Na era da Inteligência Artificial, o CHRO assume um papel estratégico na transformação das empresas, promovendo inovação, capacitação e uso ético da tecnologia na gestão de pessoas.
Charles Schweitzer – CEO da Tanto.
Em uma era cada vez mais digital e com o avanço da Inteligência Artificial, como fica o papel do Diretor de Recursos Humanos (CHRO, do inglês Chief Human Resources Officer) nas empresas? Ao que se sabe, a IA vem para otimizar tarefas antes repetitivas e operacionais, aprimorar a análise de dados e permitir tomadas de decisão mais precisas.
Além disso, os softwares mais avançados já são capazes de fazer triagens inteligentes de currículos, antecipar padrões de rotatividade (turnover) e mapear competências internas com mais agilidade. Isso redefine por completo as responsabilidades estratégicas desse profissional, que agora assume uma posição de consultor de processos e planejamento na gestão.
O valor do CHRO passa pela capacidade de interpretar dados de forma crítica e construtiva na gestão de talentos. Ou seja, esse profissional deixa de ser um gestor burocrático de pessoas para assumir um papel central na inovação das organizações, questionando processos e garantindo a eficiência das equipes.
Com a tecnologia cada vez mais integrada aos processos de gestão, cabe ao CHRO garantir que a IA esteja sendo utilizada de maneira ética, inclusiva e alinhada aos valores da empresa, pois o uso inadequado pode gerar insegurança entre os colaboradores.
Outro ponto importante é o desenvolvimento de lideranças, uma vez que a IA impacta diretamente as habilidades exigidas desses profissionais — e é o CHRO quem atua na capacitação contínua. Os programas de reskilling (novos conhecimentos, ligados a novas funções) e upskilling (foco na especialização de conhecimentos já adquiridos) devem ser prioridade para garantir que os colaboradores acompanhem as mudanças do mercado e consigam trabalhar com as novas tecnologias.
Consequentemente, isso não apenas evita a obsolescência dos times, como também fomenta a cultura de aprendizado nas organizações. A meu ver, o futuro do profissional de CHRO não está ameaçado pela IA — muito pelo contrário. Ele terá que desenvolver novas competências, como a alfabetização em dados, pensamento estratégico e habilidades de adaptação ágil, assumindo uma posição muito mais estratégica na gestão de pessoas dentro das empresas.
Apesar de a tecnologia ser uma aliada poderosa no dia a dia, o fator humano continuará insubstituível na gestão de pessoas. O futuro desse profissional é o de um estrategista da transformação, que usa a IA para potencializar o talento humano — e não para substituí-lo. E você, está preparado para essa mudança?