Colunista – Flavia Caroni, VP LATAM de People na Kraft Heinz
Companhias têm o desafio de introduzir novas ferramentas no dia a dia da área, sem abrir mão de um atendimento humanizado
Como em todas as áreas de nossas vidas, a tecnologia avança para se tornar peça fundamental do dia a dia do profissional de recursos humanos. As principais tendências mostram que um RH com processos em formato analógico tem ficado para trás. Atividades como a contratação de funcionários ou pagamento de salários e benefícios, essenciais no cotidiano da área, quando realizadas de modo arcaico, não combinam com o novo modelo de gestão de pessoas, que exige que dados e ferramentas sejam empregados, gerando um trabalho mais analítico, ao mesmo tempo em que valoriza um atendimento humanizado.
De departamento que apenas apoiava a gestão de uma companhia, o RH evoluiu e passou a ter função estratégica, calçado no desenvolvimento da área e dos próprios profissionais. A pandemia elevou o nível de exigência e acelerou projetos de digitalização que estavam vigentes nas empresas, inicialmente planejados para serem cumpridos em um prazo bem menos urgente.
Com isso, a forma como essa digitalização foi empregada e sua eficácia real no cotidiano precisam ser avaliadas. A percepção geral dos profissionais de RH é de que a área tem evoluído, mas não é “tecnológica”. É o que aborda uma pesquisa divulgada em dezembro de 2020 pela Kenoby, software de recrutamento e seleção. O levantamento ouviu analistas, coordenadores, gestores, CEOs, sócios, entre outros profissionais com alguma ligação com o dia a dia do RH.
Dos respondentes, 20,7% afirmaram que seu departamento de RH “não é nada tecnológico ou automatizado” e 59,5% acreditam que seu RH é “mais ou menos tecnológico ou automatizado”. Os grupos que compõem uma fatia de profissionais mais pessimista com a transformação digital vigente em suas companhias representam 80,2%. Por fim, somente 19,7% disseram que o RH em que atuam é “totalmente tecnológico ou automatizado”.
A respeito do uso de softwares, um dado chama a atenção: 24,4% dos consultados declararam não utilizar software algum na rotina de trabalho, tanto para processos corriqueiros do dia a dia, quanto para atração, recrutamento e seleção de novos profissionais. Esses dados têm relação direta com o baixo investimento na área e a não priorização de um trabalho robusto de digitalização revelados pela mesma pesquisa.
Assim como a construção de uma empresa como marca empregadora ou a solidificação de uma cultura organizacional, o processo de digitalização do RH é uma pauta que demanda atenção e investimento visando a colheita de frutos lá na frente. Dentro da Kraft Heinz, temos tratado a transformação digital com o mesmo carinho com que tratamos as pessoas, nosso bem mais valioso. Temos evoluído para automatizar nossos processos de admissão, seleção e onboarding, fazendo uso da tecnologia como aliada, ocorrendo sem vieses e na maior parte das vezes de forma remota.
Estamos avançando no sentido de utilizar a inteligência artificial para que tenhamos análises preditivas, fornecendo insumos para tomadas de decisões e antecipando problemas de absenteísmo e turnover. Utilizamos plataformas para mapear a saúde emocional dos funcionários, entendendo suas demandas de forma personalizada e em tempo real. Com o avanço da tecnologia sobre determinados postos de trabalho, planejamos capacitar pessoas de forma personalizada para funções diferentes, para que contribuam de outra forma com a companhia ou o mercado.
Ferramentas digitais e a digitalização em si são formas que usamos para evoluir o trabalho de gestão de pessoas e garantir a melhor experiência de nossas pessoas. Esses avanços possibilitam que valorizemos nossas pessoas, ativo mais importante dentro da companhia, em linha com a nossa visão de gestão de pessoas: colocá-las em primeiro lugar, entender as individualidades de cada um e atuar com elas, construindo um ambiente de coletividade, impulsionado por um propósito nobre, o de fazer a vida dos brasileiros cada vez mais deliciosa.