Se as empresas querem contratar e reter por um longo período os profissionais, de forma a realmente gerar valor, o foco deve ser o desenvolvimento desse conjunto de skills nos colaboradores
Segundo um levantamento da Page Personnel, consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão, 9 em cada 10 profissionais são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamental.
Em um mercado de trabalho cada vez mais instável e competitivo, uma empresa demitir um profissional por motivos comportamentais e sem a chance de que habilidades e competências sejam desenvolvidas, é perder tempo e dinheiro – além de não ser nada alinhado aos desafios de ESG, em especial so “Social”.
Segundo pesquisa Manpower Group de 2021, 64% das empresas não sabem como desenvolver habilidades comportamentais nos seus times e são prejudicadas financeiramente por isso. Só em 2020, 58% das empresas brasileiras tiveram seus resultados prejudicados pela falta de soft skills. Além disso, até 2030, dois terços dos postos de trabalho serão intensivos em soft skills no Brasil e, segundo o Fórum Econômico Mundial, 8 das 10 habilidades mais importantes para um profissional, em 2025, serão socioemocionais.
Sendo assim, se as empresas querem contratar e reter por um longo período os profissionais, de forma a realmente gerar valor, o foco deve ser o desenvolvimento desse conjunto de skills nos colaboradores, conectando os melhores conteúdos e soluções de aprendizagem com a realidade que vivem dentro das empresas.
Como profissional da educação, e CEO de uma plataforma focada no desenvolvimento e aprimoramento das capacidades ligadas à inovação e habilidades humanas, entendo que hoje é necessário transformar radicalmente a aprendizagem e preparar as pessoas e empresas para esse futuro do mercado de trabalho. E essa transformação passa por dados, tecnologia e experiência, por isso é preciso investir em uma aprendizagem personalizada e contínua, baseada em microlearning.
Essa tomada de decisão deve partir das lideranças que precisam entender onde estão os pontos fortes e as falhas de cada um, e buscar aprimorar as habilidades comportamentais dos colaboradores para impulsionar a transformação da força de trabalho.
Analisar competências e também as lacunas é primordial para oferecer treinamento personalizado e conseguir que os profissionais atinjam seu potencial máximo na organização, se tornando mais produtivos, criativos e inovadores. Consequentemente, isso contribui para o alcance dos objetivos organizacionais e o crescimento da empresa de forma sustentável.
As empresas precisam mudar o mindset de uma aprendizagem fragmentada e cíclica para o contínuo e personalizado. O investimento em treinamento e desenvolvimento deve ser a longo prazo, para alavancar o desempenho dos profissionais do futuro, e em contrapartida oferecer dados relevantes para que a empresa tenha como tomar decisões mais assertivas, gerando mais valor para o negócio e economizando recursos.
Em outros países, como Estados Unidos, o investimento das empresas no capital humano e soft skill já é mais utilizado. De acordo com pesquisa da ABTD, a média de investimento anual por colaborador nas empresas americanas chega a cerca de R$ 7.900, enquanto no Brasil a média é de quase mil reais – cerca de R$ 997.
E, comparado em horas, no Brasil há uma média de 19 horas de treinamento ao ano e nos EUA, 36 horas. Além disso, 29% das empresas americanas possuem uma universidade corporativa.
Então, a hora é agora. As ferramentas estão disponíveis e o caminho que as organizações devem seguir já é conhecido. Portanto, não dá mais para perder profissionais do futuro, tempo e dinheiro por falta de investimento nas habilidades e capacidades corretas.
Isabela Jabor é fundadora e CEO da B.NOUS