Na SuperVia, concessionária de trens urbanos que atende a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, há um esforço contínuo para igualar a presença de homens e mulheres, mesmo em funções que sempre foram vistas como masculinas
Colunista Mundo RH, Kelly Coelho é gerente-executiva de RH, Comunicação, Segurança do Trabalho e Facilities da SuperVia.
Comemoramos o Dia Internacional da Mulher desde 1975. Durante todo o mês de março, lembramos das conquistas que tivemos ao longo do século XX e refletimos o que ainda precisamos fazer para atingirmos a igualdade de gênero. O caminho é longo, sem dúvida, e recuamos um pouco durante o período pandêmico. De acordo com um estudo feito pela consultoria Tendências, com base em microdados da Pnad Contínua, houve redução da presença de mulheres no mercado de trabalho. Esse percentual caiu de 54,3% no quarto trimestre de 2019 para 52,7% no mesmo período de 2022. Pode parecer pouco, mas as conquistas femininas sempre foram em passos de formiguinhas. Qualquer retrocesso já representa muito.
Na área de recursos humanos especificamente, temos uma responsabilidade grande em fazer com que as mulheres não só sejam aceitas em todas as funções, mas que encontrem um ambiente propício ao seu crescimento. Fazer com que a mulher tenha uma boa colocação profissional atinge diversos aspectos da vida dela e também move toda a sociedade para um futuro melhor.
Na SuperVia, concessionária de trens urbanos que atende a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, há um esforço contínuo para igualar a presença de homens e mulheres, mesmo em funções que sempre foram vistas como masculinas. Esse trabalho tem dado certo. Contrariando a conclusão do estudo da consultoria Tendências, a empresa aumentou em 12% o número de mulheres em seu quadro de colaboradores nos últimos cinco anos. Para ter esse resultado, a SuperVia entendeu que precisava mobilizar toda a empresa, e não apenas “a salinha do RH”. Com um setor totalmente voltado para as práticas ESG, desenvolvemos treinamentos e suscitamos o debate. Mais do que uma determinação do board ou C-level, para que esses esforços deem certo, é preciso sensibilizar os demais líderes e torná-los aliados.
O trabalho vale a pena e nos damos conta disso quando vemos histórias como a da técnica em eletromecânica Valéria Brasiliense, que há quase 20 anos mostra que o trabalho de campo é sim para mulheres. Quando a maquinista Carla Ribeiro foi admitida na SuperVia, há dez anos, a sua área ainda era muito masculina, mas isso vem mudando. Hoje, ela faz parte de um grupo de 70 mulheres que conduzem os trens que levam mais de 350 mil pessoas para seus compromissos diariamente.
Mas, além de incluir, precisamos dar condições de desenvolvimento. É importante, sim, termos lideranças femininas. Na concessionária, Carla e Valéria têm um líder mulher e como representatividade importa, não é mesmo? Atualmente, a SuperVia conta uma diretora de Operações mulher. Rejane Micaelo comanda um sistema complexo na segunda maior região metropolitana do Brasil. Afinal, quem disse que as mulheres não podem mover o mundo?