Acabamos de completar um ano desde que a pandemia do coronavírus foi decretada. De lá para cá muita coisa mudou. Apesar do baque inicial, muitos conseguiram se reinventar, mudar suas rotinas de trabalho, mas para algumas empresas infelizmente o único caminho foi o fechamento de postos de trabalho.
De acordo com a última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa média anual de desemprego no Brasil foi de 13,5% em 2020, o que significa cerca de 13 milhões de pessoas na fila do emprego.
Já em janeiro, tivemos um alento nesse cenário com a criação de 260 mil vagas formais, segundo informou o Ministério da Economia com base em dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o que pode representar uma pequena retomada da economia e, por consequência, melhorar as perspectivas para o emprego até o segundo semestre.
Em paralelo a essa boa notícia, estamos em uma nova fase da pandemia, bastante complicada, já que, ao mesmo tempo em que as pessoas precisam trabalhar para garantir sua subsistência, estão tendo de lidar com outras questões emocionais, como o medo da doença e as inseguranças sobre o futuro do trabalho.
Para lidar com todas essas incertezas, mais do que nunca as habilidades comportamentais ganham importância, não só na busca por recolocação, mas principalmente para saber como superar situações de crise como a que estamos atravessando.
Cada vez mais o mercado de trabalho valoriza as competências comportamentais na busca por novos talentos. Aspectos como inteligência emocional, busca por novos conhecimentos, flexibilidade e criatividade são diferenciais na hora de contratar um profissional. Além disso, essas habilidades têm sido fundamentais para que os profissionais se mantenham em suas atividades ou consigam lidar com situações de crise.
Essas habilidades também possuem o poder de influenciar o dia a dia do trabalho e acabam impactando não só nos resultados das empresas como também na forma como cada um vivencia certas situações. Por exemplo, o desenvolvimento da inteligência emocional faz com que a pessoa administre melhor o estresse, controle seus impulsos e perceba suas emoções e as dos outros, favorecendo o desempenho e a convivência em grupo e evitando que sentimentos fortes atrapalhem a capacidade de pensar ou decidir sobre determinado assunto.
Um outro aspecto fundamental é a busca por novos conhecimentos, pois indica o interesse em renovar o aprendizado em um ambiente cada vez mais online e de constantes investimentos em tecnologia. Quanto à flexibilidade e à criatividade, a pandemia impôs a reconfiguração e adoção de alternativas para adaptação ao novo cenário. As empresas valorizam pessoas que saibam lidar de forma positiva com as transformações e promovam contínuas inovações.
E se você chegou até aqui e está se perguntando como pode desenvolver essas habilidades para conseguir uma vaga de emprego ou para ser promovido na empresa, ou até para conseguir superar alguma dificuldade pessoal, vou tentar contribuir. Com base na minha experiência, entendo que o primeiro e mais importante passo é identificar quais são as habilidades técnicas e comportamentais que precisam de maior qualificação frente às demandas de mercado.
Todos sabem que é importante aliar as competências técnicas e as comportamentais para se tornar mais competitivo em um processo de seleção ou potencializar seu crescimento na carreira. O segundo passo é desenvolver a atitude prática e buscar conhecimentos que possam ser aplicados em seu benefício, como palestras, congressos, leituras e cursos online, entre outras atividades que possam agregar valor ao seu desenvolvimento.
E se você não tem a mínima ideia de como identificar essas habilidades, saiba que existem dois caminhos para isso: um é o da autoavaliação, que certamente vai demandar mais tempo e dedicação, e outro mais rápido, simples e eficiente, a partir do uso das análises preditivas – ferramentas tecnológicas que, dependendo de qual seja seu interesse, mostra com alto grau de acerto quais são suas habilidades, inclusive indicando como desenvolvê-las.
A partir dessa descoberta é possível que as chances de se recolocar ou conseguir uma promoção aumentem, já que hoje em dia as habilidades estão sendo supervalorizadas pelas empresas. Em resumo, os profissionais que são capazes de unir habilidades técnicas e comportamentais são os mais propensos a obter sucesso em suas carreiras e gerar resultados positivos para suas organizações.
Por isso, como ainda estamos no começo do ano, ainda dá tempo de incluir em suas metas o investimento na descoberta de suas habilidades comportamentais, para que possa desenvolvê-las o quanto antes. Elas contribuem não só na sua vida profissional como na pessoal também, ainda mais agora em que as pessoas estão trabalhando de casa e precisam conciliar esses dois aspectos, tarefa que se mostrou bastante complexa para todos.
Por Angelina Assis – Psicóloga e Gerente de Relacionamento com clientes do Grupo Soulan.