Relatório do Wellhub revela que 88% dos trabalhadores valorizam o bem-estar tanto quanto o salário, mas muitas empresas ainda falham em oferecer suporte adequado.
O estresse no trabalho tornou-se a principal causa de deterioração da saúde mental dos trabalhadores, superando preocupações como a inflação e a ansiedade gerada pelo avanço da Inteligência Artificial (IA). Essa é uma das principais conclusões do relatório “Panorama do Bem-Estar Corporativo 2025”, divulgado pela Wellhub, uma plataforma de bem-estar corporativo que oferece serviços abrangentes em fitness, mindfulness, terapia, nutrição e sono.
O estudo, realizado entre maio e junho de 2024, analisou dados de mais de 5.000 colaboradores de nove países, incluindo Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Ele destacou que 88% dos profissionais consideram o bem-estar tão importante quanto o salário, e que uma parcela significativa estaria disposta a deixar o emprego caso não recebam apoio suficiente para cuidar da saúde mental.
Principais descobertas: estresse no topo das preocupações
De acordo com o relatório, quase metade dos participantes (47%) identificou o estresse no trabalho como a principal causa do declínio de sua saúde mental. Esse índice supera preocupações com a inflação (42%), sobrecarga de informações (14%) e ansiedade relacionada ao avanço das ferramentas de IA (9%). A situação é particularmente grave para as gerações mais jovens, com 54% da Geração Z e 49% dos Millennials relatando o estresse no trabalho como a maior ameaça ao bem-estar mental.
Para os Baby Boomers, no entanto, a inflação ainda é a principal preocupação (42%), indicando uma variação nas prioridades entre diferentes gerações.
A falta de suporte no trabalho pode custar caro às empresas
Uma das estatísticas mais alarmantes do estudo é que 83% dos colaboradores considerariam deixar seus empregos caso a empresa não dê atenção ao bem-estar mental. Isso representa um aumento expressivo em relação aos anos anteriores, indicando que a falta de foco no bem-estar pode ser um fator decisivo para a rotatividade de funcionários. Além disso, 89% dos trabalhadores dizem que só considerariam uma nova oportunidade de emprego se a empresa oferecer programas robustos de apoio ao bem-estar.
A pesquisa também revela que, embora 88% dos colaboradores acreditem que os empregadores são responsáveis por apoiar o bem-estar mental, apenas 59% avaliam positivamente os programas de benefícios oferecidos atualmente.
Geração Z abraça terapia e mindfulness; Baby Boomers, nem tanto
A Geração Z, que é a maior geração do mundo, está mais aberta a cuidar da saúde mental, com 50% dos entrevistados relatando que fazem terapia. Além disso, muitos estão utilizando ferramentas de mindfulness, como aplicativos e aulas de meditação. Em contraste, apenas 24% dos Baby Boomers disseram buscar apoio terapêutico, citando falta de interesse como principal razão para não aderirem a essas práticas.
Curiosamente, três em cada quatro trabalhadores que não frequentam sessões de terapia gostariam de fazê-lo, mas relatam que o custo é o maior obstáculo, especialmente para a Geração Z, Millennials e Geração X. Por outro lado, 39% dos Baby Boomers afirmam que não têm interesse em terapia, vendo-a como desnecessária para seu bem-estar.
Programas de bem-estar impulsionam produtividade e retenção, mas acesso ainda é limitado
Os dados do Wellhub indicam que 79% dos funcionários que têm acesso a programas de bem-estar como terapia, trabalho flexível e apoio à saúde física e mental, utilizam esses serviços ativamente. No entanto, apenas 14% dos colaboradores têm acesso a suporte de condicionamento físico e 11% a recursos de mindfulness, destacando uma necessidade urgente de expansão.
Para empresas que oferecem esses programas, os resultados são evidentes: 69% dos trabalhadores que participam de iniciativas de bem-estar relatam que sua saúde geral é boa ou está prosperando, comparado a apenas 53% daqueles que não têm acesso a tais recursos. Além disso, 59% afirmaram que seu bem-estar melhorou no último ano, contrastando com 38% daqueles sem suporte.
O impacto positivo desses programas também reflete na percepção sobre a remuneração. Entre os colaboradores que têm acesso a programas de bem-estar, 84% sentem que são adequadamente remunerados, contra 61% daqueles que não recebem esse tipo de benefício.
Estresse no trabalho tem impacto bilionário na economia global
Priscila Siqueira, líder do Wellhub no Brasil, destacou que ignorar o bem-estar dos colaboradores não é apenas uma questão de saúde, mas também de estratégia de negócios. “O estresse relacionado ao trabalho é a principal causa do declínio da saúde mental em todas as gerações. Ignorar isso não só afeta o bem-estar individual, mas também resulta em perda de produtividade e alta rotatividade, o que gera custos significativos para as empresas. O bem-estar não é mais um privilégio; é essencial para uma força de trabalho produtiva e engajada”, afirma Siqueira.
O relatório estima que o burnout e a rotatividade voluntária de funcionários custam cerca de US$ 322 bilhões anuais às empresas, o que representa mais de 20% de sua folha de pagamento total. Globalmente, os impactos da ansiedade e da depressão somam US$ 1 trilhão por ano, e a previsão é que esse número chegue a US$ 6 trilhões até 2030.
Métodos para avaliar o bem-estar corporativo e seu impacto
O “Panorama do Bem-Estar Corporativo 2025” é fruto de uma pesquisa global conduzida pela Wellhub entre 21 de maio e 3 de junho de 2024, com mais de 5.000 funcionários de empresas em nove países. O estudo buscou avaliar a situação atual do bem-estar dos colaboradores e analisar se os pacotes de benefícios estão atendendo às necessidades da força de trabalho contemporânea. Além de coletar dados sobre o acesso e uso de programas de bem-estar, o estudo mediu o impacto direto dessas iniciativas no engajamento e na retenção dos funcionários.
O que as empresas precisam fazer para mudar o cenário?
O relatório deixa claro que, em um cenário de competição por talentos, oferecer suporte adequado ao bem-estar pode ser o diferencial entre reter ou perder colaboradores valiosos. Programas de bem-estar devem ir além do básico, integrando soluções que abordem a saúde mental, física e financeira dos trabalhadores. Flexibilidade, acesso a recursos de mindfulness, e apoio terapêutico são apenas algumas das estratégias que podem ajudar a criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
Com o aumento do estresse no ambiente profissional, os líderes empresariais precisam agir para garantir que suas equipes sejam não apenas resilientes, mas também amparadas. A mensagem é clara: investir no bem-estar não é apenas cuidar dos funcionários; é também garantir o sucesso contínuo e sustentável do negócio.