A transformação global do mercado de trabalho e a ascensão dos talentos sem fronteiras.
Por Cristiano Soares, Country Manager da Deel no Brasil
O mercado de trabalho tem enfrentado uma transformação significativa em todo o mundo, e essa também é uma realidade no Brasil. Com a crescente globalização e evolução tecnológica, as empresas têm cada vez mais reconhecido a importância de procurar talentos além das fronteiras nacionais, impulsionadas pela necessidade de inovação e competitividade. Esse tipo de prática não só amplia o leque de opções para as empresas brasileiras, mas também coloca o país como um importante fornecedor de talentos para empresas ao redor do mundo, o que torna o mercado de talentos cada vez mais competitivo, porém cheio de oportunidades.
Esse “futuro do trabalho” foi tema do último encontro do Círculo de Líderes da Deel, que realizamos trimestralmente no Brasil e em outros lugares do mundo, reunindo altos executivos de recursos humanos de grandes empresas locais. Nosso objetivo é discutir as melhores práticas de gestão de pessoas, visando colaborar para um setor cada vez mais inovador. No último fórum, realizado em maio, contamos ainda com a presença de Pedro Waengertner, fundador da Ace Ventures, que liderou a conversa sobre intraempreendedorismo e inovação nos grandes mercados tradicionais.
Entre nossas discussões, notamos algumas particularidades sobre o cenário brasileiro – enquanto as grandes empresas dos Estados Unidos são da área de tecnologia, os grandes players do Brasil são focados em commodities, como petróleo, energia, mineração, etc. Mais tradicionais, esses mercados carecem de iniciativas inovadoras e tecnológicas no que diz respeito ao setor de RH, o que resulta em uma área de gestão de pessoas pouco conectada e com espaço para amadurecimento, algo já notável na região em relação ao resto do mundo.
Outros insights que surgiram em nossas conversas foram mais diretos e objetivos:
- Contratar e reter talentos está exigindo cada vez mais das empresas, com maior foco na flexibilidade e menos em outros benefícios.
- A evolução da IA exige novas regulamentações, à medida que as relações de trabalho estão mudando.
- O RH se posiciona de forma cada vez mais estratégica dentro das empresas.
- RH e marketing irão colaborar para influenciar a narrativa pública em torno da experiência do empregado.
Essas discussões refletem a crescente globalização do trabalho. Atualmente, segundo nossa pesquisa anual Global Hiring Research, o Brasil é o quinto maior fornecedor de talentos para empresas estrangeiras, atrás apenas das Filipinas, Estados Unidos, Argentina e Colômbia. Isso mostra que nossos profissionais são reconhecidos e valorizados fora do país por suas competências, habilidades, adaptabilidade e criatividade. O mesmo relatório também mostra que o número de trabalhadores do Brasil contratados por empresas internacionais aumentou em 46% no último ano, indicando que os profissionais brasileiros estão aproveitando as oportunidades do trabalho sem fronteiras, com mais opções de escolha, aprendizado e remuneração.
O outro lado do balcão também tem se movimentado na internacionalização de talentos, e notamos um aumento de 50% nas contratações no exterior feitas por empresas locais no último ano, indicando que equipes globais e diversificadas são uma tendência em todos os lugares do mundo – inclusive no Brasil.
Claro, existem benefícios e desafios. À medida que o formato de trabalho evolui, as empresas ganham a possibilidade de contratar os melhores talentos do mundo, independentemente de sua localização. Contudo, precisam se adequar a diversas questões legais, operacionais e culturais de cada país. E com mais competitividade para cada vaga, o modelo traz desafios também para os profissionais.
Nesse contexto, a qualificação é fundamental. Habilidades como adaptação, flexibilidade, autonomia e responsabilidade são essenciais para lidar com as diferenças culturais, legais, éticas e sociais que envolvem este modelo de trabalho. Há, ainda, a vantagem do salário em moeda estrangeira, que é um atrativo extra para muitos candidatos.
Minhas convicções sobre o futuro do trabalho só foram reforçadas com o último Círculo de Líderes da Deel, e não temos como voltar atrás. Estamos mais globalizados do que nunca, e nossos talentos sabem disso. Portanto, entendo que as empresas também devem dar um passo à frente, transformando positivamente sua relação com profissionais diversos, rompendo fronteiras. Aqueles que souberem aproveitar essa tendência terão mais chances de se destacar no mercado, criando empresas e profissionais prontos para o que vier a seguir.