Ingressar no mundo do trabalho é desafiador, mas alguns detalhes podem contar pontos para quem ainda não tem experiência no currículo
Colunista Mundo RH – Kelly Coelho é head de RH, Comunicação, Segurança do Trabalho e Facilities da SuperVia
A expectativa diante da contratação de alguém é uma via de mão dupla. Empregador e colaborador ‘mostram suas cartas’: salário e benefícios de um lado; formação, habilidades e experiência de outro. Mas no caso do primeiro emprego, a avaliação é um pouco diferente pelo motivo óbvio: a falta de experiência e referências. E para quem está começando a trilhar o mundo do trabalho, não faltam dúvidas de como se destacar entre tantos outros jovens.
Então, vamos falar do que as empresas esperam desses candidatos. Uma boa notícia é que as companhias não têm preconceito com quem procura por sua primeira oportunidade. Pelo contrário: muitos lugares gostam de receber pessoas sem experiência para ‘moldá-las’ de acordo com o perfil da vaga. Com o tempo, esses profissionais podem ser bem valorizados pelos empregadores, pois vão crescendo no trabalho ao mesmo tempo em que adquirem uma memória sólida sobre o local: valores, interesses, processos…
O candidato deve se lembrar de que o período de estágio pode, sim, ser importante na hora da avaliação. Por isso, deve ser detalhado no currículo. Outro ponto interessante é a capacidade de comunicação do candidato. Na hora de um processo seletivo, se a pessoa não tem experiências anteriores para contar, ele será perguntado por outras questões, como seu ponto de vista sobre atualidades, por exemplo. Alguns recrutadores gostam de saber se os candidatos têm interesses culturais, que livros e músicas eles consomem.
E em uma troca de impressões sobre um filme de aventura que tem elementos básicos como um aprendiz a herói, grandes batalhas e uma equipe se juntando contra um grande vilão, os recrutadores podem levar a conversa para questões em que conseguem avaliar diversas características. Por exemplo, se aquela pessoa tem disposição em aprender, se ela tem inteligência emocional para lidar com certas situações, se lida bem trabalhando em grupo e até como se comporta com relação à cadeia de comando.
Nessa hora, o entrevistado deve mostrar sua sagacidade, comentando detalhes do filme que possam fazer um paralelo com o perfil da empresa. Sim, porque, para qualquer entrevista de emprego, seja o primeiro ou não, é imprescindível que o candidato pesquise mais sobre a companhia em questão.
Passando para a fase das dinâmicas em grupo, novamente o candidato demonstrará sua capacidade de trabalhar em equipe, se tem inciativa, espírito de liderança, confiança e se sabe respeitar opiniões diferentes das suas – sem deixar de se posicionar.
Elaborando o currículo
Milhares de currículos chegam com frequência ao RH. Por isso, ele deve ser objetivo: mesmo sob uma leitura rápida, o currículo deve deixar claro o que a pessoa procura. E seja qual for a área de atuação, deve-se ter um cuidado redobrado para não passar erros de português ou de digitação. Vale, inclusive, pedir para alguém revisar o currículo antes de enviá-lo.
No lugar das experiências que o candidato ainda não tem, ele deve destacar suas atuações acadêmicas, atividades extracurriculares e até trabalhos voluntários. Ao citar cada um deles, deve explicar o que essas vivências trouxeram de aprendizado ou como se encaixaram em habilidades já desenvolvidas pela pessoa.
Descobertas
Para estudantes do Ensino Médio, o ideal é procurar oportunidades como Jovem Aprendiz. Já para quem acabou de se formar, uma opção atraente são os programas para trainees. Nos dois casos, o jovem terá a oportunidade de conhecer diversos setores da empresa. Isso amplia seu horizonte sobre as possibilidades profissionais e pode ser o primeiro passo para uma grande carreira que, até então, não tinha sido ainda cogitada.