Liderança feminina: quebrando estereótipos e provando que competência, empatia e inclusão são a chave para o sucesso no mercado de trabalho.
Fernanda Cunha Lima – CEO da Kipiai, agência de marketing digital, e defensora da igualdade de gênero no mercado de trabalho.
Nos últimos dias, uma declaração polêmica do empresário Tallis Gomes, fundador da G4 Educação, Easy Taxi e Singu, ganhou notoriedade nas redes sociais. Em resposta a uma pergunta sobre se relacionar com uma mulher que ocupa a função de CEO, Tallis afirmou que isso resultaria na “masculinização” da líder e que sua vida familiar seria deixada em segundo plano. Como CEO de uma empresa de marketing e à frente de uma equipe talentosa, não posso deixar de me posicionar sobre esse tipo de visão retrógrada, que prejudica nossa ascensão no mercado de trabalho.
Quando uma mulher chega a uma posição de liderança, como CEO de uma empresa, ela enfrenta desafios que vão muito além da gestão empresarial. Muitas vezes, é necessário lidar com preconceitos velados, ou até explícitos, que questionam sua capacidade de equilibrar o trabalho com a vida pessoal. Essa ideia de que é preciso escolher entre o sucesso profissional e a construção de uma família está enraizada em estereótipos ultrapassados, que não reconhecem nossa capacidade de lidar com múltiplos papéis.
Ser CEO não é uma questão de gênero, mas sim de competência, estratégia e visão de negócios. No meu caso, além de liderar a Kipiai, uma agência de marketing digital, também sou mãe e esposa. Eu, como tantas outras mulheres, sei o que é equilibrar as demandas do trabalho com as responsabilidades em casa. O que muitos não percebem é que essa capacidade de multitarefa nos dá uma vantagem no mercado, uma habilidade inata de gerir prioridades e encontrar soluções criativas sob pressão.
Infelizmente, o mercado de trabalho ainda impõe barreiras invisíveis àquelas que buscam cargos de liderança. Os comentários de Tallis refletem um preconceito que muitas vezes não é explicitado, mas está presente no dia a dia corporativo. A ideia de que “não estamos preparadas” ou “não podemos lidar com a pressão” de cargos de alta gestão é um mito. Pelo contrário, estudos indicam que empresas com mais diversidade de gênero em cargos de liderança tendem a ser mais criativas e inovadoras.
Como líder de uma empresa em crescimento, posso afirmar com convicção que as mulheres têm o poder de transformar o ambiente de negócios. Nós trazemos uma visão de inclusão, empatia e colaboração, essencial para o sucesso a longo prazo. Ao contrário do que foi dito por Tallis, não vejo a liderança como uma “masculinização”, mas sim como uma oportunidade de expandir nossas capacidades e mostrar ao mundo do que somos capazes.
As mulheres não precisam “abrir mão de sua essência” para liderar. Precisamos, sim, de mais oportunidades. Precisamos que as portas sejam abertas e que os preconceitos sejam superados. A liderança feminina não é exceção, mas uma realidade cada vez mais presente e essencial para o mercado de trabalho contemporâneo. Empresas que reconhecem e promovem essa diversidade colhem os frutos de uma equipe mais motivada e de um ambiente de trabalho mais equilibrado.
A liderança feminina não deveria ser vista como uma exceção ou uma ameaça. Ela é uma realidade que veio para ficar. E eu, como mulher, mãe e CEO, tenho orgulho de fazer parte dessa transformação.