Home office, automatização de processos, reuniões virtuais, equilíbrio entre vida profissional e pessoal já eram temas recorrentes para a área de gestão de pessoas. Com a epidemia do novo coronavírus eles ganharam uma nova proporção e mostraram o quão importante é a área de Recursos Humanos para a chamada empresa inteligente. Mais do que ser capaz de se adaptar ao trabalho remoto, o desafio trazido pela Covid-19 mostra que ter equipes engajadas e produtivas é o caminho mais curto para que as empresas sejam capazes de reagir diante de situações adversas.
Um ponto importante para uma tomada de decisão mais assertiva neste momento é a diversidade no comitê de crise, que deve ser composto por representantes de diversas áreas da empresa para que seja garantida uma visão holística, capaz de avaliar todos os aspectos da mudança do escritório para o home office e considerando que nossos profissionais estão em diferentes fases da vida, principalmente em uma empresa em que trabalham cinco gerações. A demanda de um colaborador com criança pequena em casa não é a mesma do profissional solteiro ou que já tenha filhos adultos.
Outro aspecto chave é ouvir os colaboradores. Na SAP usamos a ferramenta Remote Work Pulse, da SAP Qualtrics, que nos traz uma visão do estado emocional dos funcionários, fazendo uma analogia com as condições do tempo e dados anonimizados que permitem que o colaborador declare o seu estado emocional como ensolarado, parcialmente nublado, nublado… E também que deixe comentários sobre o seu momento de vida atual. Por meio dessas pesquisas conseguimos identificar diversos pontos que podem ser usados para fazer algum ajuste em nossas políticas ou mesmo para criar coisas novas.
Esse foi o caso da ginástica laboral com turmas online – que adotamos a partir do momento em que muitos colaboradores relataram maior tensão com o trabalho de casa e que, desde o início das primeiras aulas, vem mantendo uma assiduidade média de 70 pessoas por sessão.
A importância da saúde mental na área de gestão de pessoas
Desde meados do ano passado, iniciamos uma forte campanha para falar abertamente sobre saúde mental com os funcionários. Batizada de ‘Mental Health Matters’, esta iniciativa liderada pelos times de RH, Comunicação, Diversidade & Inclusão e Marketing, conta com diversas frentes de ações e resultados e relatos muito positivos. O objetivo foi de criar um ambiente seguro e livre de preconceitos para se falar abertamente de doenças mentais, prevenção e bem-estar na área de saúde psicológica. A iniciativa promove a sensibilização para o tema, desmistificando o assunto como tabu, além de contar com a participação ativa da liderança para promover uma verdadeira mudança cultural.
O momento atual é de incertezas e, mesmo que os colaboradores tenham ciência da necessidade do isolamento – tão necessário para achatamento da curva de atendimento nos serviços de saúde e principalmente de internações – todas as pessoas são impactadas por uma avalanche de informações sobre os impactos na sociedade e na economia. É normal que se sintam ansiosas e preocupadas com o futuro.
Quando abrimos o comitê de crise para que os funcionários enviem dúvidas, é comum recebermos questionamento que nem sequer os governos e secretarias de Saúde estão preparados para responder, o que mostra como as empresas representam um ponto de confiança e de apoio para as pessoas em situações como a que estamos enfrentando. Apesar de não termos todas as respostas, acreditamos que é um ponto positivo que os colaboradores compartilhem seus anseios e sintam que não estão sozinhos. Estamos juntos como equipe e como parte da sociedade neste enfrentamento. Também por isso aderimos rapidamente como empresa signatária do movimento Não Demita.
É muito importante que empresas e funcionários mantenham um canal de diálogo para tratar questões sobre saúde mental, produtividade e necessidade de adequar horários, uma vez que nem todos podem simplesmente transferir a rotina do escritório para casa, ainda mais em um momento em que crianças também estão em casa por conta da epidemia. Os ajustes são necessários e não há uma regra que se aplique para todos, valendo cada vez mais o bom senso somado a uma visão de empatia por parte da área de Recursos Humanos e do time de liderança da empresa.
Por Fernanda Saraiva – diretora de RH da SAP Brasil