A importância de reconhecer e valorizar a humanidade nas relações profissionais e como ela impulsiona o engajamento e a inovação nas organizações.
Colunista Mundo RH, Elisabeth Rodrigues, executiva de Recursos Humanos
Tenho pensado muito sobre as “Humanidades” que nos circundam todos os dias nas mais diferentes situações que vivemos e, certamente, também na vida corporativa. Em meio a tantas discussões sobre o Futuro do Trabalho e os avanços da Inteligência Artificial, o componente humano das relações ainda é a estrela principal desse palco. Temos acompanhado muitos esforços para trazer características humanas às máquinas.
Por outro lado, quantas vezes falamos ou escutamos “eu sou humano” com a sensação de que há algo errado nisso? Quantas vezes “sentir” parece não fazer parte do universo corporativo? Quem nunca deixou algum gatilho emocional roubar a cena (ou a amígdala) em uma situação importante? Pois é, isso também faz parte da nossa humanidade.
É desse mesmo lugar, de nossas humanidades, que vêm a criatividade, a paixão, a emoção, a conexão, o engajamento, a realização, entre outros. Desse mesmo lugar vem a nossa autenticidade e geração de valor.
Já paramos para pensar por que os “matches” acontecem nos processos seletivos, além das competências técnicas? Minha crença é nessa “humanidade” que atrai e diferencia. Nas agendas de desenvolvimento de talentos, já faz algum tempo que também temos falado em planos de desenvolvimento individual e gestão personalizada.
A liderança humanizada assumiu o palco dos movimentos de gestão nos últimos anos, dada a importância da organização centrada em pessoas. Quando falamos de liderança humanizada, falamos de escuta, de empatia, de acolhimento, de conexão. Falamos de reconhecer a necessidade do outro. Falamos de encarar nossas vulnerabilidades (e as do outro) como algo muito positivo. E, quando reconhecemos nossa vulnerabilidade, também reconhecemos nossa humanidade. É esse espaço de imperfeição que nos impulsiona a buscar ajuda, a aprender, a abrir espaço para o novo, a buscar colaboração.
Tenho vivenciado que, quando reconhecemos as “humanidades” de nossos colaboradores, despertamos e alavancamos o maior e melhor potencial dessas organizações. E, diante de um mundo complexo, que exige atitudes corajosas e ágeis, precisamos utilizar a real capacidade humana das nossas organizações.
Gary Hamel, reconhecido pensador de gestão de negócios, em seu recente livro Humanocracia, convida gestores a criar organizações tão incríveis quanto as pessoas que as formam. “Ser incrível” é ser humano.
Seguimos discutindo a crise do engajamento e criando mecanismos para reconstruir essa conexão e, muitas vezes, esquecemos o básico: pessoas se conectam com aquilo em que acreditam. Pessoas se conectam nas similaridades. Pessoas se conectam nas complementaridades. Pessoas se conectam nas suas humanidades. Precisamos, portanto, conhecer as pessoas.
Feedbacks ainda são difíceis; seguimos falando da oportunidade e da necessidade de criar uma cultura de feedback para alavancar a performance. Será que eles não são tão difíceis porque tentamos mecanizá-los? Eu acredito muito que, apesar da técnica, feedbacks também podem “ser humanos”, de pessoa para pessoa. Volto a afirmar que nas “humanidades” as pessoas se conectam.
Vou encerrando por aqui, lembrando que pessoas “humanas” são pessoas inteiras, e pessoas inteiras têm menos problemas de saúde mental ou emocional. Pessoas inteiras não precisam gastar energia usando máscaras. Pessoas inteiras têm maior potencial de criação de valor.
Deixo minha saudação a tudo o que é humano e, por tão único que é, busca descobrir e rapidamente se adaptar às múltiplas inteligências, inclusive à artificial! Desejo que “ser humano” ainda seja o nosso maior diferencial!