Em um dado momento de uma conversa com um colega que lê os artigos que publico, perguntei para ele qual tema ele gostaria que eu escrevesse em minha próxima coluna, e ele sem titubear me sugeriu que desenvolvesse um artigo que trouxesse reflexões sobre o futuro dos empregos.
A partir daí que surgiu o título deste artigo, O futuro dos empregos dependerá da tecnologia “off-line”, onde pretendo trazer reflexões a luz de um mundo que não se desliga da tecnologia, e que por isso têm dificuldades, até certo ponto antagônicas, de apoiar a conexão entre as pessoas.
Escrever sobre este tema direcionou o meu “radar” para o futuro, e me fez ter contato por indicação de outro amigo, com algumas séries do Netflix (atuais e antigas), dentre elas a intitulada de Black Mirror, que foi criada por Charlie Brooker, e que apresenta uma ficção especialmente voltada para as consequências imprevistas, decorrentes da utilização cotidiana das novas tecnologias.
A terceira temporada da série Black Mirror retrata um mundo onde tudo está baseado nos resultados das avaliações (rating), que as pessoas fazem uma das outras utilizando um aplicativo de celular. O resultado consolidado das avaliações “online” impacta diretamente nas relações sociais e comerciais das pessoas, e com isso cria um mundo de aparências e falsidade.
A velocidade das mudanças impulsionadas pela utilização de novas plataformas tecnológicas, alterou o nosso modus operandi de viver, conviver, se relacionar, trabalhar e principalmente mudou a noção de tempo que tínhamos para fazer as coisas, ou seja, hoje qualquer hora pode ser hora.
Para avançar na reflexão proposta para esta coluna, é imprescindível que vocês assistam vídeos ou pesquisem sobre a revolução que estamos passando com a chegada em nossas casas dos assistentes virtuais inteligentes, como a Alexa da Amazon.
Qual o impacto teria em sua vida, se hoje não tivéssemos mais acesso a tecnologia? E com o apoio de assistentes virtuais inteligentes, como seria?
Segundo Rita Loiola, em seu artigo publicado na Revista Galileu sobre o Futuro do Trabalho, as hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção, chegaremos a era do trabalho free-lance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Ela vê ainda que entraremos no tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e da criatividade (A Era do Blockchain de Talentos).
Quando as novas gerações chegarem totalmente ao comando das empresas, elas vão colocar em xeque antigos dogmas, dentre eles o da presença física no trabalho. Além disso, eles irão trazer para a “mesa“, a discussão da importância do intraempreendedorismo (ao mesmo tempo que você é empregado você é empreendedor, criando um fenômeno conhecido como intraempreendedorismos).
Segundo a redação do site “O futuro das coisas em tecnologia”, estima-se que 65% das crianças que hoje entram nas escolas, provavelmente irão trabalhar em funções que atualmente não existem.
Neste contexto de mudança será decisivo a preparação dos nossos filhos, dos alunos, dos colegas e dos profissionais para que aproveitem o poder da tecnologia para transformar o nosso mundo em um lugar melhor.
Segundo Paulo Vicente, renomado professor da Fundação Dom Cabral (FDC), precisaremos desenvolver novas competências, principalmente as que estão na coluna roxa intitulada de Empresa dispersa.
A querida e competente professora Elizabeth Rezende Fernandes (Beth), também da Fundação Dom Cabral, compartilhou comigo os avanços das suas recentes pesquisas sobre identidade organizacional e vínculo de gerações, e deixou claro que a coragem, a cooperação e a perseverança serão atitudes que a cada dia serão mais vivenciadas.
Concluo esta coluna destacando que o futuro dos empregos dependerá da tecnologia “offline”, que na verdade são as relações humanas face a face. Precisamos ter de volta o “online” das relações humanas, pois estamos perdendo, prova disso é que a maioria das competências acima destacadas pelo professor Vicente como necessárias para o futuro são pautadas no humano.
Acredito no poder imensurável do amor e da empatia para a constante evolução humana, e quando falo em amor não tem como não lembrar no maior amor, que para mim é o amor de mãe, e que neste momento passa por dificuldades decorrentes do mundo moderno, onde o tempo de criação dos filhos se vê dividido com outros assuntos do dia a dia (isso envolvem o apoio dos pais também nesta criação / educação), impulsionados pela tecnologia.
Precisamos nos desconectar para conectar.
Por Gustavo Mançanares Leme – Executivo de RH com experiências em processos de transformações culturais e turn around de negócios. Estrategista e especialista em práticas de excelência em desenvolvimento e performance organizacional.