O equilíbrio entre flexibilidade e conexão humana no ambiente corporativo.
Colunista Mundo RH, Fabiana Galetol, Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee
Nos últimos anos, o mundo corporativo presenciou uma transformação sem precedentes nos formatos de trabalho. A migração em massa para o home office durante a pandemia foi uma resposta emergencial que revelou novos modelos, mas também levantou questionamentos sobre o equilíbrio entre produtividade, bem-estar e conexão humana. Agora, à medida que muitas empresas optam pelo retorno ao formato presencial, surge a reflexão: quais são as vantagens dessa decisão para profissionais e organizações? E como implementá-la de forma estratégica e sensível?
Um movimento que ganha força
Embora o trabalho híbrido e remoto continue sendo a preferência de muitos, o retorno ao escritório vem se consolidando como uma tendência significativa no mercado de trabalho. De acordo com a 27ª edição do Índice de Confiança Robert Half, o modelo híbrido ainda é o mais adotado, com 58% das empresas operando dessa forma. No entanto, 35% das companhias já funcionam integralmente no formato presencial, enquanto apenas 7% permanecem exclusivamente remotas. Esses números revelam mais do que uma busca por maior controle organizacional: evidenciam o papel essencial do ambiente presencial na construção de vínculos entre colaboradores, no aprendizado informal e no fortalecimento da cultura corporativa.
Uma pesquisa sobre felicidade e engajamento no trabalho, conduzida pela Pluxee em parceria com o The Happiness Index, revelou que a conexão humana é um dos principais fatores que impactam positivamente o engajamento dos colaboradores. O estudo mostrou que profissionais que se sentem conectados aos colegas e à cultura da empresa são 35% mais propensos a relatar altos níveis de satisfação no trabalho.
As vantagens do formato presencial
O retorno ao trabalho presencial oferece benefícios que vão além da produtividade. Ele permite:
- Fortalecimento da cultura organizacional – O convívio no mesmo ambiente facilita a troca de ideias, a vivência dos valores corporativos e o fortalecimento do propósito comum. O aprendizado informal que acontece no “cafezinho” é insubstituível.
- Aceleração do desenvolvimento profissional – A proximidade com líderes e colegas favorece a troca de conhecimento e o aprendizado prático, especialmente para profissionais em início de carreira, que se beneficiam do contato direto com mentores e equipes experientes.
- Engajamento e senso de pertencimento – O ambiente presencial promove interações espontâneas e relações mais próximas, elementos fundamentais para fortalecer o senso de pertencimento.
- Saúde mental e bem-estar – Embora o home office ofereça flexibilidade, também traz desafios, como a sensação de isolamento. Estudos indicam que ambientes colaborativos e presenciais ajudam a reduzir a desconexão e a solidão.
Como repensar o retorno presencial?
Adotar ou reforçar o modelo presencial não deve ser apenas uma decisão operacional; exige estratégia e cuidado. Para que o retorno seja bem-sucedido, as empresas precisam considerar alguns aspectos:
- Flexibilidade e adaptação – Modelos 100% presenciais podem não ser ideais para todos. Oferecer flexibilidade em dias e horários pode suavizar a transição.
- Comunicação clara – Explicar os motivos do retorno e envolver os colaboradores no processo decisório é essencial para evitar resistência.
- Espaços acolhedores – Modernizar escritórios e criar ambientes que inspirem inovação e colaboração pode ser um diferencial.
- Investimento em benefícios – Apoiar o bem-estar dos colaboradores com incentivos, como auxílio-transporte, refeições ou atividades de lazer, reforça a valorização profissional.
Um convite à reconexão
O formato presencial não deve ser visto como um retrocesso, mas como uma oportunidade de reconexão e engajamento. Ele resgata o calor humano e reforça o propósito coletivo que sustenta o sucesso organizacional.
O futuro do trabalho não se resume a uma dicotomia entre “presencial ou remoto”. Trata-se de encontrar um equilíbrio entre “presencial e flexível”, “individual e coletivo”, “produtivo e humano”. Ao priorizar a conexão e a felicidade dos colaboradores, as empresas têm a chance de redefinir não apenas o formato de trabalho, mas também o significado de sucesso no mundo corporativo.
Por isso, ao considerar o retorno ao presencial, o mais importante não é o “onde”, mas o “como”. O trabalho que inspira nasce da confiança, do cuidado e do desejo genuíno de transformar a empresa em um espaço de realização para todos.