A Organização Mundial da Saúde (OMS) disponibiliza um manual para aqueles que buscam oferecer suporte inicial no âmbito da saúde mental para indivíduos afetados por crises.
Adriana Noll, Supervisora de RH da Alliance One Brasil
Estamos diante da maior tragédia climática da história do Brasil, se considerarmos os danos nos âmbitos financeiro, ambiental, estrutural e psicológico ao Rio Grande do Sul. De acordo com a Defesa Civil, quase 95% dos municípios gaúchos foram afetados de alguma forma pelas cheias, o equivalente a 471 cidades do total de 497 do estado. Se levarmos em conta a população atingida, são praticamente 1,5 milhão de pessoas.
Enquanto os governos estadual, federal e municipais e a sociedade civil se organizam em diferentes frentes para reconstruírem o Rio Grande do Sul, um assunto que não pode ficar fora de pauta é o apoio psicológico que necessita ser dado às vítimas dessa catástrofe. Como será a vida delas a partir de agora, considerando que muitas ficaram desempregadas, perderam entes ou amigos queridos e suas casas?
Primeiramente, precisamos entender que a abordagem com cada pessoa seja diferente. Ou seja, cada caso é um caso: existem aqueles que querem falar sobre o trauma sofrido e outros não. Mas o princípio básico (que deve ser seguido) é estar disponível para ouvir as vítimas dessa tragédia, sempre ao lado, dando orientações claras e sérias sobre como ajudar. Elas precisam lembrar de que não estão sozinhas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) possui um manual para quem deseja prestar assistência em relação a uma primeira abordagem no que tange à saúde mental das pessoas envolvidas em situação de crise. Ele se chama “Primeiros Cuidados Psicológicos: guia para trabalhadores de campo”, e pode ser conferido não apenas pelos profissionais da saúde e da psicologia, mas também por quem busca ajudar o outro neste momento. O guia, como consta em seu prefácio, “fornece diretrizes básicas para que as pessoas que prestam assistência respeitem a dignidade, a cultura e as habilidades das pessoas assistidas”.
Na mesma linha da OMS, o Ministério da Saúde possui o documento “Respostas emocionais e primeiros cuidados psicológicos em desastres e emergências”, de maio de 2024. Entre as estratégias expostas, estão “oferecer apoio prático, de forma não invasiva; buscar lugar silencioso para conversar, escutando ativamente, mas sem pressionar a pessoa a falar; e manter-se tranquilo, permitir o silêncio e confortar a pessoa, o que a ajudará a também se sentir calma”, entre outras.
No Rio Grande do Sul, houve vítimas dessa tragédia que precisaram esperar ajuda durante dias, por exemplo, não sabendo se o socorro viria, se deparando de frente com a morte. Outras perderam lares e móveis, sendo necessário restabelecer suas vidas. Muitas se encontram atualmente ainda em abrigos, de volta aos lares ou na residência de um conhecido.
Em meio a tantas notícias ruins, vimos o espírito de solidariedade prevalecer, e a empatia caminha de mãos dadas com a solidariedade. Portanto, gostaria de encerrar este artigo indicando os dois guias mencionados anteriormente a fim de contribuir com aqueles que querem prestar apoio a todos que sofrem com essa tragédia, mas não sabem como.