A área de Recursos Humanos ganhou muito com a ampliação da tecnologia e não se pode negar, fugir ou evitar esse avanço
Por Paula Esteves, Co-CEO da Cia de Talentos
Você, provavelmente, já ouviu falar sobre “eliminação” de vagas e funções por causa do avanço da tecnologia. Depois do lançamento oficial do ChatGPT as especulações sobre o fim de algumas posições, inclusive na área de Gestão de Pessoas, são bem intensas e interessantes.
Mesmo antes do ChatGPT, uma pesquisa feita pela Dell Technologies apontou uma mudança significativa em relação às novas vagas de emprego. De acordo com o levantamento, cerca de 85% das profissões de 2030 ainda não foram sequer inventadas. Outra pesquisa, feita pelo The New York Order, estima que 60% das pessoas jovens estão se dedicando a profissões que deixarão de existir.
Esses levantamentos nos dão a dimensão de que a tecnologia está aí para ser observada, compreendida e absorvida por profissionais e empresas, pois ela não vai parar de causar transformações.
São elas que fazem com que profissionais com vasto tempo de carreira precisem se atualizar e reciclar seus conhecimentos. Além disso, faz com que pessoas em início de carreira e estudantes precisem repensar suas rotas na jornada acadêmica e de trabalho e, claro, é um movimento que faz com que as empresas pensem e elaborem novas formas de recrutamento e seleção de pessoas.
A área de Recursos Humanos ganhou muito com a ampliação da tecnologia e não se pode negar, fugir ou evitar esse avanço. Muito pelo contrário, precisamos repensar o que hoje existe de estabelecido e nos apropriar do que as novas ferramentas podem oferecer de bom para o setor.
Com 22 anos de Cia de Talentos, posso dizer que vivenciei muitas mudanças. Quando iniciei, os processos seletivos aconteciam de forma muito diferente. O currículo impresso ainda era comum, as entrevistas quase sempre presenciais, não havia gamificação ou etapas online.
Hoje, utilizamos ferramentas tecnológicas para avaliar estilo de vida, estilo de trabalho, competências socioemocionais e, assim, temos robustez, mapeamentos melhores e maior pluralidade entre as pessoas.
A tecnologia pode ser uma aliada, desde que você lide com ela de forma cautelosa e responsável.
O mesmo acontece com o ChatGPT. Comunicados, anúncios de vagas, criação de onboarding e tantas outras questões corriqueiras dentro de uma equipe de RH serão facilmente construídas com a ajuda de uma IA, que cria textos incríveis a partir das instruções que recebe. Porém, essa inteligência artificial não conhece a cultura organizacional, não está por dentro da proposta de Employer Branding que está sendo desenvolvida, etc.
Assim como em outras áreas, no RH, o ChatGPT poderá dar agilidade e assertividade na produção de conteúdos, contudo, será o olhar humano, a experiência da liderança e a gestão eficiente que farão com que esse apoio tecnológico contribua para ampliar o crescimento e a competitividade da empresa.
Uma pesquisa recente (2022) da Predictive Hire, companhia global de tecnologia de recrutamento, mostra que 55% das empresas aumentaram seus investimentos em automação de recrutamento. Esse crescimento é natural e, provavelmente, não parará por aí. Por isso, minha sugestão é que vocês testem, pratiquem, busquem informações e conhecimentos, não dá (e nem recomendo) para fugir da tecnologia.
Na Cia de Talentos já temos feito isso, nossas avaliações online são pautas em neurociência e recentemente utilizamos o ChatGPT em uma atividade piloto para análise crítica da ferramenta. A ideia foi orientar participantes a terem senso crítico na utilização dela e foi muito interessante notar como a tecnologia pareceu ser quase que mais uma pessoa participante na atividade. Vimos que ela contribuiu para a discussão, mas não substituiu a participação de ninguém.