Whiny Fernandes é especialista em Employer Branding e co-fundadora do Employer Branding Brasil
Com a chegada das startups foi possível notar muitas mudanças e evolução no mundo corporativo e até empresas mais tradicionais tentando seguir o exemplo das jovens empresas de tecnologia em vários aspectos. Com isso, tornou-se comum vermos nos pilares das empresas mensagens de encorajamento ao time para serem cada vez mais autênticos. Se procurarmos o significado dessa palavra no dicionário encontraremos: “qualidade, condição ou caráter de origem comprovada”. Mas, na prática, você sabe o que é ser uma pessoa autêntica? E será que o mundo corporativo está realmente preparado para lidar com um time 100% autêntico?
Dentro de uma empresa a função que pode ser considerada a mais difícil de se ter autenticidade é a liderança. Em seu novo livro best-seller da Amazon, Lead Like a Human, Emplify Chief People Officer, Adam Weber define um líder autêntico como “alguém que deseja e é capaz de ser ele mesmo e lidera de uma forma que parece natural para quem ele é como pessoa”. Levando isso em conta podemos dizer que para liderar de forma autêntica é preciso se mostrar vulnerável, não se colocar em um pedestal, estar ciente que você não é dono da verdade e que não precisa salvar o dia, estar presente no momento, ser fiel aos seus valores, defender seu time, dar espaço para que possam ser eles mesmos, expor o que está dando certo, mas também o que está dando errado, sendo transparente.
Resumidamente, para ser um líder ou até mesmo uma pessoa autêntica em qualquer área da sua vida é preciso, basicamente, ser quem você é mesmo, o que hoje em dia necessita de coragem. Pois não seguir o que todo mundo diz, ainda mais em tempos em que a internet pode te levantar e te derrubar com apenas um tweet, pode dar medo. E ainda pensando nos julgamentos digitais me vem outro questionamento: Quantas pessoas fingem ser autênticas baseadas nos juízes da internet? Isso me faz lembrar de um líder, que toda segunda-feira chegava e perguntava como tinha sido o final de semana do time, mas na verdade ele não queria saber, só estava perguntando para parecer que ele se importava.
O receio de ser autêntico, ainda mais enquanto líder é uma questão delicada, pois os líderes são vistos como pessoas superiores que sabem de tudo e eles mesmos sentem essa pressão de ser assim, mesmo tendo acabado de ocupar o cargo. E onde fica o espaço para o líder aprender a liderar na prática? As empresas precisam se preocupar em dar liberdade para esses profissionais serem eles mesmos, errantes, aprendendo e crescendo junto com o seu time para que a empresa como um todo possa se tornar cada vez mais autêntica e sem ter medo de demonstrar suas vulnerabilidades. Afinal, aquele que diz saber de tudo dificilmente conseguirá aprender coisas novas e evoluir.
O grande ponto da autenticidade não é ser perfeito e sim assumir suas imperfeições sendo honesto consigo mesmo e, a partir daí, trabalhar para se tornar sua melhor versão. E as empresas deveriam cada vez mais empoderar e valorizar colaboradores autênticos, pois deles podem surgir as melhores ideias já que eles não estão presos em uma caixa tentando se adaptar a algo.
Para estimular essa prática, recomendo que líderes e funcionários façam uma avaliação de personalidade, como “Descubra Seus Pontos Fortes” ou “MBTI” e compartilhem as descobertas. Essas avaliações não apenas permitem que os indivíduos se conheçam, mas também permitem a autodescoberta e o aprimoramento da dinâmica da equipe.
A autenticidade é um processo de autoconhecimento que caminha com a maturidade emocional e psicológica. E é importante se atentar às pessoas que dizem que você pode ser quem realmente é, mas ditam como você deve se vestir. A autenticidade não está apenas ligada ao vestuário descolado das startups, ou formal como em grandes bancos. Seja você mesmo.