RH como protagonista na saúde corporativa: estratégias baseadas em dados e ações focadas nos determinantes sociais de saúde promovem bem-estar, reduzem custos e aumentam o engajamento dos colaboradores.
Com um reajuste médio de 13,8% nos planos de saúde coletivos em 2024 e projeções ainda mais desafiadoras para 2025, a necessidade de repensar a abordagem de saúde corporativa nunca foi tão urgente. Neste cenário, o RH se destaca como peça-chave para implementar estratégias eficazes que impactem diretamente a qualidade de vida dos colaboradores e a sustentabilidade das empresas.
Saúde além do consultório
Enquanto a percepção tradicional delega exclusivamente aos profissionais de saúde o papel central no cuidado com a saúde, estudos revelam uma realidade diferente: 80% dos fatores que determinam a saúde de uma pessoa são não-clínicos. Esses fatores incluem hábitos de vida, ambiente de trabalho, condições socioeconômicas, infraestrutura e até mesmo questões genéticas.
O local de trabalho, onde grande parte das pessoas passa aproximadamente 40% do seu tempo acordado, torna-se, assim, um dos principais ambientes para influenciar positivamente esses determinantes de saúde. “O RH pode e deve atuar como um pilar estratégico para mudanças estruturais, conectando colaboradores a recursos de cuidado e promovendo políticas internas que impactem diretamente esses fatores”, destaca Arthur Geise, Diretor Médico da Pipo Saúde.
Evidências e investimentos desalinhados
Apesar da clara relevância dos determinantes sociais de saúde, os investimentos corporativos ainda estão descompassados. Grande parte dos recursos continua destinada ao acesso a serviços clínicos, enquanto aspectos como hábitos de vida e bem-estar ocupacional recebem pouca atenção. Essa lacuna precisa ser enfrentada com urgência.
Empresas que já investem em estratégias voltadas aos determinantes de saúde têm colhido resultados expressivos, incluindo:
- Redução no absenteísmo
- Diminuição do custo total de saúde
- Maior engajamento e retenção de talentos
Esses dados reforçam que a saúde vai muito além de consultas médicas, exigindo uma abordagem integrada e proativa.
O papel estratégico do RH na saúde corporativa
Como bem afirmou Simon Sinek: “100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios.”
O papel do RH como gestor de saúde populacional é essencial para o sucesso empresarial. Algumas iniciativas já se mostraram eficazes, como:
- Gestão de dados de saúde: Relatórios populacionais baseados em dados permitem identificar perfis de risco e diagnosticar a saúde da empresa de forma abrangente, incluindo aspectos clínicos e não-clínicos.
- Promoção de ambientes saudáveis: Programas de saúde específicos, políticas de pausas ativas, incentivo à atividade física e práticas de flexibilidade no trabalho são estratégias essenciais para combater o absenteísmo e o burnout.
- Equidade socioeconômica: Oferecer infraestrutura de qualidade, como alimentação adequada e saneamento, e promover boas práticas de liderança são ações que fortalecem a cultura organizacional e o bem-estar.
Resultados comprovados
Estudos comprovam os benefícios de investir nos determinantes de saúde. Um exemplo é a substituição do sedentarismo pela prática mínima de atividade física recomendada pela OMS, que gerou uma redução de até 450 dólares por ano por colaborador nos custos de saúde em uma empresa norte-americana. Na Holanda, a introdução de práticas de saúde no ambiente corporativo resultou em quedas significativas no absenteísmo e no risco cardiovascular, com um ROI positivo mesmo considerando apenas a economia gerada pela redução das faltas.
Transformação corporativa liderada pelo RH
Adotar políticas de saúde baseadas em dados é uma oportunidade estratégica para o RH guiar as empresas rumo a um futuro mais saudável e sustentável. Essa abordagem fortalece a cultura organizacional, promove o engajamento dos colaboradores e reduz custos operacionais, equilibrando cuidado e eficiência.
“O RH não pode delegar totalmente a responsabilidade pelo cuidado da saúde aos parceiros. Ele precisa ser o protagonista na transformação da gestão da saúde empresarial”, reforça Arthur Geise.
Cuidado integrado: uma necessidade estratégica
Não se trata mais de uma escolha ou diferencial competitivo, mas de uma necessidade para empresas que buscam excelência tanto na qualidade da saúde dos colaboradores quanto no equilíbrio financeiro. O RH, com sua capacidade de articular políticas internas e influenciar os determinantes de saúde, deve liderar essa transformação, promovendo uma cultura corporativa voltada ao autocuidado e à sustentabilidade.
Em tempos desafiadores, a saúde populacional representa mais do que uma solução prática: é um caminho estratégico para o sucesso corporativo no futuro.