O mercado de TI, que já vinha em alta em razão dos processos de transformação digital das empresas, ganhou velocidade ainda maior diante das novas necessidades trazidas pela pandemia da Covid-19. Apesar disso, a exemplo do que acontece em outras áreas, ainda existe um desafio para a diversidade de gênero.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a participação feminina entre os profissionais de TI é de apenas 20%. Essa diferença não é restrita ao mercado brasileiro. Por essa razão, a União Internacional das Telecomunicações (UIT), agência da ONU especializada na TIC, criou o Dia Internacional das Meninas em TIC – Tecnologia de Comunicação e Informação, celebrado anualmente, na 4ª quinta-feira de abril. A ONU acredita que introduzir mais mulheres neste segmento da economia traz ganhos não apenas para as políticas de igualdade de gênero, mas também no desenvolvimento socioeconômico.
Outros movimentos também têm procurado quebrar os estereótipos de gênero e contribuem para ampliar a presença feminina no universo de TI, inclusive em cargos de liderança. Christiane Liden, Head de Digital Workplace na Philip Morris Brasil, comemora o fato de estar em uma empresa que valoriza a inclusão e a diversidade e destaca que na área de TI, no Brasil, 46% do time é representado por mulheres.
Pós graduada em Qualidade pela PUC-Paraná, especializada em gestão de pessoas pela FGV, MBA em gestão de projetos e com certificações relacionadas a pessoas e tecnologia, Christiane iniciou sua carreira fora do Brasil, em países da América Latina, depois Europa, como Portugal e Dinamarca, onde se estabeleceu por anos, e também na Índia. Durante essa jornada, atuou em diversos segmentos de mercado, em posições relacionadas a governança, controles internos e alta gestão em empresas globais. Seu escopo principal sempre esteve ligado na gestão de equipes de alta performance e, principalmente, garantindo a experiência dos colaboradores e usuários, conhecido como Customer Centricity.
“O mundo corporativo ideal vai além de questões relacionadas a etnias ou de gênero, mas de um time diverso focado em pessoas com competências humanas e skills técnicos”.
A executiva foi convidada para integrar a equipe da Philip Morris Brasil há três anos, para participar da transformação digital da empresa, um processo totalmente conectado à grande mudança do negócio, na busca por um futuro sem fumaça. Christiane tem entre suas funções garantir que os colaboradores tenham uma produtividade ágil através de uma alta performance e possam absorver o momento virtual. Com a pandemia, comenta que houve todo um cuidado para prover a operacionalização necessária para o trabalho remoto e, além do hard, a área de TI também se dedicou ao soft, ou seja, ao cuidado emocional, para que os colaboradores possam ser efetivos também de casa.
Em sinergia com as estrutruturas globais da companhia, Christiane tem ainda, a responsabilidade de garantir que os colaboradores tenham a mesma experiência, independentemente de estarem em São Paulo, Nova York ou no headquarter na Suíça. “Por mais que minha localidade seja o Brasil, atendo necessidades globais, sendo a implementação do Digital Workplace um grande exemplo de que com inovação e estandardização conseguimos garantir uma experiência positiva entre nossos colaboradores não importando onde estejam.”
Mesmo com uma carreira de sucesso, Christiane encontrou dificuldades para se inserir na área. Em sua opinião, aspectos culturais, como o machismo presente em alguns países, têm grande influência nesse contexto. Ela mesma passou por algumas situações ao longo da carreira, como ser removida de certas reuniões ou não poder participar de celebrações de resultados porque mulheres eram excluídas desses momentos.
“Foi extremamente desafiador até ter a oportunidade e o reconhecimento de núcleos predominantemente masculinos, mas acredito muito que devemos focar nas nossas competências e não nos deixar envolver por padrões criados pela sociedade do passado. Não importa se sou mulher, homem, ou minha definição sexual, mas sim o que vou entregar e como posso agregar. Isso me ajudou muito. Percebo que as mulheres estão entendendo isso e tendo maior confiança. Se não colocarmos obstáculos em nosso dia a dia e focarmos genuinamente em nossos objetivos, certamente alcançaremos o desejado”.
Desde que iniciou na carreira, Chistiane identifica um crescimento na presença feminina em TI. Para ela, o mercado tem compreendido que, além das nuances técnicas, há outras competências importantes, como liderança, empatia, critérios de apreciação, iniciativas de reconhecimento, assim como inteligência emocional e espiritual, que fazem ativamente o universo feminino ser um diferencial para empresas focadas em transformação cultural e tecnológica.
A executiva cita a própria Philip Morris que, mesmo tendo como negócio o tabaco, não deixa de ser uma empresa de tecnologia, pela forma com que as propostas são entregues, pelos investimentos em produtos tecnológicos de risco reduzido, pelo uso do e-commerce. “O mundo corporativo atual e todas as suas funções estão conectados e integrados por TI e a presença feminina vem para garantir uma gestão diversa e inclusiva tendo como resultado uma maior satisfação entre todos os envolvidos.”
Christiane atribui suas conquistas na área à sua busca, desde muito cedo, de conhecer e entender outras culturas. Adquiriu fluência em diversos idiomas, removendo barreiras de comunicação e não teve filtros para aceitar oportunidades em regiões remotas do planeta, o que deu agilidade à sua carreira. “Nesses últimos 15 anos, consegui atingir posições interessantes por conhecer outros mercados, diversos segmentos e ambientes organizacionais, mas sem dúvida, por eu ter sempre priorizado as pessoas e poder contar com gestores inclusivos”, finaliza.