Com o avanço da transformação digital e a evolução das competências no mercado, o design instrucional assume um papel estratégico nas empresas, unindo dados, empatia e impacto real nos negócios.
Por Eduardo Mitelman, CEO da DNA Conteúdo Digital
O LinkedIn divulgou recentemente uma pesquisa sobre as habilidades em alta no Brasil em 2025, revelando um dado expressivo: até 2030, 70% das competências exigidas nas funções atuais serão diferentes. Já o relatório Future of Work, do Fórum Econômico Mundial, aponta que, no mesmo período, 22% dos empregos mudarão completamente, e 63% dos empregadores globais apontam a falta de habilidades como a principal barreira para a transformação empresarial.
Esse é o grande desafio que os designers instrucionais enfrentarão. Por isso, devem estar atentos à necessidade de se tornarem cada vez mais estratégicos dentro das organizações.
O Designer Instrucional (DI) é o profissional responsável por conectar as necessidades de capacitação das empresas aos colaboradores, que precisam aprender novas formas de fazer aquilo que já fazem — ou ainda, atualizar habilidades para encarar os novos desafios do mercado. Para isso, ele projeta experiências de aprendizagem personalizadas, alinhadas a objetivos educacionais e organizacionais específicos.
Mais do que criar treinamentos, o DI deve ser um agente de transformação, conectando suas ações às metas da empresa. Por exemplo: se uma organização deseja melhorar os resultados comerciais, o papel do designer instrucional é investigar as causas da lacuna de desempenho — como carência de conhecimento técnico ou habilidades interpessoais — e, a partir disso, propor soluções eficazes.
Em outras palavras: não basta atender a demandas, é preciso questioná-las.
Por que esse treinamento é realmente necessário?
Que mudanças ele deve provocar?
Quais são os indicadores de sucesso esperados?
Como esse programa impactará os resultados financeiros ou operacionais?
Essa postura consultiva e estratégica, somada à empatia de tornar o conteúdo acessível ao colaborador que precisa aplicá-lo na prática, é o que garante resultados consistentes para os negócios.
Outro aspecto fundamental é compreender como os adultos aprendem — a chamada andragogia. Profissionais e executivos vivem rotinas intensas e, por isso, só se envolvem com treinamentos que entregam valor imediato e aplicável.
É nesse contexto que o conceito de edutainment (educação + entretenimento) se destaca, criando experiências imersivas e dinâmicas que tornam o aprendizado mais atrativo e eficaz.
Essa união entre criatividade e tecnologia não só torna o processo de aprendizagem mais leve, como também alinha os treinamentos às metas estratégicas da organização — seja reduzindo gaps de habilidades, seja melhorando indicadores de desempenho. O resultado? Programas que encantam os participantes e demonstram impacto por meio de dados reais, como taxa de aplicação prática e ROI (Retorno sobre Investimento).
Mas não basta entregar um bom conteúdo. O uso de Analytics deixou de ser opcional. Ele é essencial para personalizar a experiência, medir engajamento e comprovar resultados. Imagine um treinamento onde é possível rastrear quais módulos foram mais acessados, quanto tempo foi dedicado a cada etapa e como o conhecimento foi aplicado. Ou seja:
Quantos realmente colocaram em prática o que aprenderam?
Quais lacunas permaneceram após o curso?
Esses dados permitem otimizar os programas continuamente e justificar investimentos em L&D (Learning and Development) com base em resultados concretos.
Ao final, o sucesso do design instrucional depende de profissionais que entendam o negócio, dominem os dados e coloquem a empatia no centro da experiência de aprendizagem. Em um cenário em constante transformação, não há mais espaço para treinamentos genéricos ou acomodação. O design instrucional do presente — e do futuro — é aquele que transforma negócios, pessoas e resultados.