Se a taxa de mudança interna for menor que a taxa de mudança externa, o fim está próximo
O modelo mental (mindset) do líder reflete como será sua gestão. Dificilmente um líder que atua em um modelo atual de troca de confiança entre o colaborador e o influenciador terá uma equipe que não deseja ter resultados para a sua empresa. O líder que não muda e permanece com o seu mindset congelado, não constrói novos elementos e pode acabar sendo engolido em seu processo.
Para Roberto Aylmer, professor da Fundação Dom Cabral e consultor em gestão de pessoas e negociações complexas, quanto maior o sucesso de uma pessoa em seu papel, maior o apego ao seu estilo de gestão. “Não é um curso com um consultor, que não tem poder algum sobre o líder, que conseguirá impactar o seu mindset. O sucesso na área atuante reduz a chance de aprendizado e mudança”, afirma ele, completando que não é o envelhecimento do cérebro que dificulta as pessoas mais velhas a mudarem, mas sua longa história positiva, mesmo quando o mundo em volta já mudou completamente.
De acordo com Aylmer, o desafio de enxergar a gestão hoje é muito grande, pois até alguns anos atrás o líder pensava em uma formação muito verticalizada, as áreas não podiam se comunicar entrar si, tudo era muito separado. “Essa dinâmica já se esgotou e não traz mais o resultado de 10 anos atrás. É necessário inovar os processos”, afirma o professor.
Ele completa dizendo que “as pessoas mudam quando precisam e não quando desejam. O mundo muda com ou apesar de você. Os líderes que fracassaram foram por falta de humildade e não de inteligência, pois é a humildade que mantém o líder ouvindo e aprendendo os sinais dos tempos. O mesmo modelo que trouxe sucesso no passado faz com que o líder não enxergue uma nova forma de agir e decidir no futuro”.
Por isso a necessidade na mudança do mindset. Para Aylmer, é preciso tornar as áreas cada vez mais participativas e assim gerar uma nova visão na equipe. Mas, para isso, as empresas precisam enxergar a necessidade de mobilização dos times. “A primeira fase da conversa é o diagnóstico, seguido da ação. Sem o diagnóstico claro, não tem nenhum caminho de mudança eficaz”, diz ele, que desenvolveu uma ferramenta de diagnóstico que ajuda muito nessa fase.
“A ideia é reunir o máximo de informações que conseguimos sobre a equipe, através de questionários gerais, entrevistas individuais e até dinâmicas realizadas com blocos de montar, o LegoSeriousPlay. Com esse 3D organizacional conseguimos mostrar as fraquezas da equipe para o nível mais alto da empresa e a partir daí gerar uma estratégia de mudança”, complementa.
Se o mindset atual é percebido como limitador das opções, o cérebro aceita uma “DR” e começa a ouvir outras vozes a não ser as suas próprias. Usando uma frase de Jack Welch “se a taxa de mudança interna for menor que a taxa de mudança externa, o fim está próximo”, Aylmer considera que a taxa de mudança interna, ou seja, a taxa de mudança do mindset é a próxima fronteira de pesquisa e ação.