O Brasil vive o pior momento da pandemia, *registrando 12 milhões de casos confirmados de pessoas com Covid-19 e mais 300 mil óbitos se apresentam como sinal de que o país enfrenta uma de suas piores crises. E após um ano nesse cenário, os efeitos são devastadores para a economia, para as empresas e para as pessoas.
E um dos pontos que chamam a atenção refere-se à saúde mental. **Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) com 130 países revela o impacto devastador da Covid-19 no acesso aos serviços de saúde mental e neurológicos.
Mais de 60% da amostragem relatou interrupção nos serviços de saúde mental para pessoas vulneráveis; 67% interromperam psicoterapia; 65% cessaram serviços de redução de danos, 30% relataram interrupções no acesso a medicamentos para transtornos mentais, neurológicos, entre outros dados.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) aponta que a taxa média anual de desemprego no Brasil foi de 13,5% em 2020, a maior já registrada desde o início da série histórica em 2012.***
Nesse sentido, os apontamentos da Organização Mundial de Saúde nos colocam em alerta, pois justamente neste momento por conta do luto, do isolamento, do desemprego e do medo, a saúde mental deveria ser priorizada.
E a grande questão é: como as áreas de Recursos Humanos vão continuar a estimular o desenvolvimento dos funcionários, mas sobretudo, criar ambientes acolhedores e sensíveis ao que enfrentamos? Diante desse desafio, é inevitável comparar os RHs à mitológica ave fênix, que de acordo com o mito egípcio, quando sentia que ia morrer, preparava um ninho com incenso e outras ervas aromáticas para ser incinerada pelo sol e de suas cinzas, uma nova ave surgia, mais forte.
Como a fênix, as áreas de recursos humanos, exaustas por conta das múltiplas ações implementadas desde o início da pandemia e lutando contra o relógio, precisarão ressurgir, repensando as estratégias de gestão de pessoas. Esse último ano foi de muito aprendizado, um percurso que permite ao RH ter a consciência mais apurada de que é preciso investir em bem-estar e felicidade no trabalho.
Para tal, as lideranças têm sido treinadas com o objetivo de agir com respeito à individualidade de cada funcionário, de engajar a força de trabalho, de oferecer flexibilidade, formas/alternativas de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre outras iniciativas.
Nesse contexto, o gestor tem que ser uma âncora para as pessoas, mesmo que em muitos momentos ele também esteja flutuando e carecendo de apoio e acolhimento. Seu papel é conduzir ações e ter condutas que gerem no ambiente um ciclo mais positivo e faça diferença para os colaboradores em relação à saúde mental e na realização de suas atividades. Esse é um dos aspectos fundamentais e imediatos que a área de RH deve agir, fornecendo ferramentas e condições para que isso aconteça.
Outro desafio é reforçar a resiliência organizacional para as empresas estarem mais preparadas e capazes de se recuperar e prosperar a despeito das adversidades. Questões de ordem mais prática também são postas à mesa: adaptações por conta das contratações online, do trabalho remoto e, da consequente, ressignificação do papel do escritório, da diversidade no sentido de aprimorar as ações de inclusão, entre outros aspectos.
Por Maurício Pedro, gerente do atendimento corporativo do Senac São Paulo
Fontes: