Uma menina, pequena, na frente de um touro enorme. O que ela faz? Corre? Não, ela para. Ela mostra sua imponência e encara o touro de volta. Porque ela é uma garota destemida, sem medo. Essa foi uma homenagem, feita pelo artista Kristen Visbal, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher em 2017. É uma pequena estátua de bronze, de uma menina com seus 8 anos, parada, encarando a estátua tradicional do touro de Wall Street em Nova Iorque. O impacto na mídia social foi gigantesco, a #fearlessgirl foi trend topics no Twitter e o que era para ser apenas uma ação rápida, manteve-se por mais de um ano.
Assim que fui impactada por essa ação, fiz questão de ir lá ver. Foi interessantíssimo aguardar na fila, vendo meninas e mulheres de todas as idades, estufando o peito, erguendo a cabeça e colocando as mãos na cintura para a foto. Tirei a minha também.
Hoje, sendo mãe de uma menina de nove anos e madrasta de uma moça de 24, me deparo todos os dias com os desafios de educar uma menina nesse mundo tão complexo. Eu quero muito que minha filha seja destemida. Que seja autoconfiante e encare os desafios de cabeça erguida. Mas por outro lado, respeito seu mundo cor de rosa de princesas e sonhos. Ao mesmo tempo que a matriculo no canto e na patinação, incentivo-a a estudar robótica e ser a melhor aluna da classe. Digo a ela que, se ela se preparar, vai poder ser o que ela quiser na vida.
Minha mãe não me ensinou isso. Não me ensinou porque simplesmente não sabia dessa forma. Mas me ensinou a ser forte e corajosa. Me ensinou a ter autoestima. Fui a primeira a quebrar os padrões familiares e me separar, ter uma profissão, buscar independência. Não sou melhor do que ninguém. Só fui mais ousada, corajosa e destemida.
Quando algumas mulheres começaram a me dizer que eu era um exemplo para elas, isso me assustou. Porque nunca busquei ser um exemplo para ninguém, além da minha filha. Mas hoje, tenho a percepção que faltam modelos. Modelos que essas meninas milleniuns precisam conhecer. Modelos de mulheres comuns como eu e você, que não têm medo de encarar a vida.
Tem um vídeo da Oprah Winfrey que fala exatamente do poder que os modelos positivos têm na educação das meninas (É inspirador, assistam!). E, se nós queremos educar meninas destemidas, precisamos mostrar mulheres destemidas de exemplo.
Eu me dei essa missão: impactar a vida das garotas com modelos femininos positivos. Não estou falando de empoderamento feminino, pois quando pensamos em empoderar alguém estamos falando em enfraquecer alguém também. E, na sociedade contemporânea que acredito estarmos construindo, a igualdade e a diversidade são valores fundamentais.
E o resultado aparece! Eu estou fazendo algo que me enche de orgulho! Quando eu comecei a trabalhar com empreendedorismo e incentivar os jovens a empreender, eu me referia sempre aos “meus meninos”. Em dezembro, terminamos a 6ª edição do Desafio #EmpreendaFAAP, o concurso de Empreendedorismo e Startups que eu lancei em 2014 com a Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP). Esta última edição teve TODAS, isso mesmo, TODAS as equipes vencedoras compostas exclusivamente por mulheres! Fica aqui a grande lição: se as “nossas meninas” forem incentivas desde cedo, elas vestem a camisa do empreendedorismo e arrasam!
E não só no empreendedorismo, mas na saúde, na política, na carreira executiva. Precisamos ensinar as nossas meninas, que lugar de mulher, é onde ela quiser!
Por Alessandra Andrade, gestora do FAAP Business Hub, da Faculdade Armando Alvares Penteado e Vice- Presidente da Associação Comercial de São Paulo. É professora, palestrante, mãe e idealista.