Entre gritos, culpas e aprendizados, um relato sincero sobre a maternidade real — aquela que não cabe nos filtros, mas transborda amor e humanidade.
Colunista Mundo RH, Lilian Giorgi, sócia-diretora de recursos humanos na A&M
A maternidade nunca foi um conto de fadas para mim. Sou mãe do Pedro, 17 anos, e do Miguel, 16 — dois adolescentes que, como qualquer ser humano, me testam, me ensinam e, sim, me deixam exausta muitas vezes. E sabe o que mais? Eu erro. Erro muito.
Não sou a mãe paciente que vemos nos filmes. Já gritei, já me arrependi, já me senti culpada por não ter a resposta certa na hora certa. Já deixei a frustração falar mais alto, já me perguntei se estava fazendo tudo errado. E, mesmo assim, amo meus filhos com toda a minha imperfeição.
A adolescência é um turbilhão, e nem sempre sei como lidar. Um quer independência, o outro quer atenção, e eu, no meio disso tudo, tento equilibrar autoridade e compreensão — muitas vezes tropeçando no caminho. A culpa é uma companheira frequente. Será que eu deveria ter trabalhado menos? Dado mais limites? Menos limites? Escutado mais? Às vezes, parece que não importa o que eu faça, a dúvida sempre aparece.
Sou muito mais do que mãe — tenho meus sonhos, minhas frustrações, meus dias de cansaço extremo em que só quero ficar em silêncio. E isso não me faz menos dedicada.
Mas por que admitir isso é importante?
Porque acredito que a maternidade real precisa ser compartilhada. Quando fingimos que tudo é perfeito, perpetuamos um padrão impossível. Mas, quando assumimos nossas falhas, mostramos que não existe mãe perfeita — só mães que tentam. E quando mostramos que pedir desculpas não nos enfraquece, ensinamos nossos filhos que errar é humano e que cuidar da nossa saúde mental não é luxo — é necessidade.
Acredito que todo dia é uma nova chance de acertar (ou pelo menos de não repetir os mesmos erros). Busco ser mais paciente, mais presente, mais justa. Mas também busco ser feliz, porque sei que só posso cuidar deles se também cuidar de mim.
Neste Dia das Mães, celebro todas nós: as que choram no banho, as que duvidam, as que se reinventam todo dia. Porque ser mãe é difícil, é cansativo, é desafiador — mas também é a maior lição de amor e humildade que a vida pode dar.
Pedro e Miguel: eu amo vocês, mesmo quando erro. Obrigada por me ensinarem a ser melhor, mesmo sem querer.