Uma empresa que conquista o respeito da sociedade tem uma cultura forte, composta por elementos poderosos que se conectam às pessoas, direta ou indiretamente. Podemos dizer que são empresas bem-sucedidas, bem-administradas e que geram valor para o futuro
Cristiane Fiorezzi , Diretora de Recursos Humanos para a América Latina da Otis, empresa líder mundial em fabricação, instalação e serviços de elevadores e escadas rolantes
Todas as áreas dessas empresas de sucesso precisam respirar e transbordar os elementos da cultura em suas atitudes, nos processos, na forma como tomam decisões e fazem negócios. E para a área de Recursos Humanos, a responsabilidade é ainda maior, pois além de viver internamente a cultura, precisa atuar de forma transversal criando polícias e processos coerentes e que reforcem a cultura em todas as áreas da empresa, e até fora dela.
Quem de nós nunca sentiu vontade de fazer parte de uma determinada empresa, mesmo sem nunca ter participado de um processo seletivo, ou mesmo sem conhecer pessoas que lá trabalham? Este é o poder da marca empregadora. Quando falamos da nossa empresa para o mercado, dizemos muito sobre a cultura e as crenças da organização.
O RH deve liderar ou ao menos fazer parte da criação desta comunicação que ultrapassa os muros internos, se expande para encantar e atrair pessoas que se conectam emocionalmente a essa cultura e se convertem em promotores, e quem sabe até em colaboradores.
Ao comunicar claramente que tipo de cultura uma empresa possui, o RH está facilitando a seleção natural dos candidatos. A entrevista deve ser baseada nos elementos da cultura, e somente depois nas competências técnicas, conhecimentos, experiências.
A equipe de recrutamento deve conhecer, vivenciar e valorizar a cultura da empresa, para poder trazer pessoas que fazem sentido e que possam naturalmente expressar no dia a dia comportamentos que reforçam a cultura organizacional.
As práticas internas de reconhecimento, premiação e avaliação de performance devem também estar conectadas a estes elementos de cultura, de modo que nenhuma ponta fique solta.
Um dos processos mais bonitos liderados pelo RH é o planejamento sucessório e, consequentemente, o desenvolvimento de talentos para posições de liderança. E neste processo, o RH deve ter um altíssimo nível de empoderamento para mapear e apoiar colegas para funções de alta liderança que sejam reconhecidamente modelos e/ou referências de pessoas que praticam a cultura da companhia.
Os líderes de Recursos Humanos não podem ser omissos quando observam comportamentos que não têm ressonância com a cultura. Trazer feedback e corrigir rotas também faz parte do que se espera do RH e de toda a liderança na construção da cultura organizacional.
Diversos estudos e documentos, como o Liderança para a Década da Ação, publicado pelo Pacto Global da ONU e pela Russell Reynolds Associates, apontam como as lideranças são essenciais para o sucesso de ações ESG, ou seja, que são voltadas para a sustentabilidade do negócio. E o RH tem o papel essencial de estimular uma cultura forte e o engajamento das pessoas. Trabalhar para fortalecer a cultura é estratégico para sustentabilidade dos negócios no curto e longo prazo.
Se a empresa ainda é jovem ou está em expansão, os profissionais de RH estarão em “terra fértil para plantar”, ou seja, poderão apoiar a alta liderança no design dos elementos de cultura para que ancorem os comportamentos e valores que desejam visualizar em suas pessoas. Pensem como desejam que a empresa seja reconhecida pelos colaboradores, clientes e sociedade. Observem o negócio e como estes elementos de cultura projetam a empresa para o sucesso hoje e por muitos anos. Tenha líderes admirados que são modelos destes elementos culturais, e não se esqueça de revisitar seus processos, crenças e rituais para que tudo esteja em harmonia.
Penso que as relações de trabalho podem ser longas ou efêmeras, nunca se sabe, mas nós, profissionais de RH, teremos impactado de forma inestimável quando o trabalho das nossas mãos tiver permitido às pessoas alimentar-se da cultura e vivê-la plenamente como extensão de seus próprios valores e crenças.
Pois ao ter este nível de experiência, a contribuição de cada pessoa terá sido de excelência e, mesmo após desvincular-se do trabalho, a empresa continuará sendo admirada por ter sido um espaço onde foi permitido ser a melhor versão de si mesmo.