Comunicação não é um dom, mas sim uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida!
Colunista Mundo RH, Anderson Mendes, Educador em Saúde Mental e criador da Técnica Comunicação Afetiva, metodologia exclusiva. Formado em Comunicação Social e graduando em Gestão de Recursos Humanos, faz parte do corpo docente da USCS e da Unicsul nos cursos de pós-graduação em Suicidologia
Frase bonita, não é mesmo?
Curioso que sempre quando menciono ela durante meus workshops de comunicação parece que “ouço” através dos olhares e expressões de alguns grupos mais tímidos: ‘Pode ser para você, mas para mim é muito difícil acreditar nisso’.
A notícia boa é que esta frase é amparada em diversos estudos relacionados aos universos da Neurociência e Psicologia.
E fazendo uma rápida analogia a respeito deste assunto: assim como podemos melhorar a nossa velocidade e força com séries de treinos musculares, podemos sim melhorar a nossa habilidade de comunicação a partir do treinamento e manejo do stress em nosso organismo e posteriormente a adição de diversas técnicas que somadas com a nossa autenticidade e conhecimento farão de você um speaker em sua plenitude.
Mas antes de falarmos sobre técnicas de comunicação, convido você a vivenciar junto comigo uma linda jornada de autoconhecimento e percorrer alguns caminhos sinuosos para podermos compreender o que acontece internamente conosco e então desbloquearmos as “travas emocionais” que muitas vezes nos paralisam ou desestabilizam diante do nosso público ou mesmo das câmeras.
Primeira etapa: compreender como a nossa mente e corpo funcionam.
O cérebro é o responsável por interpretar os estímulos recebidos pelos nossos sentidos e consecutivamente nosso corpo reagirá após ser inundado por uma chuva de hormônios que nos farão reagir diante das situações. Pois bem, vamos ver mais de perto um exemplo que poderia facilmente ter acontecido comigo, contigo ou com algum conhecido.
Imagine o seguinte cenário: Henry recebeu um convite para realizar uma apresentação de 60 minutos num teatro para 700 pessoas. Na noite anterior ele teve muita dificuldade para dormir e assim que chegou no local do evento conheceu o camarim e minutos antes de subir no palco para realizar sua apresentação sentiu um medo paralisante. Tudo isso acabou por desestabilizá-lo e tirar todo o foco do conteúdo, e ele acabou por focar no stress que sua mente liberou para seu corpo e o resultado disso foi a criação de um verdadeiro trauma.
E porque tudo isso ocorreu? Segundo a Neurociência isso ocorreu porque “ele”, o cérebro, atingiu um patamar muito elevado de stress transformando essa situação desafiadora em algo incontrolável, pois essa sensação dominou seu cérebro e isso acabou por bloquear sua razão e o fez ficar em “loop” emocional (praticamente paralisado diante da adversidade).
Não poder controlar o momento, a cena e a situação. Esta sensação de estarmos impotentes diante de uma adversidade pode nos levar muitas vezes ao desespero. E quando sentimos esse stress extremo, o medo acaba por assumir o total controle da mente e do corpo e desta forma ficamos completamente paralisados. Esse fenômeno é chamado de sequestro emocional. As partes do cérebro responsáveis pela razão simplesmente param de funcionar e a partir daí iniciamos uma jornada onde sentamos numa espécie de garupa de uma moto em alta velocidade e que infelizmente não possui motorista. Compreende agora por que esta sensação é tão avassaladora e ameaçadora para muita gente e o porquê elas acabam por optar em nunca mais vivenciá-la e preferem travar seu potencial de comunicação?
E caso você já tenha vivenciado esta situação de paralisar diante de uma apresentação, se lembra como se sentiu?
Agora a resposta que vale um milhão de dolares é: será que podemos fazer algo para que isso não ocorra mais?
E a resposta é categórica: SIM!
A notícia boa é que a forma como o nosso cérebro reage aos eventos depende de nós. Podemos controlar o medo e ressignificá-lo (aqui entra Freud e seus amigos da Psicologia) a partir do momento em que o tornamos consciente e nos preparamos para enfrentá-lo. Mas como?
