Ainda passaremos por um processo de maturação de jornadas de trabalho remoto e híbrido
Por Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br
As relações de trabalho estão se transformando, muitas vezes, em uma velocidade maior do que a nossa capacidade de adaptação é capaz de assimilar. As certezas de hoje são grandes pontos de interrogação em um futuro próximo e ainda não está claro para onde estes ventos irão nos levar. Por isso é melhor estar aberto às mudanças para não ficar para trás. Nunca antes os profissionais de recursos humanos foram tão exigidos, estão aprendendo na prática a lidar com os novos desafios que se apresentam. E em 2023 não será diferente.
Antes da pandemia, o trabalho presencial era a realidade da maioria e pouco se falava sobre home office. Com a disseminação da Covid-19, muitas empresas e colaboradores tiveram que se adaptar do dia para a noite a um modelo 100% remoto. Aos poucos, o retorno presencial, com segurança, foi se tornando uma possibilidade e os profissionais começaram a voltar para os escritórios.
Por muito tempo, assistimos as empresas focarem em modelos de trabalho orientados para a competição, que colocam o fator humano em segundo plano em prol da produtividade e dos ganhos. O erro foi não perceber que valorizar as relações humanas como base para um negócio sustentável sempre foi o verdadeiro alicerce para a geração de resultados das organizações. Por isso, a proposta de valor, modelo de trabalho e cultura têm conquistado espaço nos processos de recrutamento e seleção.
Atualmente, as pessoas colocam na balança outras variáveis, diferente das que estávamos acostumados a ver como um pilar para tomar uma decisão sobre mudar de emprego. Salário, distância de casa para o trabalho e ambiente corporativo perderam espaço para temas como mais qualidade de vida, bem-estar e equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.
Além desses critérios determinarem a busca por emprego, eles também podem impactar na retenção de talentos. Movimentos como Great Resignation (grande número de demissões) e Quiet Quitting (mínimo esforço) demonstram essa mudança de mentalidade por parte dos profissionais. As duas tendências estão interligadas e mostram que as pessoas não aceitam mais estarem insatisfeitas em seus empregos.
Juntamente com a busca por mais equilíbrio, vem o desejo por modelos de trabalhos mais flexíveis. Para algumas posições essa possibilidade pode ter um peso até maior do que a própria remuneração, além de demonstrar um relacionamento mais empático na relação entre a empresa e o funcionário.
Ainda passaremos por um processo de maturação de jornadas de trabalho remoto e híbrido. Por isso, diante deste contexto, um dos principais desafios do RH é conseguir manter os colaboradores produtivos, engajados e em sintonia com os valores organizacionais, mesmo que à distância.
Uma empresa que valoriza seus colaboradores apresenta melhores resultados e ganho de performance. No entanto, é fundamental o papel da liderança como motivador dessa mudança de visão em relação ao trabalho.
Diante de todos os processos que temos acompanhado nos últimos anos, fica evidente que para 2023 as organizações necessitam de uma transformação cultural que se adapte à nova mentalidade de trabalho. Afinal de contas, todos ganham quando os profissionais trabalham mais satisfeitos e motivados, as equipes são mais saudáveis, os líderes mais completos e as organizações conquistam os melhores resultados.