Do silêncio constrangedor ao networking estratégico: como transformar encontros casuais em grandes oportunidades.
Por Francisco Carlos, jornalista e CEO das Plataformas Digitais Mundo RH e Tec Login
Imagine a cena: você entra no elevador, um espaço pequeno e fechado, com aquele leve som de música ambiente que parece se repetir em um looping eterno. No canto, alguém com o olhar fixo no chão, nas mãos ou no celular. O cenário parece comum, mas o que muitos não percebem é que este cubículo é, na verdade, um verdadeiro palco para um espetáculo chamado “pitch de elevador”.
Sim, aquele curto intervalo entre o térreo e o 12º andar pode ser uma oportunidade de ouro. Não importa se você é um tímido crônico ou um falador nato, o elevador pode ser o lugar perfeito para fazer conexões que mudam vidas. Afinal, networking não precisa ser um evento formal com crachás e cafés mornos. Pode começar ali mesmo, no cotidiano.
A arte de abrir a porta (literal e figurativamente)
A primeira barreira? Quebrar o silêncio. É claro que ninguém está sugerindo um “stand-up comedy” improvisado para assustar o vizinho ou colega de prédio. Mas um simples “bom dia” é um gesto poderoso. Acredite, muitas histórias de sucesso começaram com um cumprimento casual.
Agora, suponha que você troque gentilezas e descubra que a pessoa ao lado é, digamos, da área de marketing. Eis a deixa para um pitch relâmpago. Em vez de um discurso robótico, pergunte algo como: “O que você acha mais desafiador no mercado de marketing hoje?” Pronto, você iniciou um diálogo que pode ir além do elevador e, quem sabe, virar um café ou uma reunião produtiva.
O que é, afinal, um pitch de elevador?
O conceito vem do mundo dos negócios. Trata-se de uma apresentação curta, geralmente de 30 segundos a 1 minuto, para vender uma ideia, projeto ou até mesmo você mesmo. O nome sugere que, se você estivesse no elevador com um investidor ou CEO, teria apenas o tempo da viagem para impressioná-lo.
Mas quem disse que essa regra vale apenas para grandes empresários? Se você está procurando uma nova oportunidade de emprego, precisa de parcerias ou até quer divulgar o bolo de pote incrível que vende no prédio, o pitch de elevador pode ser sua arma secreta.
Os elementos de um bom pitch
- Clareza: Saiba exatamente o que quer dizer. “Oi, sou designer especializado em criar marcas memoráveis para pequenos negócios.” Claro, direto e interessante.
- Objetividade: Foco é tudo. Não se perca explicando sua vida desde o nascimento. O tempo é curto, e o impacto precisa ser rápido.
- Empatia: Ouça a pessoa. O bom pitch é um diálogo, não um monólogo.
- Autenticidade: Seja você mesmo. Nada de discursos decorados que soem artificiais.
Elevadores, cafés e filas de pão
É claro que o elevador é só um exemplo. A magia do pitch pode acontecer na fila do pão, no café da esquina ou até enquanto você espera seu voo atrasado no aeroporto. O segredo está em estar preparado para enxergar cada interação como uma oportunidade de troca.
E tem mais: nem todo pitch precisa ser uma venda. Às vezes, ele é só o início de uma amizade. Você pode descobrir que o vizinho tem o mesmo interesse em maratonar séries ou que a pessoa no aeroporto leu o mesmo livro que você. Um contato leve hoje pode virar um parceiro de negócios amanhã.
Humor: o tempero da abordagem
E se o silêncio do elevador ainda te deixar desconfortável, use o humor a seu favor. Um comentário sobre a lentidão do elevador ou a previsão do tempo pode quebrar o gelo. “Dizem que o elevador é mais rápido que o café do térreo… Será que dá para combinar os dois?” Pronto, você arrancou um sorriso e, com sorte, iniciou uma conversa.
Erros comuns e como evitá-los
- Forçar a barra: Não transforme uma conversa casual em um infomercial desesperado.
- Esquecer do contexto: Um pitch é uma oportunidade de conectar, não uma entrevista de emprego formal.
- Não ter um cartão ou contato: Seja digital ou físico, deixe algo com a pessoa para que ela possa te procurar depois.
De mudo e cego a mestre do networking
Da próxima vez que entrar em um elevador, olhe ao redor. Quem sabe ali está o futuro parceiro de negócios, mentor ou até amigo? Aproveite o tempo de viagem para ser curioso e criativo. O pior que pode acontecer é um silêncio desconfortável — que, convenhamos, já era o plano inicial de qualquer forma.
Em um mundo onde cada vez mais vivemos imersos nas telas, a habilidade de puxar conversa e conectar-se com pessoas reais é um diferencial poderoso. Então, caro leitor, que tal transformar o próximo silêncio no elevador em uma oportunidade? No mínimo, você sai com uma boa história para contar. E quem sabe, um novo contato no WhatsApp ou no LinkedIn.