Neste Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, comemorado em 19/11, o Brasil se destaca como um dos países em que as mulheres já consolidaram sua presença no mercado de trabalho como donas de seus próprios negócios. De acordo com uma pesquisa do Sebrae e da consultoria Global Entrepreneurship Monitor, realizada em 2019, o país ocupa o sétimo lugar no mundo entre os que somam maior número de empresas fundadas por mulheres. O total de mulheres empreendedoras no Brasil já ultrapassa os 24 milhões, apenas 1 milhão a menos do que o número de empreendedores do sexo masculino. Segundo projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a participação feminina no mercado de trabalho será maior do que a dos homens até 2030.
“Ao redor do mundo, seja liderando grandes empresas ou como donas de seus próprios negócios, a presença mais efetiva das mulheres no universo corporativo é uma realidade e tem se mostrado crucial neste momento em que a economia global vive uma de suas piores crises, provocada pela pandemia do coronavírus”, ressalta Simone Gallo, consultora da Condurú, consultoria focada em Diversidade e Inclusão. “É claro que as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer na conquista da igualdade de oportunidades no universo corporativo, mas este avanço é real e deve ser comemorado”, afirma.
O universo feminino das startups – As mulheres vêm se destacando mesmo em áreas ainda reconhecidamente ‘machistas’, como a das startups, empresas baseadas na tecnologia e inovação. Segundo Flávia Mello, investidora-anjo e mentora de startups fundadas por mulheres, investir em negócios criados por empreendedoras gera retorno muito mais expressivo. Para reforçar esta tese, ela cita um estudo do Boston Consulting Group que revela que a média de retorno dos projetos alavancados por empreendedoras é três vezes maior do que os desenvolvidos por homens. “Mesmo assim, as empresas formadas por mulheres ainda recebem menos da metade em aporte financeiro do que as organizações formadas por homens”, destaca. “Uma forma de mudar esse quadro ainda desfavorável é trabalharmos para que mais empreendedoras encontrem outras mulheres querendo apoiar o ecossistema de empreendedorismo feminino”, diz Flávia.
Nicho das empresas de tecnologia e inovação focado no desenvolvimento de produtos e serviços focados no público feminino, as femtechs vem ganhando espaço no Brasil. Hoje já existem no país mais de 20 empresas incluídas nesta categoria, que oferecem de lubrificantes e óleos naturais para a região íntima a coletores menstruais recicláveis, além de soluções para fertilidade e acompanhamento do ciclo menstrual.
Uma delas é a Feel, femtech pioneira no Brasil no desenvolvimento de produtos naturais e veganos focados no segmento de bem-estar íntimo feminino. Fundada no final de 2020 pela especialista em Marketing Marina Ratton, a empresa cresceu mais de 70% em apenas um ano de atividade e viu seu volume de produção aumentar cinco vezes desde janeiro deste ano. Em 2021, a Feel passou por sua primeira rodada de investimentos, através da plataforma de equity crowdfunding Wishe, na qual obteve um índice histórico de 84% do financiamento liderado por investidoras mulheres, alcançando uma captação de 550 mil reais. “Estamos criando soluções e desmistificando os tabus e questionamentos que nós mesmas tivemos e queremos incentivar e empoderar outras mulheres a fazer o mesmo”, explica Marina Ratton, que teve a ideia de montar o negócio quando percebeu que algumas demandas do universo íntimo feminino eram negligenciadas pelo mercado.
Esta mesma percepção moveu a contadora cearense Andrezza Rodrigues a fundar a HerMoney. Primeira plataforma brasileira focada em gestão financeira para micro e pequenas empresas fundadas por mulheres, a femtech nasceu com a proposta de descomplicar a vida das empreendedoras, possibilitando que elas controlem o desempenho de seus negócios pelo celular. Fundada em 2020, nos últimos 11 meses a empresa aumentou sua base de clientes em 15 vezes, duplicou o tamanho do seu time e gerenciou mais de R﹩ 12 milhões dentro da plataforma, mostrando que, apesar de ser um negócio muito novo, tem um grande potencial. “A nossa entrada no mercado tem um significado maior do que simplesmente ser mais uma opção de sistema de gestão financeira para pequenas e médias empreendedoras”, afirma Andrezza, “A plataforma representa mais independência para mulheres que lideram seus negócios, suas casas e suas vidas, se desdobrando todos os dias para fazer dar certo”, ressalta
Feel
O poder feminino já é realidade no universo corporativo brasileiroUma das primeiras femtech nacionais, a Feel desenvolve fórmulas naturais para o bem-estar íntimo e sexual feminino. Acelerada por programas como Pulse da B2Mamy em parceria com Google for Startups e GB Ventures do Grupo Boticário, a Feel também é uma das primeiras em seu segmento a participar de rodadas de investimento pelo fundo Wishe Capital. A Feel acredita no autocuidado íntimo que respeita o corpo feminino e, por isso, desenvolvemos produtos naturais, veganos e saudáveis que atendem as preocupações e desejos de todas.
Marina Ratton
Mineira, filha de empreendedores e fundadora da Feel, uma das primeiras marcas nacionais a desenvolver produtos para o bem-estar íntimo e sexual feminino. Especialista em marketing, experiência do cliente e inovação, Marina percebeu que algumas demandas do universo íntimo feminino eram negligenciadas pelo mercado. Neste contexto fundou a Feel, uma femtech (startup desenvolvendo soluções para mulheres) que em menos de um ano de existência passou pelo programa de aceleração Pulse da B2Mamy, foi selecionada para a primeira turma de aceleração do Grupo Boticário e mais recentemente, levantou 550 mil reais pela plataforma de investimento Wishe Capital.
HerMoney
É uma startup feita por mulheres e para mulheres que constrói e controla a gestão financeira da empresa bastando apenas a câmera do celular, sem que as empreendedoras percam tempo com isso. A plataforma gera automaticamente informações relevantes que ficam disponíveis online e possui inteligência de dados que se comunica com as empreendedoras através de pushs de insights, metas e lembretes (contas a pagar, a receber e outros).
Andrezza Rodrigues
É fundadora e CEO da HerMoney, co-fundadora da StartHerUp, contadora com especialização em planejamento estratégico e MBA em controladoria. Atuou como gestora financeira por dez anos de grandes indústrias a startups.
Safe Space
A SafeSpace é uma plataforma que ajuda empresas a identificarem padrões de comportamento (assédio, discriminação, fraude, corrupção, etc) que podem trazer riscos e causar danos à reputação e à cultura. Criada em 2020, a empresa detém uma tecnologia inovadora no mercado de compliance.
Rafaela Frankenthal
Co-fundadora da Safe Space, graduada em comunicação e marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), mestre em gênero, sociedade e representação pela University College London (UCL).
Sororité
Fundado pelas investidoras anjo Erica Fridman e Flávia Mello, o Sororitê é um grupo de investidores-anjo que tem como objetivo fornecer espaço de troca e aprendizados, para que as decisões de investimento sejam feitas com maior segurança. O grupo tem o comprometimento de avaliar e investir apenas empresas em estágio inicial (pre-seed) fundadas por mulheres.
Flávia Mello
Com mais de 10 anos de experiência nas áreas de vendas e publicidade, trabalhou em empresas como Uber e Facebook, além de grandes agências de digital. É investidora e mentora de empresas fundadas por mulheres que estejam desenvolvendo soluções para o público feminino. Entre elas, SafeSpace, Oya, Todas, HerMoney e The Feminist Tea. Apresentou por um ano o podcast Familia Feminista, disponível nas principais plataformas de streaming. É formada em comunicação social com ênfase em publicidade pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e cursou Pós em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ).