Na visão de Tavane Gurdos, da Alura + FIAP Para Empresas, o RH deve liderar a transformação digital com inteligência humana, senso crítico e foco no desenvolvimento de pessoas para integrar a IA de forma estratégica e ética nas organizações.
Por Francisco Carlos – Especial para o Mundo RH
Em um momento em que a inteligência artificial deixa de ser uma promessa e se torna parte ativa do dia a dia das organizações, o desafio das empresas já não é mais “se” irão adotá-la, mas “como” e “com que propósito”. E neste cenário, segundo Tavane Gurdos, diretora geral da Alura + FIAP Para Empresas, o RH tem um papel essencial e estratégico: liderar a transformação, capacitar pessoas e garantir que a tecnologia potencialize — e não substitua — o talento humano.
“A IA é uma ferramenta muito poderosa. Mas é fundamental entendermos onde ela realmente gera valor. Assim como fazemos onboarding de novos colaboradores, a inteligência artificial também precisa ser inserida aos poucos, com clareza e estratégia”, explica Tavane.
Como começar a integrar a IA nas organizações
Para Tavane, o primeiro passo para incorporar a IA de forma eficaz é mapear onde ela pode de fato agregar valor aos processos. “Não se trata de sair aplicando todas as ferramentas em tudo. É preciso avaliar os dados disponíveis, treinar a IA com as informações da empresa, e adaptá-la à cultura, aos valores e ao modo de operação do negócio”, pontua.
Segundo ela, a IA não pode ser uma solução genérica, mas deve ser ajustada a cada área: marketing, tecnologia, finanças, jurídico e, claro, o RH.
O RH como protagonista da transformação digital
Ao ser questionada sobre o papel do RH nesse novo momento, Tavane é enfática: “O RH tem um papel fundamental. Não apenas pode, mas deve liderar a integração entre estratégia de negócios, capacitação de pessoas e uso inteligente de tecnologia.”
Ela cita uma pesquisa do Gartner que destaca as prioridades do RH para os próximos anos: formação de lideranças, estrutura organizacional, cultura e tecnologia aplicada à gestão de pessoas. “O RH precisa preparar os colaboradores para que estejam prontos para usar essas tecnologias no dia a dia — e isso passa por desenvolvimento de competências, comunicação clara e uma liderança inspiradora.”
Como capacitar as equipes e reduzir o medo da IA
Ainda existe resistência à IA, principalmente por medo de que a tecnologia substitua empregos. Para Tavane, a chave para transformar esse receio em engajamento é a comunicação transparente e o aprendizado contínuo.
“Quando a pessoa entende como a IA pode ser usada para facilitar o seu trabalho, seja em análises, textos, relatórios ou insights, ela passa a enxergar a tecnologia como aliada. O medo vai diminuindo à medida que o conhecimento aumenta”, explica.
Ela reforça o papel da liderança em tornar esse processo menos intimidador e mais colaborativo: “As lideranças precisam mostrar aos colaboradores que o investimento em tecnologia vem acompanhado de investimento em pessoas.”
Aprender e aplicar: o que realmente importa agora
Segundo Tavane, o futuro será dominado não apenas por quem entende de tecnologia, mas por quem sabe aprender rapidamente e aplicar o que aprendeu com impacto. “A capacidade de adaptação, curiosidade e aplicação prática será o grande diferencial dos profissionais daqui pra frente.”
Ela menciona a criação de uma jornada de maturidade em IA, que a Alura + FIAP desenvolveu para apoiar empresas: desde a criação de consciência sobre o que é IA, até o uso prático por área, aprofundamento técnico e integração à cultura e à governança.
IA não é infalível: o papel do senso crítico humano
Ao contrário do que muitos pensam, a IA não é uma “máquina de verdades absolutas”. Ela pode errar — e erra. Por isso, Tavane reforça a importância de manter o senso crítico humano no centro do processo. “É preciso avaliar as respostas, monitorar os impactos e estabelecer governança. A IA precisa de dados, mas também de diretrizes éticas e de responsabilidade.”
Como medir o desempenho da IA nas empresas
Sim, é possível mensurar o impacto da IA nos processos corporativos. Mas, segundo Tavane, tudo começa pela pergunta certa: o que exatamente queremos medir? “Quando colocamos IA em um processo, conseguimos mensurar ganhos de eficiência, tempo economizado, assertividade de respostas… Mas é preciso sempre entender o contexto e os objetivos daquela aplicação.”
Alura + FIAP: capacitação como ponte para o futuro
A Alura, plataforma de ensino online com mais de 1.400 cursos em oito escolas de conhecimento, foi além da tecnologia e criou soluções específicas para o ambiente corporativo. Em 2022, adquiriu a FIAP, ampliando ainda mais seu portfólio. Hoje, oferece desde cursos assíncronos com apoio de IA (como a assistente Luri) até imersões executivas para lideranças e trilhas personalizadas por área.
“Temos programas sob medida para RH, tecnologia, jurídico, marketing… Além de pós-graduações e MBAs com foco em IA. O importante é que a jornada seja contínua, acessível e conectada com os desafios de cada empresa”, ressalta Tavane.
E quem ainda resiste à tecnologia?
Para Tavane, a resposta é simples: “Aprender é um compromisso que temos com o presente e com o futuro. Estar aberto à tecnologia não é mais uma opção — é uma habilidade de sobrevivência. A IA já está no nosso cotidiano. Quando você usa o Waze, por exemplo, já está se beneficiando dela.”
IA como ponte entre tecnologia e humanidade
Integrar a IA aos processos corporativos não é sobre substituir pessoas — é sobre ampliá-las. E, para que isso aconteça, o RH precisa estar na linha de frente: conectando estratégias de negócio, capacitação de pessoas e cultura organizacional.
“O mais bonito da IA é quando ela combina com a inteligência humana. Quando a tecnologia amplia nossas capacidades, mas não apaga nossa essência. O RH é quem pode garantir que isso aconteça de forma ética, humana e transformadora”, finaliza Tavane.