Com o mundo avançando para seu segundo ano de instabilidade por conta da pandemia, o fator emocional se desestruturou e impactou a vida de milhares de brasileiros. Manter-se vivo se tornou o objetivo óbvio. Mas, lembre-se, o óbvio não é tão reducionista assim. Esteja você trabalhando muito, ou esteja você também consumido em busca de um trabalho, ambos demandam seu físico e emocional. Por isso, precisamos estar em equilíbrio.
Chamo a atenção para diferentes cenários ligados ao trabalho formal ou informal. Como diz um dos versos do poeta Mário Quintana: “Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz”.
Nestes últimos 16 meses, afirmo que aprendemos muito: ser mais empáticos, conceito que era muito falado e pouco praticado; resgatamos a perseverança, nutrindo um combustível otimista onde em outras épocas, talvez, jogássemos a toalha; adotamos a solidariedade como algo intuitivo e não demandado; valorizamos mais as relações interpessoais; o comportamento multitask obrigatório para muitos que estão em home office, cuidando do lar, de idosos, de filhos, de pets e, claro, das conexões virtuais do trabalho que se proliferaram como gremelins -filme dos anos 80 e que vale a pena assistir para rir e espairecer um pouco com uma comédia de terror produzida por Spielberg-.
Portanto, priorizar a Saúde Integral é o principal objetivo para boas práticas, atitudes e comportamentos para nos cuidarmos e multiplicarmos inspirações construtivas. É responsabilidade minha, sua, de seu colega, de seu vizinho, de seu líder, de seu par, de seu liderado, de todos que aqui lembrarmos. Começando em primeira pessoa, não delegue. Não transfira. Sejamos corresponsáveis sim, mas, jamais omissos conosco mesmo.
Em 2017, pesquisadores da Universidade Stanford (EUA) descobriram que um grupo de neurônios, ao qual chamaram de complexo de Pre Bötzinger, regula o equilíbrio entre a respiração e a atividade cerebral relacionada à calma e ao estresse.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. Além disso, o país ocupa o primeiro lugar quando a questão é a prevalência de casos de ansiedade.
Mas, como ser saudável no sentido pleno da expressão? De novo, o óbvio que não é óbvio! Listo algumas práticas que devem contribuir:
–Disciplina: seja disciplinado com seus horários. Force-se a revezar seus movimentos. Ficar sentado ou em pé por horas é prejudicial, todos já sabemos;
–Hidratação: tenha sempre uma garrafa de água por perto e beba líquido;
–Tempo: entre em acordo com pares, líderes e demais, de forma clara, as regras sobre o tempo de trabalho, o tempo de pausa e o tempo desconectado. Faça pausas forçadas além do alongamento corporal para seus olhos e respectiva visão, estando atento também para uso indiscriminado de fones de ouvido, tenha cuidado com esta prática;
–Ergonomia: se trabalhar direto conectado ao micro, veja a altura da tela, como está o apoio dos pés, se a coluna está posicionada corretamente, há vários estudos na web sobre ergonomia e que você em casa pode aperfeiçoar sua estação de trabalho;
–Alimentação: não pule refeições ou troque por guloseimas ao longo do dia, se alimente corretamente e fora da tela e respectiva conexão, isto não faz bem. Busque alimentos saudáveis, muitos vegetais, legumes, frutas e o importante, não desperdice.
-Meditação: busque meditar, não complicar. Meditação tem a ver com serenidade, compreender a respiração e se permitir uma leveza na mente, sentir sua respiração física, reduzir ansiedade. Tente antes de falar que não sabe ou não consegue;
-Crença: independentemente da sua religião, acredite em uma força do bem. Seja você católico, budista, espírita, o que importa é a crença no bem transformador que traz esperança em nossas vidas;
-Solidariedade: faça o bem. Busque com os devidos cuidados que a pandemia requer, contribuir com tantos que precisam de uma palavra, de um alimento, de uma roupa, de escuta empática, de um afago no psicológico. Faça a sua parte no mundo;
–Mudança: veja em casa se você pode mudar algo de lugar e ter um novo ambiente, ousar mudar a cor de um canto e que tal você mesmo pintando para espairecer? Reciclar uma roupa, sem ter que comprar uma nova, não estamos no mundo em tempos de consumismo desenfreado. Se você está concentrando toda a sua atividade em casa, você precisa identificar atrativos que façam você se sentir bem. Já experimentou pequenas singularidades no espaço. Uma planta nova, por exemplo.
-Hobby: dedicar-se a algum hobby é altamente saudável. Que tal potencializar aquela habilidade que acreditava ter e não exerceu até agora? Não deixe para depois. Fazer receitas na cozinha? Bordar? Pintar? Cuidar da terra? Se puder, adotar um pet e tiver como cuidar de um animal de estimação? Escrever poemas? Quem sabe iniciar um projeto de um livro? Verifique o que te deixará bem, com a mente brincando aprendendo e produzindo, isto é fundamental.
-Relaxe: para ter mais insights, seu cérebro precisa ter momentos de relaxamento. Desfocar de problemas, para buscar soluções, ter novas inspirações. Tente dormir mais. Sim, sono e descanso fazem bem a mente e ao corpo.
-Exercite-se: se puder, ande de bicicleta, caminhe, nade, alongue-se. Se não puder fisicamente, exercite sua mente e suas ações em prol do bem. Movimente a alma.
-Se permita: assuma as suas vulnerabilidades. Todos nós temos nossos momentos de fragilidade. Não somos máquinas, temos medos, anseios, dúvidas, preocupações, dores e compreender isto já é um ponto de partida para nosso equilíbrio emocional. Ame mais. Esteja presente na vida de seus familiares, colegas, pessoas que não tem contato há tempos, mas, admira. Estar presente independe do presencial, neste caso, abuse da tecnologia;
O óbvio que é cuidar de si, do outro e de nosso planeta, parece nada óbvio. Já dizia Clarice Lispector, o óbvio é a verdade mais difícil de enxergar.
Por Cláudia Danienne: empresária com know-how de mais de 25 anos de mercado profissional, com diversificadas experiências ligadas a Recursos Humanos, tornando-se uma referência em Gente & Gestão. À sua formação inicial de Psicóloga, agrega cursos complementares na Harvard Business School, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT em Boston, nos Estados Unidos), na FDC/ INSEAD na França-além de Disney Institute (EUA), IBMEC (Rio de Janeiro), entre outras instituições de renome.