Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, CEO, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.
Além desta visão, a Governança envolve também um olhar sobre as estratégias que podem ser trabalhadas pelos sócios, conselho, diretoria/CEO e órgãos de fiscalização de forma a ter planos de longo prazo na geração de valor para a referida empresa.
Nos últimos tempos a Governança vem mudando e, se até um passado recente o foco estava em monitorar e acompanhar o Conselho, CEO e Diretores, dever de diligência e de lealdade, atualmente, à esta lista foi acrescentada o papel de Liderança que o Conselho de Administração vem incorporando.
Não seria uma liderança castradora, mas é um papel que deve saber quando liderar, quando atuar em parceria e quando ficar fora do caminho, sempre com o intuito de trazer valor para o negócio. Esta liderança implica que os conselheiros se concentrem resolutamente no que é bom para a empresa, independentemente do orgulho ou de custos pessoais incorridos. Um mandamento que é interessante sempre manter em mente é “a missão em primeiro lugar” ou, na célebre frase de Peter Druker, “Liderança é fazer a coisa certa”… livre de interesses comerciais ou do orgulho pessoal.
Este grupo de atores, trabalha muito via provocações e conflitos e, nem sempre estão olhando para a mesma direção, para o mesmo lado. Significa que os comportamentos estão sempre acirrados e, na sala do Conselho de Administração, os conselheiros são admitidos pela competência técnica e demitidos por falta de atitudes ou comportamentos que demonstrem forte Inteligência Emocional, querendo dizer, muita empatia, ótimo relacionamento interpessoal e uma comunicação clara, simples e objetiva.
Voltando ao olhar da Governança, ela será tão mais efetiva quanto mais puder colher as informações diretas das mais diversas fontes (CFO, Engenharia, Diretor de RH e outros Diretores & CEO…), evitando assim “filtros” de informação, ou seja, receber sempre informações muito confiáveis.
De acordo com o Prof. Bernardo Lopes Portugal, Prof. convidado da Fundação Dom Cabral, ele entende que, na linha de trabalharmos para desenvolvermos uma Governança alinhada a Legislação atual, alerta aos riscos e responsabilidade jurídica dos conselheiros & conselho de administração, devemos compreender os deveres e obrigações dos Conselheiros perante Stakeholders e Shareholders e, entender a extensão do risco patrimonial do cargo, assim como adotar as melhores práticas que devem minimizar efeitos da constrição patrimonial. Não menos importante, o Prof. Bernardo Lopes Portugal defende a interação das melhores práticas de Governança com Compliance e Gestão de Riscos.
Não poderíamos deixar de citar uma frase de Salim Matar:
“Não quero ser dono… quero ser gerador de valor…dono visível”.
Uma pesquisa da McKinsey, concluiu que os Conselhos não podem ser superficiais, devem ajudar a criar estratégias com alçadas claramente bem definidas e muito menos se mostrarem numa gestão com olhar no microgerenciamento.
Ainda, sob o foco da Governança, os Conselhos têm, como papel, melhorar a qualidade das decisões!
Uma analogia muito interessante foi colocada assim:
“O Conselho deve ter o papel similar ao algodão entre cristais” e, como cristais entenda-se todos com os quais o Conselho trabalha, se relaciona, com o objetivo de ajudar na Governança de uma empresa e colher os melhores resultados.
Para entendermos como esta intrincada relação acontece entre os vários atores e órgãos temos duas visões que ilustram as relações:
– 40% dos CEOs consideram o Conselho de Administração um mal necessário;
– e 76% dos Conselheiros acham que os CEOs reagem, muito mal aos seus questionamentos;
A Governança, para sobreviver, demanda dos atores envolvidos:
– que tenham um alto nível de desejo de acertar;
– uma vontade extremamente elevada e um grau de envolvimento fortemente alinhado com o propósito da Empresa;
Para concluir, o “G” tem um papel fundamental quando entendemos quem são os principais atores (o “G” de Gente):
– CEO ou Presidente
– Presidente do Conselho
– O Conselho em si
– Sócios
– Conselheiros
– Conselheiros e Participantes dos Comitês
– Diretor de RH e Executivos
que atuam no melhor interesse da Empresa e da sua Governança.
Por Antonio J. M. Ornellas, especialista em gestão de carreira daTCS – Talent Creative Solutions