Demissões em massa no modo 2.0: o RH enfrenta o boss final da humanização
Era uma manhã de quarta-feira como qualquer outra. Jonas, empolgado com o café forte que acabara de tomar, abriu seu notebook para mais um dia de trabalho remoto. Seu semblante vibrante diminuiu um pouco quando o ícone do seu e-mail indicava “1 mensagem não lida” — um e-mail de sua chefe, Mariana.
Clique. O e-mail era curto e direto: “Jonas, gostaríamos de conversar com você. Estamos programando uma reunião para as 10h. Por favor, confirme se poderá participar”.
Aquele toque agridoce de burocracia com um toque de perfume humano assustou Jonas. Ele sabia que nem sempre as notícias por trás desses e-mails são boas. No fundo, ele tinha a sensação de que havia sido jogado em um episódio de “Black Mirror”, onde robôs frios e calculistas assumiram a humanidade.
Bem, não demorou muito e a suspeita de Jonas se confirmou. A reunião era seu adeus, seu “passarinho, voe para outro ninho”. Foi demitido. Por vídeo chamada. No meio de uma quarta-feira comum. Jonas se viu num episódio real de “Black Mirror” e se perguntou: “Será que algum dia o Recursos Humanos vai aprender a ser mais humano?”
O departamento de Recursos Humanos, esse velho amigo que já teve vários nomes e formas, tem um desafio gigante nestes tempos de tecnologia e distanciamento social: como desligar alguém de uma forma mais humana?
A situação de Jonas não é uma exceção. Em tempos de pandemia, demissões por e-mail ou videoconferência tornaram-se mais comuns. Claro, a crise é real, mas a humanização da demissão parece ter saído pela janela junto com o handshaking e o cafezinho no corredor.
É verdade que o e-mail e a videochamada facilitam muito a comunicação, mas também é verdade que eles podem criar um escudo para os gerentes se esconderem, uma barreira invisível que torna mais fácil dizer “Adeus, foi bom enquanto durou” do que ter uma conversa pessoal e significativa.
Na próxima vez que o RH tiver que entregar a notícia temida, talvez possa tirar um momento para se perguntar: “Estou tratando essa pessoa como um número ou como um ser humano?”. A demissão é uma parte inevitável do trabalho, mas o jeito que ela é feita, pode fazer toda a diferença.
E Jonas, ele ainda está procurando o humor em sua situação. Mas, como todo bom brasileiro, ele sabe que a vida é uma grande piada, então ele já está rindo e se preparando para a próxima aventura. E ele tem certeza de uma coisa: da próxima vez que receber um e-mail marcando uma reunião com a chefe, ele vai preparar o café bem forte. E, talvez, colocar um pouquinho de cachaça. Só para garantir.