É cada vez mais comum dentro das organizações o conflito de visões e de valores entre gerações diferentes
Equipes formadas por profissionais com perfis totalmente diferentes é uma realidade no mercado de trabalho. No caso das escolas, lideranças precisam aprender a receber e articular ideias e dar feedbacks personalizados, afirma Christian Coelho, consultor educacional
É cada vez mais comum dentro das organizações o conflito de visões e de valores entre gerações diferentes. Dentro da escola, esse contexto não é diferente e a gestão escolar é uma peça-chave para as lideranças conseguirem conduzir o corpo docente aos objetivos estabelecidos para o ano letivo.
“O aumento médio de vida do ser humano proporcionou um distanciamento entre as gerações e, consequentemente, um gap maior no que se refere à visão de mundo entre indivíduos”, afirma Christian Coelho, CEO do Grupo Rabbit, empresa de gestão e pesquisa em Educação.
E lidar com gerações de características cada vez mais peculiares têm gerado muitos conflitos a professores e gestores escolares. Pensando nisso, o especialista lista 5 dicas que podem ajudar as escolas a lidar com essa tendência no mercado de trabalho sob a perspectiva do gestor escolar.
1. Escute e oriente seu time
As lideranças, ao lidarem com as principais questões envolvidas na organização da escola, não devem se manter alheias à rotina de professores, coordenadores e alunos. “É fundamental que a gestão escolar aconteça de modo colaborativo, que o time se sinta confortável e, o mais importante, engajado a procurar soluções aos entraves que identificam e a trazer ideias”, afirma Coelho. Para que isso ocorra, o componente geracional precisa ser levado em conta.
Essa participação coletiva necessita ser integrada aos pilares clássicos de gestão de empresas: a sistematização dos processos, acompanhamento do desempenho e a governança eficiente. E como fazer isso? Estimulando a autonomia de cada pessoa.
Para o consultor, atualmente, o grande desafio em gerir equipes é se atentar às demandas do time e manter o engajamento e a autonomia constantemente.
2. Integre novos funcionários à empresa
É estimado que um colaborador somente se sinta completamente integrado à empresa de 4 a 6 meses após a contratação. Esse período, se passado de maneira isolada do restante do grupo e sem o devido acompanhamento, culmina no fenômeno do “turnover”, quando há um número considerável de pessoas que deixam a organização.
Com as escolas, esse processo é ainda mais sensível, uma vez que o contato professor-aluno cria, muitas vezes, conexões. Sendo assim, o processo de adaptação pode ser feito em contato com colegas experientes, que estejam há mais tempo na instituição, orientando o recém-chegado sobre como exercer suas funções.
Aspectos humanos precisam ser considerados: profissionais das gerações X e Y tendem a ser mais resilientes, enquanto a chamada Geração Z tende a encarar novos desafios com mais facilidades. Uma pergunta a ser feita diariamente: o time de docentes tem essa pluralidade? Como lidar com isso de maneira que gere engajamento?
3. Promova interação multigeracional
“A tendência natural das pessoas é conviver com outras que possuam a mesma visão de mundo, e isso ocorre, geralmente, com colegas das mesmas gerações”, diz Coelho. Um erro de liderança geracional é se aproximar de seus iguais e se distanciar dos colaboradores de outras gerações.
Isso fica mais claro nos poucos momentos de interação social, como no almoço, no horário do café e nas visitas às salas dos professores. É preciso manter o equilíbrio nos relacionamentos com todas as gerações, mesmo que às vezes a pessoa não se sinta tão à vontade.
4. Faça feedbacks personalizados
É um instrumento poderoso de alinhamento das expectativas, resolução de problemas e melhoria da qualidade do trabalho. No entanto, existem formatos específicos de feedback que se adequam a cada geração, podendo proporcionar resultados ainda melhores. A tabela abaixo dá algumas dicas:
5. Desenvolva gestão por meio de valores
Talvez uma sugestão ou crítica, apresentada em um determinado momento, pode não funcionar de imediato; no entanto, ela pode, também ser a solução para um dilema posterior.
As gerações Y e Z apreciam empresas que compartilham de uma mesma missão, propósito e valor e que também privilegiem aspectos como diversidade de gênero, etnia, idade, formação e outros fatores que tornam as gerações subsequentes mais evoluídas.
“Os millennials compõem a geração com o maior turnover nas empresas. Para amenizar este problema, é importante que as lideranças escolares utilizem as definições dos princípios em suas reuniões de forma clara e concreta”, finaliza.