Da mesma forma que no esporte, onde as atletas superam grandes desafios para atingir a excelência, as mulheres em cargos de liderança no Brasil também travam uma luta constante para se estabelecerem em um ambiente majoritariamente masculino.
Por Camila Junqueira, sócia da Flow Executive Finders
Os Jogos Olímpicos de Paris entraram para história. Pela primeira vez após 130 anos, as mulheres finalmente representaram 50% dos participantes. Para se ter uma ideia do que isso representa, a presença das mulheres também em Paris, mas na edição de 1900, quando elas representaram apenas 2,2% do total de atletas. No Brasil, o destaque feminino deste ano foi ainda maior: das nossas 20 medalhas, 12 foram conquistadas por mulheres, reafirmando a força e a capacidade feminina em alcançar e superar limites.
Essa presença marcante das mulheres nas Olimpíadas é o resultado de avanços gradativos ao longo das décadas. No entanto, ainda existem barreiras significativas a serem superadas para alcançar a verdadeira equidade de gênero. Afinal, a paridade de participação é um marco importante, mas a igualdade de condições, oportunidades e reconhecimento permanece um desafio que se estende para além do esporte, alcançando também o mundo corporativo.
Assim como nos esportes, onde as atletas enfrentam desafios imensos para alcançar a excelência, as mulheres em posições de liderança no Brasil também estão em uma constante luta para se afirmarem em um ambiente predominantemente masculino.
Pesquisa realizada pela FIA Business School de 2023, mostrou que em 2023 as mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança no país. No entanto, quando observamos o nível executivo e C-level das empresas, essa porcentagem diminui drasticamente: apenas 28% das posições são ocupadas por mulheres (uma queda de cinco pontos percentuais em relação ao ano de 2022).
As Olimpíadas de 2024 escancararam um problema estrutural, nos ensinando que, apesar dos progressos, ainda há muito a ser feito – tanto no esporte quanto nos negócios. As mulheres não só têm provado seu valor nas arenas esportivas, mas também têm demonstrado serem gestoras excepcionais no mundo dos negócios.
Esse mesmo estudo da FIAP aponta que as mulheres que ocupam cargos de nível executivo nas empresas são vistas como melhores líderes, mais populares e confiáveis na opinião dos colaboradores. Este é um indicativo claro de que, quando devidamente reconhecidas e valorizadas, podemos transformar as organizações.
Transformando Desempenho em Impacto
Mas afinal, qual é a conexão entre o desempenho de atletas de elite e o sucesso no mundo corporativo?
Além dos atributos essenciais para ocupar uma posição de liderança, como inteligência cognitiva, emocional e espiritual, capacidade de atuar e interagir em situações complexas, maturidade para compreender a dinâmica e as complexidades das situações e das relações interpessoais, é necessário somar a esses a disciplina, a resiliência e um forte senso de propósito – qualidades indispensáveis tanto dentro quanto fora dos campos de competição.
Para mulheres em cargos de liderança, esses atributos são indispensáveis para enfrentar as complexidades e desafios do ambiente corporativo atual, assegurando seu papel estratégico dentro das organizações. No entanto, para alcançar resultados concretos e uma vantagem competitiva sustentável, é essencial que o executivo certo esteja na posição certa.