De acordo com a consultoria, equilibrar a participação de gênero nas organizações é fundamental para resolver a escassez de talentos
A falta de mão de obra qualificada, resultado de fatores como a pandemia de Covid-19, guerra na Ucrânia, Big Quit, aumento da inflação e a possibilidade de recessão é uma questão que tem afetado empresas de forma global. Por outro lado, uma recente pesquisa global da Bain & Company mostra que as mulheres ainda representam menos de 40% da força de trabalho global e que essa participação está diminuindo em países de crescimento mais rápido e de baixa renda, onde há mais mulheres sem educação universitária.
Capacitar mulheres e estimular sua participação no mercado de trabalho será fundamental para reduzir a carência de profissionais. Mesmo com diferenças culturais e socioeconômicas, todos os países têm a possibilidade de ampliar a participação feminina. Para isso, é preciso compreender semelhanças e diferenças entre homens e mulheres no ambiente profissional como ponto de partida para alcançar a equidade de gêneros e conquistar novos talentos.
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De acordo com o estudo da Bain, homens e mulheres têm motivações semelhantes no trabalho, priorizando orientação financeira e companheirismo. No entanto, a pesquisa mostra que há três desequilíbrios significativos entre os gêneros na força de trabalho.
A escolha da profissão ainda segue estereotipada. Apesar de enraizada nas expectativas da primeira infância, ela ainda apresenta dominância masculina nos cargos de engenharia e computação, ao passo que profissões com foco no cuidado, como educação e saúde, são preferidas pelas mulheres. A diferença, inclusive, está crescendo: o número de mulheres que se graduou como bacharel em ciência da computação caiu de 33% em 1980 para 21% em 2018 nos EUA e a situação é semelhante em todo o mundo.
A flexibilidade tem importância maior para as mulheres. Apesar de homens e mulheres citarem a flexibilidade como um interesse comum no início de suas carreiras, à medida que envelhecem, ela passa a ganhar mais importância entre as mulheres e diminui para os homens, em alguns países. Nos EUA, duas vezes mais mulheres trabalham meio período do que homens, o que contribui para a disparidade salarial. Na Holanda, por exemplo, três quartos das mulheres trabalham meio período, principalmente para equilibrar os cuidados com os filhos e o trabalho.
Há preconceito nos locais de trabalho. Diversas empresas apresentam estruturas e comportamentos onde o preconceito está enraizado, seja de forma consciente ou não. Isso leva a um tratamento diferenciado para as mulheres, que muitas vezes acabam por assumir apenas trabalhos administrativos ou não têm visibilidade para promoções e projetos estratégicos.
Em sua pesquisa, a Bain levantou cinco pontos que podem reduzir a desigualdade entre gêneros, não apenas empoderar as mulheres, mas melhorar a força de trabalho em geral.
- Desconfiar das estatísticas: nenhum grupo demográfico é igual e é importante que as empresas reconheçam que vários fatores compõem a experiência de vida de cada um.
- Combater ativamente o preconceito de gênero: as empresas podem desafiar ativamente essa situação ao incorporar esforços concretos, a começar por ações internas.
- Promover a inclusão: menos de 30% das mulheres e dos homens se sentem totalmente incluídos no trabalho. Como aqueles que se sentem excluídos são mais propensos a pedir demissão, a inclusão é fundamental para atrair e reter os melhores talentos.
- Apoiar a flexibilidade: a pandemia mostrou que o home office não diminui a produtividade e que vale a pena mantê-lo como opção. Mais de 60% dos trabalhadores dos EUA não querem voltar ao escritório em tempo integral. O tratamento equitativo dos funcionários, independentemente do modelo de trabalho, é fundamental para o sucesso.
- Criar programas de requalificação: cerca de 90% das mulheres querem voltar ao mercado de trabalho, mas apenas 40% realmente conseguem. Quase três quartos das mulheres que tentam retornar ao trabalho após uma licença voluntária têm dificuldade em encontrar um emprego. Os programas certos podem atingir esse público e atrair talentos.
Progredir na equidade de gêneros na força de trabalho é uma jornada de vários anos e não uma solução rápida. Porém, ao começar a implementar algumas dessas estratégias, as empresas podem combater a escassez de talentos e redefinir o ambiente de trabalho atual, aumentando as oportunidades e sentimentos de inclusão em todos os colaboradores.