esperar apenas por treinamentos formais não basta. Profissionais que aprendem de forma autônoma e em múltiplos contextos mantêm-se atualizados, motivados e preparados para os desafios.
Além disso, colaboradores que vivenciam experiências diversas desenvolvem competências valiosas como empatia, criatividade, colaboração e resiliência – atributos difíceis de ensinar, mas poderosos quando aprendidos na prática.
O que as empresas estão fazendo?
Organizações inovadoras vêm incorporando o Lifewide Learning em suas estratégias de desenvolvimento, como:
● Programas de job rotation e voluntariado corporativo, que ampliam a visão de negócio e desenvolvem soft skills em contextos não tradicionais;
● Espaços de aprendizagem informal, como clubes de leitura, rodas de conversa e mentorias cruzadas, que incentivam trocas espontâneas de conhecimento;
● Políticas de tempo dedicado ao autodesenvolvimento, como o famoso “20% do tempo” do Google, que estimulam a curiosidade e a inovação.
Essas iniciativas mostram que aprender pode (e deve) acontecer em qualquer lugar – basta que a cultura organizacional reconheça e valorize essas oportunidades.
Lifewide Learning no centro da cultura organizacional
Adotar o Lifewide Learning não exige grandes orçamentos, mas sim uma mudança de mentalidade. Significa encorajar as pessoas a trazerem seus conhecimentos para o trabalho, reconhecer que o aprendizado acontece a todo momento e criar espaços para que ele floresça.
Para os profissionais de RH, T&D e liderança, isso representa um convite: transformar o local de trabalho em um ecossistema de desenvolvimento contínuo – mais fluido e mais conectado com a vida real.
Afinal, se cada colaborador é um aprendiz múltiplo, é papel das organizações permitir que esse potencial se manifeste plenamente.