O mundo já celebra os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci, ocorrida em 2 de maio de 1519, em Amboise, na França. A história e a obra do gênio florentino sempre me fascinaram. Da Vinci foi o primeiro profissional multifuncional, tão buscado pelo mercado hoje: pintor, escultor, desenhista, músico, arquiteto, engenheiro, criou e construiu protótipos de pontes, meios de transporte, máquinas voadoras, canhões e vários tipos de ferramentas utilizadas em fábricas que só existiriam séculos depois. Além dos seus experimentos pioneiros na Astrologia e na Química.
Experts estimam entre 12 e 14 as diversas profissões exercidas por ele, que não respeitou o tecnicismo de uma única profissão especializada. Foi polivalente, um exemplo de multi-tudo. Um polímata, como se diz hoje em dia. Da Vinci foi um grande Líder Transformacional. Sua atuação transformou a História da Arte e serviu de poderoso combustível para o Renascimento.
O afresco “A Última Ceia” na Capela de Santa Maria delle Grazie, em Milão, é considerada uma das obras pioneiras na pintura moderna por ter colocado um toque intangível, emocional, na cena bíblica. A sua “Dama com Arminho”, que está na Cracóvia, inaugura a tridimensionalidade com o olhar de lado, transversal de Cecilia Gallerani, a amante do Duque de Milão. Tudo isso sem falar na importância da Monalisa, que muito contribuiu para popularizar a Arte do Renascimento.
Acredito que Da Vinci é, ele próprio, sua melhor obra de arte! Teve inúmeros discípulos e estimulou outros gênios da época, como Michelangelo, 25 anos mais jovem.
Além do talento, do gift, do dom, teve o fator sorte ao seu lado: viveu durante a época de Lorenzo de Médici, o Magnífico, um governante de Florença, que, ao contrário de alguns poderosos que vemos nos dias atuais, harmonizou três componentes do sucesso de um governo: a Política com P maiúsculo; a Economia – o primeiro banco da história da humanidade foi fundado em Florença pelo seu bisavô, Giovanni de Médici, que inaugurou o que conhecemos hoje como a “economia de serviços”; e a Cultura. Florença foi um palco fértil para o desenvolvimento das Artes – incubando inúmeros ateliers como do Verrocchio, Ghirlandaio, Boticcelli, para citar apenas uns poucos, da Poesia (Dante Alighieri, por exemplo), da Ciência (Galileu Galilei que fez parte dessa turma de notáveis florentinos) e da Filosofia.
Galileu, inclusive, enfrentou o obscurantismo da Inquisição e para sobreviver teve que negar sua tese de que era o Sol – e não a Terra – o centro do Universo, que depois foram validadas e mudaram o curso da Ciência. Que essa lição sobre o estímulo à Arte e ao Intangível possa ser aprendida pelos governantes rasos e reducionistas que tentam podar o pensar e o questionar atualmente.
Para quem quiser se aproximar ainda mais do universo de Da Vinci, recomendo uma visita ao pequeno vilarejo perto de Florença onde esse gênio nasceu. Fiquei emocionado ao entrar no quarto onde ele deu o primeiro choro numa bacia de cerâmica, em 1452. O Brasil só seria “descoberto” quase meio século depois. Também vale a pena das um pulo até Amboise, na França, onde também senti forte emoção ao visitar o leito e o aposento no qual ele deu o último suspiro, no Castelo pertencente ao Rei Francisco I, que o abrigou desde 1515. Essa a razão pela qual a Monalisa está em território francês, carregada pelo artista quando deixou a Itália a convite do Rei da França. Na Capela de Saint-Hubert ainda repousam seus restos mortais, nas imediações do Castelo.
Espero, em 2052, no meu aniversário de 100 anos, estar com energia suficiente para acompanhar ativamente a celebração dos 500 anos de nascimento dele. Muito grato, Leonardo, por continuar sendo fonte de inspiração para os novos profissionais polivalentes e transformacionais que tanto necessitamos nessa época do “Neo Renascimento” que estamos tendo a alegria de viver!
Por Cesar Souza, fundador e presidente do Grupo Empreenda. Consultor, palestrante e autor do livro “Seja o Líder que o Momento Exige”