Especialista fala sobre gap entre empresas e bons candidatos na hora de contratar
Os primeiros meses do ano são considerados os mais aquecidos para quem busca uma vaga no mercado de trabalho. A quantidade de vagas chega a aumentar até 11 % no primeiro trimestre do ano, quando muitas empresas traçam novas metas e planos e reajustam o quadro de funcionários. O aumento de oportunidades é observado em áreas diferentes e aparece, principalmente, nas grandes empresas, que apresentam um ciclo contábil mais rígido e onde grandes projetos e contratações são reservados para o início do ano. Proporcionalmente, a concorrência entre candidatos também cresce, ainda mais em tempos atuais de uma alta taxa de desemprego.
Segundo Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, diante deste cenário, é preciso estar atento ao gap que existe entre recrutadores e talentos para diminuir a distância entre o emprego ideal e o colaborador dos sonhos. “Uma boa contratação é um ganha ganha para todos os envolvidos: ganha a empresa, que acerta na contratação evitando prejuízos futuros e rotatividade, e ganha o candidato, que produz melhor e se sente realizado profissionalmente”, explica Caio.
Segundo ele, para que este casamento perfeito aconteça, é preciso mais que candidatos que preencham os requisitos básicos de qualquer vaga hoje, como capacidade de trabalhar em equipe, pensamento crítico, flexibilidade, gerenciamento de tempo, adaptabilidade e inteligência emocional. Por parte dos recrutadores, é preciso se adequar ao que ele chama de Modelo Mental de Recrutamento e Seleção. “Hoje temos um RH ainda muito reativo, ou seja, o Departamento, na maioria das empresas, espera ter uma vaga de trabalho em aberto para, então, sair atrás de candidatos, o que retarda a contratação e traz prejuízos para empresa. Existe um tempo para abrir a vaga, buscar candidatos, encontrar boas opções, realizar o processo seletivo e só então depois efetivar a contratação.
Se pensarmos que ainda temos que considerar o tempo de aprendizado e adaptação deste novo colaborador, estamos falando em semanas ou até meses de faturamento e produtividade comprometidos”, alerta o especialista.
Para encurtar o processo, no Modelo ideal citado por Caio, o segredo é evitar fazer contratações às pressas para simplesmente fechar uma vaga mesmo que não se tenha em mãos o profissional ideal. Para inverter a situação, é preciso criar um relacionamento prévio e constante com o mercado para despertar nos talentos o interesse de trabalhar naquela companhia.
Quando isso dá certo, as contratações simplesmente acontecem, de forma até mais natural, além de mais rápida e assertiva. “Tem que existe um planejamento de contratação, que inclui um bom trabalho de employer branding também, que é a construção da marca como empregadora. É assim que se atrai talentos, e não disparando mensagens e inboxs para todos os lados”, brinca Caio.
Ao traçar este planejamento, é preciso pensar a, no mínimo, médio prazo, no pipeline de talentos e no relacionamento com o mercado, levando em conta fatores como as tendências do negócio, o crescimento esperado e os clientes desejados, é possível usar essa previsibilidade para planejar o perfil desejado para, realmente, agregar valor ao negócio.
Segundo Caio, quando a empresa consegue despertar o desejo de trabalhar nela, o candidato pode até não ser contratado imediatamente, caso não exista uma vaga para o seu perfil, mas ali já vai dar início um relacionamento que pode ter sucesso no momento ideal. “Para dar um exemplo prático do sucesso desse planejamento, é só imaginar o que muda na vida do recrutador.
Em vez dele abordar 30 candidatos quase que aleatórios para preencher uma vaga correndo e saber que, talvez, três ou quatro pessoas respondam, ele passa a ter 30 candidatos ativamente na sua caixa de e-mail que, voluntariamente, se interessam pela imprensa por conta de um post, uma matéria da empresa ou mesmo uma vaga descrita no site de carreira da marca. Além de fazer mais sentido, agir assim faz com que a empresa realmente consiga ter o poder de escolha diante das melhores opções profissionais”, garante.
Se, para o candidato, ter sucesso profissional é sinônimo de estar bem empregado e feliz no trabalho sem se preocupar em buscar uma nova oportunidade no mercado de trabalho, para a empresa o sucesso de uma contratação é traduzido por fazer com que esse colaborador considere a ideia de trabalhar naquela empresa por causa das histórias boas que ela conta ao mercado. “Essa é a importância da construção da marca empregadora, é mostrar para as pessoas os seus valores e as suas boas histórias para despertar desejo. Todo mundo busca hoje, ainda mais depois da pandemia, relacionamentos que tenham a ver com seus propósitos, e isso também vale para as relações profissionais”, finaliza Caio.