Não adianta você ser competente, mas um ilustre desconhecido
O mercado de trabalho vem passando por profundas transformações, como já escrevi no artigo anterior, a respeito dos 6 fundamentos da empregabilidade 4.0, que defino como sendo a condição de ser contratável para qualquer modelo de negócio e trabalho. Hoje, vou descrever um pouco mais um dos seus fundamentos, o networking. Mostrarei como o networking se relaciona com a Inteligência Mercadológica e com o marketing pessoal, desde que praticado com genuíno interesse pelas pessoas.
Há algum tempo, depois de décadas desperdiçadas com isolamento e individualismo, redescobrimos a importância e os benefícios do capital social (a rede de relacionamentos). Foi criada, desde então, uma palavra em inglês que se incorporou à nossa linguagem diária e passou a ser utilizada na falta de um sinônimo específico em português: networking.
Para mim, networking compreende atitude e procedimentos de convivência, cooperação e conjugação de informações e recursos, com o objetivo de obter algo para um ou mais membros de uma rede. Em termos pragmáticos, fazer networking é cultivar a rede de relacionamentos, assumindo que vivemos em rede, que somos todos conectados e que estamos em interdependência.
Tem muito profissional competente que é desconhecido. Nada adianta você ser competente, mas um ilustre desconhecido, condição esta de quem não sabe fazer marketing pessoal ou tem vergonha de expor o que sabe fazer. Não se deve esquecer que, no mercado, o profissional precisa oferecer o trabalho que faz, porque o cliente geralmente contrata, ou indica para terceiros, quem ele conhece.
O único jeito de alguém ser conhecido é expor-se ao mercado, contando o que faz e enfatizando o benefício que um cliente, contratante ou empregador receberia ao contratá-lo. Com os conhecimentos que tem, com as habilidades que desenvolveu e com as experiências adquiridas na prestação de serviços para outros clientes.
Na prática, se um profissional é muito competente, mas é desconhecido, ele não será chamado ou indicado. Se for conhecido e não for competente, as pessoas não o indicarão porque não confiam. Confiança é um fator que faz com que as pessoas, em rede, apresentem um profissional para outras pessoas e que estas pessoas chamem o profissional para algum contrato.
Não se pode esquecer que tanto as questões relacionadas aos aspectos materiais, do dinheiro, quanto as do capital social, que não é material, porém tem valor imenso, precisam ser cuidadas a vida inteira. Como escrevi no artigo anterior, todos os seis pilares que sustentam a empregabilidade precisam estar conjugados e nivelados.
O dono da carreira – da Empresa Individual de Prestação de Serviço – que investe equilibradamente nos seis fatores da empregabilidade fortalece a sua estrutura profissional e faz com que ela cresça. No mundo cheio de turbulência, quem tem a estrutura forte trepida, mas não cai.
Se essa estrutura for forte e consistente, o profissional aparece no mercado, exibe a sua marca, sua qualidade, suas competências e sua idoneidade. E isso garante que muitas outras pessoas o contratem ou indiquem.
Para que você tenha crédito na sua rede de relacionamento, convém você ter atitude de “interesse genuíno pelas pessoas”, tratando-as bem, demonstrando real interesse por elas e sendo atencioso. Com isso, estará estabelecendo conexões e trocas genuínas em benefício de ambas as pessoas.
Desse modo, o momento adequado para fazer networking é sempre. Particularmente, quando não precisa de algum benefício da rede. A atitude é que faz o profissional relacionar-se, quando não precisa, para adquirir, manter e ampliar o seu capital social, que ele pode utilizar se, e quando, passar por momentos de necessidade. Aí o networking é praticado como técnica.
Se você cultiva o capital social – os seus contatos – e utiliza as técnicas adequadas, viverá cercado de oportunidades de toda natureza. Hoje em dia, com a tecnologia, embora dê trabalho, cultivar o capital social ficou muito mais fácil. Usando alguns aplicativos e sistemas de banco de dados, você pode registrar o seu capital social, manter os registros da sua rede de relacionamento e consulta-los usando mecanismos de busca no seu telefone, no seu computador, na nuvem… lembrando do histórico de relacionamento, dos meios de contato, de datas importantes como o aniversário e de outras informações úteis.
Desenvolvi uma técnica que uso e ensino na Lens & Minarelli, que permite aos nossos assessorados compreenderem o que podem solicitar para outras pessoas e o melhor jeito de solicitar a ajuda e colaboração que precisam. Batizei de Técnica C.O.I.S.A., que você pode conhecer melhor acessando o infográfico.
Por José Augusto Minarelli, educador, conselheiro profissional e palestrante. Graduado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Fez carreira em recursos humanos, atuando em seleção, treinamento, desenvolvimento, educação, orientação vocacional e informação profissional. É fundador e presidente da Lens & Minarelli Associados S/C Ltda., que atua na área de Outplacement® e aconselhamento de carreira.