Queda do desemprego, aumento do uso da inteligência artificial e principais modelos de contratação. Saiba quais os mitos e verdades para o mercado de trabalho de 2023
O Brasil é o país do G20 com maior queda na taxa de desemprego – recuou de 13,1% para 8,9% no último ano. Segundo dados do IBGE, 9,5 milhões de brasileiros estão em busca de oportunidades de trabalho.
Esta taxa é a menor desde julho de 2015, o que aponta para recuperação do mercado de trabalho. No entanto, especialistas apontam que esta tendência favorável não deve se manter em 2023.
Segundo Rodolpho Tobler, pesquisador e economista do FGV-IBRE, quem ditará o ritmo da recuperação é a atividade econômica. “A perspectiva é de crescimento econômico muito fraco e, até no final de 2022, o mercado pode ter reação mais lenta”, disse, em entrevista à CNN.
Não é uma tendência somente nacional. A perspectiva é que a economia global perca o fôlego, o que trará altas taxas de juros ao Brasil. Por isso, a expectativa é que o desemprego volte a crescer – segundo a LCA Consultoria, pode terminar 2023 em 9,1%
Ou seja, garantir um emprego em 2023 pode ser uma tarefa desafiadora. E, por isso, é necessário conhecer os mitos e verdades do mercado de trabalho para receber aquela proposta atrativa.
O trabalho remoto veio para ficar?
Mito. Segundo a consultoria global Korn Ferry, 85% das empresas adotaram o home office durante a pandemia de Covid-19. Apesar da expectativa de muitos na época era de que o modelo se consolidasse, a realidade é outra.
Segundo estudo realizado pelo Vagas For Business, o trabalho remoto é desejado por apenas 24,26% dos trabalhadores. No entanto, o modelo de trabalho preferido é o híbrido, apontado por 43,15% dos profissionais como ideal – o motivo, segundo a pesquisa, é o desejo de ter interações presenciais com os colegas.
Programas de diversidade e inclusão serão ainda mais importantes?
Verdade. Segundo a Pesquisa Global de Diversidade e Inclusão da consultoria PwC, 76% das lideranças de empresas elencaram iniciativas de promoção de maior diversidade e inclusão como prioritárias. Foram entrevistados profissionais de RH, coordenadores de D&I e executivos.
E não é à toa. Estudo da McKinsey & Company aponta que empresas com diversidade étnica possuem rendimento 35% acima da média, enquanto diversificar os gêneros oferece aumento de 15% nos resultados.
Além disso, maior diversidade oferece maior engajamento entre os colabores, melhor cultura organizacional e fomenta a inovação, com visões de mundo diferentes e que enriquecem o cotidiano.
O mercado de trabalho está saturado?
Mito. Apesar das projeções de um 2023 de menor crescimento de mercado, a perspectiva é que ele continuará aquecido em 2023 – principalmente para algumas profissões.
Segundo a consultoria Robert Half, os segmentos que liderarão contratações no próximo ano são:
- Engenharia
- Jurídico
- Mercado financeiro
- Recursos humanos
- Seguros
- Tecnologia
- Vendas e marketing
Dentre essas áreas, as remunerações podem ultrapassar R$ 36 mil mensas em cargos de liderança.
No entanto, áreas como agropecuária, mineração e construção civil precisarão ligar o sinal de alerta. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), estes setores são os que tiveram maior declínio de empregos nos últimos anos.
A inteligência artificial é o futuro do RH?
Verdade. Com o surgimento de softwares de recrutamento e seleção, a inteligência artificial se tornou uma fiel aliada dos profissionais de RH na busca por profissionais compatíveis com as oportunidades.
Com estas soluções, torna-se mais fácil analisar e selecionar os candidatos, enviar alertas por e-mail e integrar canais de divulgação das vagas. Isso permite maior otimização e gestão dos processos seletivos, acompanhando métricas e avaliando relatórios que facilitam a tomada de decisão – escolhendo profissionais com maior fit à vaga.
Segundo projeções do Fórum Econômico Mundial, a inteligência artificial e a automação serão responsáveis pela criação de 100 milhões de empregos nos últimos anos. Ou seja, ela veio para ficar.
Ninguém aceitará ser CEO de MEI?
Mito. Apesar das oportunidades de trabalho com carteira assinada serem desejadas pela maioria dos profissionais, não significa que a CLT é o único modelo aceito pelos trabalhadores – 40% de todos os empregos do Brasil seguem a modalidade.
No entanto, o número de pessoas que trabalham como Microempreendedor Individual (MEI) só cresce. Segundo o Ministério da Economia, são 14 milhões de profissionais que usam a modalidade, o que representa 70% das empresas em atividade no país.
Além disso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) realizada pelo IBGE, aponta que o número de trabalhadores com contrato de PJ (Pessoa Jurídica) bateu recordes. São 2,2 milhões, uma alta de 20,8% em relação ao ano anterior.
Os headhunters continuarão tendo importância nas contratações?
Verdade. Há quem questione se o uso da inteligência artificial e soluções de R&S farão o papel dos headhunters diminuir na prospecção de profissionais. No entanto, os famosos caça-talentos continuarão em alta.
Afinal, os headhunters são de extrema valia quando o assunto é identificar candidatos capacitados e talentosos rapidamente. Por possuírem habilidades técnicas e vasto networking, os headhunters conseguem encontrar profissionais qualificados com maior agilidade – indispensável, por exemplo, nos quais há a necessidade da contratação de líderes de grandes equipes e projetos.