Processo reduz a chance de ocorrência de fraudes, roubos, assédios e problemas trabalhistas
O ambiente corporativo está num processo de transformação diante dos fatos noticiados diariamente na mídia que, juntamente com a nova lei anticorrupção brasileira, tem contribuído para as companhias iniciarem seus Programas de Compliance. Mesmo tal iniciativa podendo ser decorrência do medo da lei e de eventuais punições, os colaboradores colhem efeitos positivos desta mudança de postura das instituições.
Mas, para as consequências serem realmente sentidas pela sociedade, os princípios da nossa legislação alcançam um patamar mais elevado: o foco é a integridade e não apenas o cumprimento das regras. Assim, já podemos observar alguns empresários aderindo ao movimento de fazer o certo sempre, independentemente da existência de leis ou normas, ou seja, com o desejo genuíno e não por imposição. Assim, tais empresas estabelecem um Mecanismo de Integridade e não um Programa de Compliance. Nessa direção, consolidam 4 elementos primordiais:
- O primeiro é justamente a existência do desejo da empresa e de seus dirigentes em fazer o certo, disseminando, pelo exemplo, a cultura da ética e da integridade.
- O segundo é a ação direta para prevenção, envolvendo todos os funcionários, com comunicação e treinamentos regulares, baseados num código de conduta, políticas e procedimentos criados para mitigarem os riscos de ocorrência de ilicitudes.
- O terceiro refere-se à detecção, pois, se algo indesejado acontecer, a empresa estará apta para identificar o ocorrido. Como o Canal de Denúncias é o meio mais efetivo para isso, a empresa compromete-se em apurar toda e qualquer suspeita.
- Finalmente, o quarto elemento destina-se à correção e remediação. Ou seja, se eventual irregularidade for comprovada, assegura-se o seu tratamento adequado, inclusive, se for o caso, com a adoção de medidas disciplinares, independentemente do nível hierárquico do envolvido.
Ao implementar um Mecanismo de Integridade verdadeiro, emerge naturalmente um controle social, onde as próprias pessoas ajudam na manutenção de um ambiente limpo e saudável, gerando benefícios imediatos a todos. Reduz-se a chance de ocorrência de fraudes, roubos, assédios e problemas trabalhistas e, portanto, a imagem e a reputação da empresa são fortalecidas, tornando o clima organizacional muito mais agradável. O reconhecimento dos funcionários e dos potenciais candidatos é rapidamente sentido.
Estabelece-se, então, uma receita infalível para a atração e retenção de talentos!
Quem não se sentiria feliz ao trabalhar numa empresa que privilegia a ética e integridade? Nessa organização, não haveria espaço para assédio sexual, assédio moral, fraudes, ausência de meritocracia, problemas trabalhistas, discriminação, bullying, retaliações, favorecimentos indevidos, corrupção, lavagem de dinheiro, entre outros. E, se mesmo assim, alguém tentar cometer uma irregularidade, o canal de denúncias assegura aos colaboradores, de forma anônima e sigilosa, um veículo de comunicação rápida e a forma adequada para deter e evitar a deterioração desse ambiente.
O bom profissional, que almeja uma carreira sólida e bem-sucedida, não irá correr o risco de manchar o seu currículo e desperdiçar a sua vida numa empresa com reputação duvidosa. Assim, o Mecanismo de Integridade efetivo deve ser elemento chave para a escolha desse profissional, num futuro bem próximo. Portanto, se a sua organização ainda não o adotou, ajude os seus gestores a enxergarem essa oportunidade. É bom para a empresa, para os colaboradores e para o Brasil.
Por Wagner Giovanini, especialista em compliance e ex-diretor de compliance da Siemens América Latina