O consultor de empresas Eduardo Ferraz lança a versão atualizada e estendida da obra “Por que a gente é do jeito que a gente é?” (Selo Planeta Estratégia, da Editora Planeta, 224 págs., R$ 49,90). O livro é o primeiro do Brasil na área da neurociência comportamental que traz estudos científicos e casos recentes envolvendo as mudanças geradas pela pandemia e os reflexos na vida e no mundo corporativo.
Segundo o autor, a maior prioridade de quem deseja evoluir profissionalmente é descobrir os próprios talentos e aperfeiçoá-los imediatamente. Para os gestores, a recomendação é usar no mínimo 30% de seu tempo para contratar, treinar e liderar pessoas.
“A pandemia acelerou mudanças em quase todos os segmentos. Diversas companhias vão contratar por projetos, não mais por CLT. Quem se adaptar às necessidades atuais, tiver desempenho excelente e trouxer resultados num curtíssimo prazo será muito requisitado”, explica Eduardo Ferraz.
Sem treino, não há resultados
Mas para se destacar na multidão, o consultor recomenda esforços na mesma proporção do que se pretende atingir. O livro relata que profissionais de alto nível nos esportes usam 98% do tempo treinando e estudando para serem ainda melhores. Apenas 2% do tempo é que eles aparecem em público.
“Muitas empresas e pessoas fazem o contrário: investem 2% do tempo em treinamentos e 98% na execução das tarefas. Com essa proporção, haverá dificuldades para alcançar resultados consistentes. Não há milagres”, ressalta Ferraz.
Autoconhecimento sem comparação
Com 35 anos de experiência prática e 40 mil horas de consultorias, treinamentos e palestras em companhias de todos os tamanhos, dentro e fora do Brasil, Eduardo Ferraz destaca que o bom desempenho na vida pessoal e na carreira inicia pelo autoconhecimento, sem comparativos alheios.
Para ele, quem não consegue identificar suas reais capacidades, limitações e possibilidades de mudança, normalmente terá dificuldades para manter um lar bem estruturado, lidar com a educação dos filhos e se relacionar tranquilamente, pois cada indivíduo da família tem personalidade e talentos diferentes.
Essa lacuna acaba refletindo no mundo corporativo, já que indivíduos infelizes ou insatisfeitos tendem a piorar seu desempenho profissional. Assim, a falta de autoconhecimento traz erros no recrutamento, planos de carreira ineficazes, promoções equivocadas, demissão injustas, conflitos na sucessão entre outros danos.
O grande desafio é analisar se você está melhor que há um ou dois anos, antes e depois da pandemia, por exemplo. “Buscar feedbacks realistas ajuda no desenvolvimento pessoal e profissional, já que a verdade normalmente não agrada, mas dificilmente ofende”, explica o autor.
Três modos de ver o mundo
O enredo do livro também exemplifica os três sistemas de linguagem neurológica [visual, auditivo, sinestésico] pelos quais ocorre o processamento cerebral. Eles foram configurados na infância, estruturados antes do fim da adolescência e mudam pouco ao longo da vida.
De acordo com Ferraz, na personalidade há uma mistura desses três modelos, que raramente são igualmente desenvolvidos. Em geral, um deles é predominante.
Pessoas com estilo visual são agitados, impacientes, têm iniciativa e fazem várias coisas ao mesmo tempo. Gostam de desafios e pressão por resultados em curto prazo. Em geral, eles têm sucesso profissional em áreas que priorizam a rapidez e a objetividade.
Quando o estilo predominante for o auditivo, essas pessoas gostam de seguir regras claras. Elas sentem-se mais confortáveis ao lidar com tarefas do que com pessoas. Em geral, têm sucesso em áreas que exigem organização e precisão.
Os indivíduos com estilo sinestésico predominante são extrovertidos, criativos, trabalham bem em equipe e se adaptam rapidamente. Em geral, têm sucesso em áreas que exigem alto grau de empatia – seja no papel de negociadores ou para lidar com o público.
“Se for lidar com auditivos, seja paciente. Ao lidar com visuais, decida mais rápido. Ao lidar com sinestésicos, seja informal. Ao dominar essa teoria, você poderá entender-se consigo e se relacionar melhor com os outros”, completa o consultor de empresas Eduardo Ferraz.