Meu maior objetivo é abrir portas para pessoas de todas as classes sociais, fomentando Diversidade & Inclusão na companhia
Por Carol Dias, Diretora de RH na Kraft Heinz e Colunista Mundo RH
É com um misto de orgulho e curiosidade que hoje escrevo esse artigo, meu primeiro enquanto Diretora de RH na Kraft Heinz Brasil. Orgulho por estar nesse lugar que me dá a oportunidade de realizar sonhos antigos, e curiosidade quando penso sobre o que me trouxe até aqui e o que será que as pessoas dessa coluna esperam de mim. Então para começar essa nossa jornada junto quero compartilhar um pouco da minha trajetória, já que teremos muitas trocas daqui pra frente nesta coluna no Mundo RH.
Acabo de completar 33 anos e sou de Campinas, formada em Psicologia pela Universidade São Francisco. É difícil falar de mim sem falar da minha família: minha mãe é uma mulher negra que trabalhou como doméstica e depois arriscou empreendendo e meu pai se aposentou como servidor público. Ambos sempre tiveram um incentivo em comum na minha criação: que eu estudasse e me dedicasse. Essa é a minha base.
Assim como muitos brasileiros, eu entrei no mercado de trabalho por necessidade e não para conquistar sonhos profissionais. Meu objetivo era contribuir dentro da minha casa, para a minha família. E só com o passar do tempo, fui percebendo que o meu propósito era comum ao de diversas pessoas que trabalham em grandes organizações e me apaixonei.
Já passei por experiências diversas nas empresas em que trabalhei com pessoas não tão legais, mas tive a sorte de conhecer líderes que me incentivaram a procurar companhias modernas e aceleradas, abertas a ouvir meus questionamentos. Eu sempre confrontei atitudes com as quais não concordo, ao ponto de ouvir que eu era “muito pra frente”. O oposto aconteceu em Kraft Heinz: já nos primeiros meses fui incentivada a confiar em meu ímpeto transformador e questionador.
Comecei na companhia há cinco anos, como Coordenadora de Talent. Uma das iniciativas que mais me orgulha foi quando promovemos mentorias “às cegas”, colocando profissionais do alto escalão da empresa para conversar com jovens de comunidades de São Paulo e do Rio de Janeiro sem saber de suas origens.
E o resultado foi incrível, tanto para os executivos que passaram a conhecer realidades distintas, sem a barreia da discriminação, quanto para alguns dos jovens que foram contratados e seguem brilhando na companhia, liderando projetos incríveis e nos ajudando a consolidar a diversidade de nossa cultura organizacional. Esse foi um pontapé inicial, para que hoje eu possa dizer com toda certeza que conseguimos tornar mais inclusivos todos os processos seletivos da Kraft Heinz no Brasil.
Acredito que a vontade de crescer e se desenvolver profissionalmente vale muito mais do que apenas ter faculdades renomadas no currículo. É o potencial individual que me interessa. Não à toa, passei a me dedicar para aprender mais sobre os recortes de diversidade na nossa sociedade. O racismo, por exemplo, é uma questão que me atravessa, pois por mais que eu tenha a pele branca e nunca tenha sofrido, minha mãe sempre sofreu.
O crescimento em minha carreira nunca foi meu objetivo, sempre foquei em buscar justiça e transformação. Contudo, conforme fui crescendo hierarquicamente, entendi que quanto mais poder de tomada de decisão eu tivesse, mais poderia causar impactos positivos. E com isso minha ambição se tornou maior. Além da agenda de inclusão, como diretora de RH quero fomentar a digitalização dos processos e a orientação para dados, liderar projetos que gerem impactos sociais positivos, aumentar o engajamento dos colaboradores e gerar impacto para o mundo.
Encerro essa primeira coluna com o desejo genuíno de incentivar os profissionais de RH a também valorizarem as diferenças em seus times e a manterem a mente aberta para novas formas de reconhecimento e retenção de talentos, já que o mercado está sempre de olho nos grandes profissionais. Falaremos sobre isso em breve!