Benefícios flexíveis impulsionam engajamento, retenção de talentos e bem-estar no ambiente corporativo.
Por Francisco Carlos, especial para o Mundo RH
Nos últimos anos, as empresas brasileiras e internacionais têm observado uma mudança significativa na forma de oferecer vantagens aos seus funcionários. Em vez de pacotes padronizados, cresce a adoção de benefícios flexíveis, que permitem às pessoas escolher quais itens melhor se encaixam em suas necessidades. De acordo com pesquisas recentes publicadas em veículos nacionais e internacionais, esses novos formatos podem impactar positivamente a satisfação, a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores.
O que são benefícios flexíveis?
Os benefícios flexíveis vão além dos tradicionais planos de saúde e vales, oferecendo a possibilidade de customizar o pacote conforme a preferência individual. Entre as opções estão:
- Vale-refeição e vale-alimentação adaptáveis: com valores que podem ser distribuídos entre ambas as categorias conforme a necessidade do profissional.
- Planos de saúde modulares: com diferentes níveis de cobertura, incluindo odontologia, bem-estar mental e telemedicina.
- Crédito em plataforma de benefícios: o colaborador pode escolher entre vários serviços, como academias, cursos de idiomas, mobilidade, entre outros.
- Horário flexível e trabalho remoto: também considerados parte de um conjunto de “benefícios intangíveis”, que proporcionam mais autonomia na rotina diária.
Impactos na satisfação e retenção de talentos
Uma pesquisa da Willis Towers Watson publicada no início de 2022 apontou que 75% dos colaboradores no Brasil se sentem mais engajados quando podem escolher benefícios adaptados às suas realidades pessoais. Esse engajamento reflete-se na retenção de talentos: trabalhadores satisfeitos com o pacote de vantagens tendem a permanecer mais tempo na empresa, reduzindo custos de rotatividade.
Já um estudo internacional do Society for Human Resource Management (SHRM), divulgado em grandes veículos como Forbes e Business Insider, indicou que oportunidades de customização de benefícios — sejam eles financeiros, de bem-estar físico ou psicológico — estão diretamente relacionadas à produtividade. Segundo o levantamento, houve um aumento de até 20% no desempenho de equipes que tinham acesso a um menu variado de benefícios, em comparação a outras que recebiam pacotes rígidos.
Bem-estar e saúde mental em foco
Para além do aspecto financeiro, os benefícios flexíveis têm impacto direto na saúde mental. Em especial, durante e após o período da pandemia, muitas empresas passaram a disponibilizar serviços de terapia online, assessoria psicológica e até plataformas de meditação.
Uma reportagem do jornal Valor Econômico citou a adoção de suporte psicológico por meio de aplicativos em empresas de tecnologia como uma tendência em alta no Brasil. De acordo com o veículo, 4 em cada 10 empresas no setor passaram a oferecer algum tipo de assistência virtual de saúde mental. Isso reforçou o bem-estar dos colaboradores e, consequentemente, diminuiu licenças médicas relacionadas a estresse e burnout.
A importância da flexibilidade também nos horários
Outra vertente importante dos benefícios flexíveis é a flexibilização de jornada. Uma análise do Great Place to Work em 2023, divulgada pelo portal G1, revelou que 74% dos brasileiros preferem empresas que oferecem horários maleáveis ou a possibilidade de trabalho remoto pelo menos alguns dias na semana. Esse fator contribui tanto para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional quanto para a redução de custos com deslocamentos, favorecendo a qualidade de vida do trabalhador.
Além disso, uma pesquisa global da Deloitte mostrou que, para a nova geração de profissionais — especialmente a Geração Z —, a autonomia sobre a própria rotina é um critério decisivo na escolha de onde irão trabalhar. Com isso, as companhias que não oferecem nenhuma forma de flexibilidade tendem a perder competitividade na atração de talentos.
Benefícios como estratégia de employer branding
A adoção de benefícios flexíveis vem se tornando também uma ferramenta poderosa de employer branding, ou seja, a forma como a empresa se posiciona no mercado de trabalho. Ao oferecer planos personalizados, as organizações enviam uma mensagem de que valorizam a individualidade de cada colaborador.
Segundo um relatório publicado pela Mercer Marsh Benefícios em 2021, a reputação de uma empresa e a satisfação dos funcionários andam lado a lado. Empregadores que investem em políticas de flexibilidade e qualidade de vida recebem avaliações mais positivas em plataformas de recrutamento, o que atrai ainda mais candidatos qualificados.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar de todos os ganhos, implementar e gerenciar um sistema de benefícios flexíveis requer planejamento financeiro, adequação a legislações trabalhistas e tecnologia para lidar com plataformas de escolha. Algumas empresas enfrentam o desafio de mensurar o retorno sobre o investimento (ROI) em curto prazo, já que esses resultados aparecem de forma gradual.
No entanto, as perspectivas para o futuro são promissoras. De acordo com uma projeção da consultoria Ernst & Young (EY), o crescimento dos chamados “benefícios sob demanda” deve se acelerar nos próximos anos, impulsionado pela digitalização dos processos de RH e pela maior conscientização das empresas sobre a importância de cuidar do bem-estar dos colaboradores.
Os benefícios flexíveis surgem como um divisor de águas no mundo corporativo. Ao permitir que cada indivíduo selecione o que faz mais sentido para sua rotina, as empresas não apenas aumentam a satisfação e a produtividade de suas equipes, mas também se posicionam de forma mais atrativa diante de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Pesquisas nacionais e internacionais são unânimes em mostrar que o investimento nessa modalidade de vantagens traz benefícios de longo prazo, tanto para empregadores quanto para empregados — um cenário em que todos saem ganhando.