O coronavírus está desencadeando uma crise financeira às empresas, comunidades, organizações, setores e nações. Não é diferente com as organizações do terceiro setor que começam a perder financiamento quando elas são mais necessárias.
No Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), há 781.921 OSCs (Organizações da Sociedade Civil), a maior parte (323.522), no Sudeste. Essas organizações estão incrustadas no meio das comunidades, onde estão os mais vulneráveis, aqueles aparentemente esquecidos pela sociedade e que são os que mais sofrem com a pandemia.
Por estarem no meio de comunidades carentes, com um serviço de apoio a essas pessoas cotidianamente, com cadastramento de famílias, que já apoiavam muito antes da Covid-19, elas são um braço operacional e logístico importante para aliviar o sofrimento das famílias e fazer chegar o alimento diário necessário.
Temos visto na imprensa várias ações desempenhadas por essas ONGs, todas elas merecedoras de destaque, mas algumas foram verdadeiros “gols de placa”. A exemplo da ONG Gerando Falcões, liderada por seu CEO Edu Lyra, que conseguiu arrecadar R$ 8 milhões em alguns dias, e numa parceria muito bem-sucedida com empresas de Vale alimentação, conseguiu distribuir cestas virtuais no valor de R$ 100,00 para as famílias carentes que atende.
O objetivo é atender 130 mil pessoas. Outro exemplo, a CUFA (Central Única das Favelas) que reúne 500 favelas brasileiras, lançou a campanha ‘Mães da Favela” com um vale mãe de R$ 120,00 para complementar a renda de mulheres com filhos que vivem nas comunidades durante a Pandemia. “Até o momento, 30 mil mães beneficiadas”, segundo os organizadores.
Existem muitas outras ações em curso executadas por ONGs, (uma inclusive na que dirijo, www.viadeacesso.org) que estão estruturadas, preparadas operacionalmente e ansiosas pelos recursos para atender a diversos outros, grupos, como refugiados, lares de idosos, população de rua, creches e outros.
ONGs que trabalham para inserção no mercado de trabalho
O Brasil deve encerrar este ano com uma taxa média de desemprego de 17,8%, de acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) divulgada no último mês de abril. No ano passado, a taxa média de desemprego foi de 11,9%. Ainda, para os jovens, o desafio é muito maior devido à falta de experiência e pouca noção do mercado de trabalho.
As barreiras são gigantes no Brasil, onde a taxa de desocupação entre jovens de 18 a 24 anos chega a 31,9%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua (PNAD) feita no terceiro trimestre de 2019.
Nesse sentido, ressalto a importância do trabalho das instituições que facilitam a inserção de jovens no mercado de trabalho. O Instituto Via de Acesso, como exemplo, já impactou em seus 17 anos de atuação, mais de 500 mil jovens por meio de programas como Jovem Aprendiz, programas de estágios, projetos sociais, seminários e treinamentos.
O Instituto capacita, prepara e os encaminha para empresas parceiras com apoio de uma equipe de educadores especialistas que contribuem para o desenvolvimento de habilidades dos jovens. As ações do Via de Acesso são gratuitas, para ter acesso aos programas basta ter entre 14 e 24 anos e estar matriculado em uma instituição de ensino.
Além do Via de Acesso, existem outras instituições que fazem um trabalho sério e confiável e estão buscando maneiras de se manter durante este período e assim, continuar atendendo seu publico com a mesma seriedade, ética, empenho e responsabilidade.
Crise financeira e doação
Segundo reportagem da revista Época Globo, de 16/04/2020: “Dois terços das organizações não governamentais (ONGs) brasileiras sofreram uma queda de mais de 50% em suas arrecadações desde o início da pandemia do Coronavírus.
O levantamento, intitulado “impacto do Coronavírus no terceiro setor” e feito pela organização Agência do Bem, ouviu 231 diretores de ONGs entre os dias 3 e 7 de abril.”
Ainda, segundo os dados, 83% dos diretores disseram prever riscos concretos de fecharem as portas no curto prazo ou terem de reduzir substancialmente suas atividades caso a situação não mude.
Assim, mesmo sendo o braço da sociedade que está alcançando as pessoas mais vulneráveis social e economicamente, as ONGs correm o risco de desaparecer face à crise econômica e o corte de futuros orçamentos e doações. Por isso é importante que as pessoas com capacidade de ajudar nesse momento crítico, procurem uma ONG de confiança e escolham a causa que pretendem defender. Fica aqui o apelo!
Por Valdir Scalabrin, Superintendente Geral do Instituto Via de Acesso