Por meio do treinamento de Speakers, apresento aos meus alunos algumas dinâmicas que possibilitam se libertarem de suas “amarras psíquicas” e então conseguir ser os comunicadores que sempre desejaram se tornar ou mesmo superar o desconforto que os desafios profissionais os impuseram.
Os exercícios para este fim foram criados para oferecer a eles pequenas e controladas doses de stress que permitirá aos Speakers desenvolver tolerância e se sobressair durante esse tipo de adversidades, mas tudo isso é feito com muito acolhimento e respeito a cada executivo.
Testar, treinar e preparar o nosso organismo para enfrentar o que nos oferece medo nos auxilia a criarmos mais resistência a ele. Nos treinamentos que ministrei durante anos no Google, sempre utilizamos as emoções a favor dos Speakers e isso traz confiança para que eles possam realizar suas apresentações e ressignificar esse que é um dos mais temidos medos que temos.
Ainda sobre a Neurociência e a experiência de aplicar este tipo de dinâmicas com centenas de executivos, fica claro que quanto mais oferecemos a nossa amígdala novas memórias de situações superadas, melhor será a nossa relação com as adversidades. Isso mostra que se treinarmos nosso cérebro para lidar melhor com o medo, maior será o repertório para que a razão possa ser o novo fator dominante da situação e nos relembrar das estratégias que temos para superar os desafios.
E mais uma boa notícia: o nosso sistema nervoso tem todos os elementos para nos manter tranquilos e seguros mesmo diante de situações estressoras, mas para isso precisamos conhecer as técnicas de como ativá-lo. Foi desta forma que superei duas situações muito complexas: ataques de pânico e plenitude para realizar qualquer tipo de apresentação.
Mas para ativar o nosso sistema nervoso e conseguirmos desativar as nossas “bombas relógio”, que muitas vezes estão prestes a explodir, precisamos fazer a gestão de dois elementos básicos da nossa existência: pensamento e respiração. São eles, que trabalhados de forma consciente e racional podem nos ajudar a virar rapidamente esse jogo!
E quem aqui gosta de enfrentar situações estressantes? Difícil, né?
Mas enfrentarmos esses tipos de dinâmica, preenche o nosso cérebro de estímulos estressores e consecutivamente treina a nossa mente, nos dá condições psicológicas, que somadas com as técnicas de comunicação, é o que verdadeiramente transformam executivos que entraram nas salas de aula com certo receio e saem de lá se sentindo absolutamente preparados para se apresentarem para o público ou mesmo diante de câmeras.
Ah, e vale lembrar que o medo é um grande aliado para nós humanos devido ser um extraordinário mecanismo de proteção. Independentemente da situação que enfrentamos ser real ou imaginária, nosso cérebro nos ajuda a interiorizar uma ameaça justamente para nos fazer reagir a ela. Mas por que isso acontece? Porque a gestora das emoções, este serzinho de apenas 2,5 centímetros que fica no interior do nosso cérebro, chamada amígdala, dispara um “alarme” e desta forma o nosso corpo é instantaneamente inundado por hormônios que terão como missão preparar o nosso organismo para reagir as ameaças. E é por isso que sentimos o nosso coração batendo mais forte, mais rápido e com aquele frio na barriga (fluxo de sangue diminui rapidamente na região gástrica).
Adquirir essa habilidade e treinar as técnicas é o que nos torna seguros para realizarmos as apresentações e superar as adversidades, independentemente de onde for, com quem for ou em qual mídia, pois se tornam mais fortes, resilientes e preparados para os desafios.
Nosso cérebro é uma ferramenta extraordinária, complexa e fragmentada, que trabalham juntas o tempo todo para fazermos o que queremos, porém se soubermos quais são as “chaves para conseguirmos ligar ou desligar” determinadas sensações certamente teremos uma vida mais equilibrada e menos temida.
Depois de “libertar” os Speakers, aí sim vamos para a próxima etapa do desenvolvimento deles que são as técnicas de apresentação e de storytelling, que adicionado a pitadas de autenticidade fazem deles os verdadeiros amigos dos púlpitos, microfones e plateias Brasil a fora.
E você, vamos libertar este grande Speaker que reside aí dentro?