Dados mostram como essa prática impulsiona engajamento e retenção entre Millennials e Geração Z.
Por Ana Eliza Silva, Coordenadora de Recursos Humanos da Companhia de Estágios
De acordo com a pesquisa Perfil dos Estagiários e Candidatos a Estágio no Brasil 2024, conduzida pela Companhia de Estágios, jovens profissionais priorizam flexibilidade e desenvolvimento profissional ao escolher uma vaga. No entanto, cursos e treinamentos aparecem apenas na oitava posição entre os benefícios mais oferecidos pelas empresas, revelando um desalinhamento entre a oferta das organizações e as expectativas dos jovens talentos no mercado de trabalho.
Em um cenário em que Millennials e a Geração Z já compõem a maior parte da força de trabalho, investir em mentoria deixou de ser um diferencial para se tornar uma estratégia essencial de engajamento e retenção desses profissionais. Dados do LinkedIn indicam que 94% dos funcionários permaneceriam mais tempo em uma empresa que oferecesse oportunidades de aprendizado e crescimento. Entre os recrutadores, é consenso que profissionais que contam com mentores têm menores chances de deixar seus empregos.
O fato é que a mentoria e a cultura de desenvolvimento representam um divisor de águas na trajetória dos jovens talentos. Nesse sentido, vale destacar a teoria do aprendizado social de Albert Bandura (1977), renomado psicólogo canadense-americano, que explica que a aprendizagem ocorre não apenas por experiência direta, mas também pela observação de modelos bem-sucedidos.
Segundo essa abordagem, ao observar comportamentos e atitudes de pessoas que alcançam o sucesso, os indivíduos adquirem novas habilidades e fortalecem a confiança em sua capacidade de atingir resultados. Ter um mentor experiente contribui para a tomada de decisões, o desenvolvimento de competências e o fortalecimento da autoconfiança para enfrentar desafios na carreira.
Outro ponto relevante é o impacto que os processos de aprendizado e desenvolvimento geram na sensação de bem-estar dos colaboradores. Um levantamento apontou que 90% dos profissionais nos EUA que possuem um mentor afirmam estar satisfeitos com seu trabalho (CNBC/SurveyMonkey). Além disso, funcionários envolvidos em programas de mentoria apresentam uma taxa de retenção 50% maior em comparação aos que não participam dessas iniciativas (MentorcliQ).
Essa conexão entre desenvolvimento profissional e satisfação no trabalho também está ligada a um fator essencial para as novas gerações: o propósito — seja a missão da empresa ou sua própria jornada de carreira. De acordo com Simon Sinek, especialista em liderança e motivação, e criador do conceito Golden Circle, profissionais que compreendem o “porquê” de suas escolhas demonstram maior motivação e engajamento no trabalho. A mentoria auxilia os jovens a identificar valores, interesses e objetivos, permitindo que tomem decisões mais estratégicas e alinhadas à sua visão de longo prazo.
O impacto da mentoria, no entanto, não beneficia apenas os mentorados — ele também fortalece as organizações. Empresas que estruturam programas de mentoria demonstram maior resiliência e crescimento sustentável. Um levantamento da Fortune 500 revelou que empresas que investem nessa prática registram lucros médios mais de duas vezes superiores em comparação às que não adotam a iniciativa. Além disso, como mencionado anteriormente, a retenção de talentos aumenta significativamente, reduzindo custos com recrutamento e treinamento de novos colaboradores.
A Geração Z e os Millennials não buscam apenas um emprego, mas um ambiente onde possam crescer, colaborar, aprender e se desenvolver. Empresas que compreendem essa demanda e investem em programas de mentoria se destacam na atração e retenção de talentos, garantindo equipes mais engajadas, produtivas e satisfeitas.
A mentoria, portanto, não é apenas uma tendência, mas um recurso essencial, que deve ser constantemente aprimorado e atualizado para formar profissionais e líderes de destaque no futuro.