No dia do Trabalho (1/5), Carolina Ignarra da Talento Incluir destaca que a inclusão ainda é a maior luta das pessoas com deficiência no Brasil e aponta os 4 principais mitos que prejudicam a inserção desses profissionais no mercado de trabalho
Segundo dados do Ministério do Trabalho, 46,98% das empresas no Brasil ainda não cumprem a Lei de Cotas, apesar da lei de Cotas em vigência há mais de 30 anos no país, criada para gerar inclusão produtiva de profissionais com deficiência no trabalho. Neste 1º de maio — Dia do Trabalho, Carolina Ignarra, CEO e fundadora do grupo Talento Incluir – ecossistema da diversidade e inclusão com foco em pessoas com deficiência, pioneiro no Brasil — reforça que empresas que não cumprem a lei quase que dobrariam a empregabilidade formal de profissionais com deficiência.
“Segundo dados divulgados na RAIS 2019, apenas 1% da população com deficiência está formalmente empregada.” Carolina Ignarra destaca ainda que “as barreiras que impedem as empresas de aderirem à cultura de inclusão, geralmente ainda são atribuídas a mitos que não se sustentam em dados oficiais, porém acabam sendo disseminadas, atrasando o processo de evolução do tema”. Ela aponta quais são os principais ‘mitos’ que dificultam a contratação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho:
1. ‘Pessoas com deficiência não querem trabalhar’
Essa é uma das ‘fake news’ mais recorrentes. A argumentação é que há ausência de candidatos com deficiência em busca de emprego, porque eles recebem benefício assistencial do governo e não querem trabalhar. Porém, os dados oficiais mostram que não é bem assim.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, excluindo as pessoas que recebem o benefício assistencial, para cada vaga reservada a uma pessoa com deficiência há quase 10 candidatos. Segundo a RAIS 2019, há 8,9 milhões de pessoas nesta situação, mas apenas 371.913 mil são beneficiados pela reserva de vagas.
2. ‘Nós divulgamos vagas, mas os candidatos com deficiência não aparecem’
Segundo Carolina Ignarra, as empresas quase sempre tentam demonstrar seu esforço, apresentando divulgação de vagas em jornais e outros meios. Mas, divulgar vagas não significa contratação. “Há muitas queixas de candidatos com deficiência que vão atrás desses anúncios para descobrir que a empresa não está de fato contratando ou que busca apenas candidatos com deficiências imperceptíveis”, reforça Carolina.
3. ‘Falta qualificação’
A suposta falta de candidatos qualificados é outro argumento usado pelas empresas. “É mais uma argumentação que não prospera, visto que o Censo 2010 do IBGE demonstra que se somarmos apenas as pessoas com deficiência de nível superior completo, teríamos quantidade suficiente para cumprir o dobro de toda reserva legal de cargos. Infelizmente, as pessoas com deficiência que têm nível superior geralmente demoram mais para conquistar o emprego e recebem ofertas bem inferiores à sua qualificação profissional”.
4. Impossibilidade de atuação
Algumas empresas alegam a impossibilidade de preenchimento da reserva legal em seu ramo empresarial ou por acessibilidade ou por qualquer outro motivo. Nesse caso, todo e qualquer argumento cai por terra a partir do momento em que se verifica a presença de pessoas com deficiência no ramo de frigoríficos, hospitais, universidades, indústrias, empresas de transporte, construção civil, vigilância, teleatendimento entre outros.
“O mundo corporativo reflete o comportamento da sociedade com relação à diversidade, ainda contaminado por crenças limitantes que impedem uma inclusão produtiva. Inclusão é muito mais que contratar uma pessoa com deficiência. É construir um ambiente favorável para seu desenvolvimento, com plano de carreira estruturado na sua capacidade e talento e não na sua deficiência”, conclui Carolina Ignarra.